Silêncio do Palmeiras sobre mercado gera instabilidade e repercute no mundo
O Palmeiras prefere não se comunicar diretamente com o seu torcedor sobre os motivos que levam o clube a não contratar. Nos últimos dias, a crítica sobre a morosidade do time no mercado só aumenta por causa da ação dos seus rivais diretos, o que gera uma instabilidade desnecessária e causa repercussão em vários lugares do mundo.
O São Paulo fechou com James Rodríguez mesmo com a notícia recente (e recorrente) de atrasos de direito de imagem. O Corinthians contratou Lucas Veríssimo e já estreou Rojas, mesmo com transfer ban aplicado pela Fifa há semanas. O Santos sofre para manter suas contas em dia e trouxe Jean Lucas. Afinal, só o Palmeiras não tem dinheiro ou só o Palmeiras age de acordo com sua capacidade financeira?
Pelo o que vemos nos balanços divulgados recentemente e pelas notícias sobre a saúde do caixa de cada time, o Alviverde tem sido extremamente responsável, enquanto seus rivais preferem apostar em resultado para pagar os investimentos, o que já se mostrou extremamente arriscado e irresponsável. Basta ver que o Atlético-MG virou SAF com uma dívida que ultrapassa o R$ 1 bilhão. Vasco, Cruzeiro e Botafogo precisaram ser vendidos para tentarem uma recuperação. Corinthians e São Paulo viram notícias por atrasos.
Ou seja, se explicasse direitinho a situação em uma coletiva de imprensa, por exemplo, o Palmeiras poderia exaltar a sua responsabilidade, que, aliás, é plataforma do sucesso que começou com a reformulação feita por Paulo Nobre em 2013. Leila Pereira poderia expor que está honrando com as dívidas e que apostou em renovar os contratos com seus principais jogadores o que fez o time ter a segunda folha salarial mais cara do país apesar do elenco reduzido. Ou seja, não consegue gastar com contratação, mas conseguiu um feito que até há pouco era raro no Brasil: segurar suas estrelas.
Responsabilidade à parte, o Palmeiras precisa ser questionado sobre como está aproveitando a sua fase mais vitoriosa nos campos para transformar isso em receita e consolidar a sua vantagem em cima dos rivais diretos. O marketing está trabalhando o suficiente para explorar esse momento? O sócio-torcedor tem benefícios o suficiente ou é só uma porta de entrada para ter ingressos? O licenciamento faz um bom trabalho ou lançar camisa social a quase R$ 400 é uma atitude insuficiente? O valor da camisa de patrocínio da Crefisa é o suficiente para o tanto de exposição? Ainda vale a pena a exclusividade? Há esse estudo no clube ou é mais conveniente que não exista esse questionamento?
No departamento de futebol, por que o clube apostou mais de R$ 100 milhões em Flaco López, Atuesta e Bruno Tabata? Foi um erro do departamento de futebol? Da análise? De indicação da comissão técnica? Por que Abel Ferreira não conseguiu fazer Matheus Fernandes jogar como ele atua no Red Bull Bragantino hoje em dia? Por que Fabinho não é utilizado e Pedro Lima vai ser emprestado? Erros acontecem no futebol. É impossível contratar com certeza de sucesso e isso também faz parte do processo. Mas se calar sobre tudo isso não é o suficiente.
Todo esse silêncio às vezes transforma o mérito do Palmeiras em ser responsável em piadas dos rivais e até mesmo de jornais estrangeiros. Recentemente, os portugueses ironizaram a falta de contratação para Abel Ferreira e até os argentinos riram das tentativas de contratação de Hezze e Aníbal, do Huracán e Racing, respectivamente.
A pressão em cima de Anderson Barros também aumenta. Mas será que ele tem o dinheiro suficiente para contratar quem Abel Ferreira quer ou o limite imposto a ele transforma a missão de contratar um jogador "pronto" em impossível?
Questões deixadas de lado, o Palmeiras ainda tem um time competente e extremamente capaz de levar o time a uma nova final de Libertadores, ainda mais considerando a fase dos rivais de chave na competição sul-americana. Ajudaria, também, se Dudu, Raphael Veiga, Rony e outros pilares recuperassem a sua boa forma.
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