Danilo Lavieri

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Tite terá que lidar com contradição e amor corintiano para assumir Flamengo

A expectativa da vez no futebol brasileiro é sobre quem vai assumir o comando do Flamengo. Depois da demissão de Jorge Sampaoli, com direito a quase R$ 50 milhões em multas rescisórias somando as outras demissões, o alvo claro é Tite. Para aceitar esse convite, ele terá de assumir ser contraditório e ir contra o discurso que alimentou durante toda a carreira e até mesmo contra promessa feita em entrevistas recentes.

Ainda que assuma o rubro-negro apenas depois da saída de Sampaoli, já ficou claro que Tite sentou para conversar com Marcos Braz e Rodolfo Landim enquanto o argentino ainda estava no comando. E essa é uma grande contradição em relação ao que ele pregou.

Durante toda a carreira, o ex-técnico da seleção brasileira gostou de dizer que não conversava com times que têm técnicos empregados. A ideia era não fazer parte do predatório esquema de vai e vem de treinadores no futebol brasileiro. Já estamos cansados de saber, no entanto, que essas exigências acabam sendo deixadas de lado com o tempo. Não é à toa que estamos parados no tempo em algumas questões por aqui.

Além disso, Tite e seu staff dizem desde a saída da seleção brasileira que era hora de assumir uma equipe fora do país. Ele teve sondagens de times e seleções no dia seguinte ao final da Copa do Mundo, mas muito longe das que esperava. Ele não imaginava que sairia da seleção brasileira para um prateleira abaixo.

Agora, se vê há praticamente um ano sem trabalhar e repensa a decisão. Seria melhor ir contra a sua própria promessa de não trabalhar no Brasil em 2023 ou assumir um time de um mercado como Estados Unidos ou Arábia Saudita?

Além de tudo isso, é bem conveniente para Tite prolongar o seu acerto com o Flamengo. Além de ganhar tempo e quem sabe ver as pessoas esquecerem que ele negociou com um time com treinador, o comandante evita aquela que seria a estreia mais indesejada de todas: contra o Corinthians em Itaquera.

Claro que ele não tem nenhuma obrigação de voltar ao Parque São Jorge, apesar da bonita história construída por lá. Mas o próprio sabe que o Timão só demitiu Vanderlei Luxemburgo no meio de uma semifinal de Sul-Americana porque desejava abrir negociação com ele. Afinal, Tite sempre negociou apenas com times que já não tinham treinadores.

É claro que o Flamengo dá mais condições de trabalho, com mais dinheiro e mais elenco, apesar de também ter problemas de projeto esportivo e de viver momento conturbado na política. Mas Tite sabe que a Fiel esperava por um carinho na hora que mais precisava e que esse amor não correspondido pode gerar reações indesejadas na Neo Química Arena no jogo do próximo sábado (7) entre eles.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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