Danilo Lavieri

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Sintético não é consenso em Palmeiras e Bota; tema não pode ter clubismo

Em toda rodada, há sempre uma discussão sobre o quanto o gramado artificial é prejudicial ao jogo e o quanto ele coloca em risco a integridade dos atletas. É fato que o assunto virá à tona novamente hoje (1º), com o jogo entre Botafogo e Palmeiras, dois times que optaram por colocar o sintético em seus estádios.

A discussão sobre o tema precisa ser séria e não pode ser pautada pelo clubismo. Não dá para um treinador reclamar quando perde e fingir que nada acontece quando joga no mesmo local e ganha. Não dá para falar que um jogador se lesionou por estar jogando no artificial sem nenhum indício científico para isso.

Entre jogadores e membros das comissões técnicas dos três times da Série A que usam o artificial, há discordância. Muita gente de Palmeiras, Botafogo e Athletico não concorda com o artificial. A questão que sempre fica é a que tem uma resposta que parece óbvia para todo mundo: é melhor jogar no sintético ou em um gramado natural, mas cheio de buracos como o Maracanã, Mineirão, Castelão, Fonte Nova, Arena do Grêmio, Arena MRV e tantos outros?

É bem claro para todo mundo que o ideal seria que todos os gramados tivessem a condição perfeita que enxergamos dia a dia na Premier League, por exemplo. E a discussão aqui vai além de ser natural ou artificial. É dar o mesmo padrão de jogo para os 20 estádios envolvidos no campeonato.

Mas também temos de ser realistas que por aqui a CBF não liga para o assunto do jeito que deveria, da mesma forma que os times estão muito longe de se unirem para debaterem o tema de uma maneira saudável. Basta ver que nem para formar uma liga eles conseguem união.

Há vários estudos sobre o tema. Um bem recente publicado ainda este ano pelo The Lancet concluiu que não há incidência maior de lesão quando se joga em gramados como o do Nilton Santos, Allianz Parque ou Ligga Arena.

Outros estudos mais antigos, que também levam em consideração o material e a fabricação do gramado mais antigo, vão no sentido oposto. Há outras teses que levam em consideração até a possibilidade de causar câncer por causa da presença elevada de compostos que geram essa doença.

Também precisamos levar em consideração que a Fifa faz testes para autorizar o uso do gramado sintético. Em todos esses testes, a intenção é fazer com que a bola tenha o quique e corra da maneira mais parecida possível com a grama real. Ou seja, há condições mínimas que precisam ser respeitadas.

Os próprios fabricantes, no entanto, admitem que o sintético exige mais do jogador. Não porque gera mais lesão, mas por conta do menor desgaste que existe neste tipo de piso. Assim, a velocidade que o gramado dá ao jogo não cai como acontece no piso natural.

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"Há treinadores que querem campos mais rápidos quando atuam como mandantes, por isso molham mais. Outros preferem um campo mais lento e molham menos. Assim eles regulam a velocidade da partida. O que não podemos comparar é o custo de implantação com o custo de utilização. Por exemplo, o gramado sintético do Athletico tem sete anos de uso. O mesmo piso, se fosse natural, já teria que ter sido substituído algumas vezes. E mais, se você quiser jogar uma partida e no dia seguinte receber um show, você pode, pois a estrutura está preparada para isso", analisou Sergio Schildt, presidente da Recoma, empresa especializada em pisos, infraestruturas e construções esportivas.

Fato é que enquanto a discussão for pautada pelo clubismo, seguiremos nas discussões rasas que não servem para nada além de agitar uma mesa de boteco.

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