Danilo Lavieri

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Briga na liga de clubes aumenta diferença entre ricos e pobres por 50 anos

A briga entre Liga Forte Futebol (LFF) e Libra continua. Cada vez mais perto do início daquela que seria a revolução do Brasileirão com os clubes no comando, temos a certeza que a união está longe de ser realidade. E pior do que isso: a diferença entre os mais ricos e mais pobres só deve aumentar. O único remédio para isso seria a união entre blocos. E se isso já era difícil no começo das conversas, hoje, é visto como um milagre em ambos os lados, a não ser que o novo investidor mude o rumo das coisas.

Hoje, como mostraram os amigos Rodrigo Capelo e Martín Fernandez, do ge, a LFF tem esse novo investidor. O Serengeti, fundo tão criticado e que levantou muitas dúvidas por parte da Libra, saiu do negócio. A Life Capital Partners (LCP), que levanta debate sobre conflito de interesses, viabilizou a entrada da General Atlantic, que agora se soma à XP, que não conseguiu captar tudo o que pretendia no mercado e precisou praticamente colocar dinheiro do bolso para viabilizar o negócio.

No acordo, os clubes cederam 20% dos seus direitos direitos comerciais pelos próximos 50 anos por R$ 2,6 bilhões. Ou seja, entre 2025 e 2075, todos os integrantes da LFF terão apenas 80% dos seus direitos para negociar. Enquanto os da Libra terão 100%.

A disparidade começa aí. Para piorar, os players de mercado já sinalizaram que vão oferecer mais dinheiro para a Libra do que para a LFF, mesmo com esse último grupo tendo mais times em questão numérica.

A Globo, que é de longe a empresa mais importante nessa negociação no Brasil, ofereceu R$ 1,7 bilhão para o direito dos 20 clubes para a transmissão do Brasileirão entre 2025 e 2030. A Libra pediu uma proposta exclusiva para seus clubes e recebeu a resposta: R$ 1,1 bilhão. A diferença foi comemorada internamente como vitória, com os R$ 600 milhões restantes sendo direcionados para o grupo rival.

Ou seja, além de já não terem 100% de seus direitos, eles ainda vão precisar dividir entre mais clubes um total muito menor do que o que estará na Libra. Em um cenário como esse, é possível imaginar os times da LFF recebendo cerca de 50% do que os da Libra vão receber em televisão por 50 anos.

Se hoje Flamengo, Corinthians, Palmeiras e São Paulo já são mais ricos do que os demais, a tendência é essa diferença aumentar. A fundação da liga de clubes, que tinha como objetivo diminuir a disparidade e melhorar a qualidade do produto, na verdade, vai ter o efeito inverso.

Há outro ponto importante para se alertar. Um valor em torno de R$ 900 milhões vai ser dividido agora entre os clubes de Série A da LFF: Internacional, Cruzeiro, Fluminense, Vasco, Athletico-PR, Botafogo, Coritiba, Goiás, Fortaleza, América-MG e Cuiabá.

Você aí acha que esses clubes vão pegar o dinheiro para investir na estrutura, para pagar dívidas e melhorar a sua situação financeira ou para irem ao mercado e contratarem como se não houvesse amanhã? Vou deixar essa resposta com você.

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A falta de união dos clubes neste caso é dramática porque pode ser definitiva pelos próximos 50 anos, mas é praxe em todos os debates nas últimas décadas que temos no futebol. Essa lógica clubista, onde você só reclama quando é prejudicado e ri quando vê o amiguinho prejudicado pelo mesmo motivo, infelizmente, serve para tantos outros assuntos sérios como gramado, arbitragem e calendário.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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