Buscar Scarpa não é obrigação do Palmeiras, mas consequência pode ser cruel
O Palmeiras resolveu não entrar neste momento na briga para repatriar Gustavo Scarpa. Avaliar o custo benefício e entender que o retorno não vale é algo completamente normal, mas com todo o contexto envolvido, Anderson Barros e Leila Pereira precisam entender os riscos de ver o jogador desembarcar em outra equipe brasileira.
O Atlético-MG é o time que é tratado como possível destino do meio-campista que foi viver o sonho europeu, mas não conseguiu êxito e, agora, deve voltar ao Brasil em 2024. Como já mostraram meus amigos do blog Mercado da Bola aqui no UOL, o Alviverde considerou cara a pedida de pelo menos 5 milhões de euros (R$ 26 milhões) do Nottingham Forest. O pacote ficaria ainda mais caro com luvas e salários.
Gustavo Scarpa praticamente não jogou na Europa. No Olympiacos desde agosto, ele só começou como titular em duas ocasiões e só jogou por 90 minutos em uma partida. Somando as vezes em que entrou em outubro e novembro, ele esteve em campo por 39 minutos. No Nottingham Forest, o cartel de Scarpa é parecido: foram seis jogos como titular e apenas uma vez jogando os 90 minutos.
Ou seja, apesar de ainda ter 29 anos, chega ao Brasil com chances de demorar a recuperar o seu melhor ritmo. Com a diferença que, desta vez, sua transação partiria de pelo menos 5 milhões de euros.
Com esse dinheiro, o Palmeiras não conseguiria trazer um jovem promissor para essa posição, mas é possível que esse total seja usado em outras transações prometidas a Abel Ferreira. Aliás, contratar um meio-campista é quase uma obrigação para o planejamento de 2024, ainda mais com a sobrecarga em Raphael Veiga e a saída de Bruno Tabata.
O Palmeiras também pode argumentar que tentou manter o jogador antes de ele ir para a Europa quando ele vivia o seu melhor momento no clube. Na época, ainda que apenas no ano final de seu contrato, ofereceram mais dinheiro do que ele ganharia na Inglaterra, mas o sonho europeu foi mais sedutor. Também pode lembrar que, no meio deste ano, ofereceu um bom dinheiro para que ele largasse a Premier League e voltasse ao Brasil: mas ele preferiu a Grécia.
Ao mesmo tempo, Gustavo Scarpa é um jogador altamente identificado e que conhece direitinho o estilo de trabalho de Abel Ferreira. Sua adaptação, ao menos em termos táticos, seria praticamente imediata e a tolerância da torcida provavelmente seria maior. Vale lembrar que, antes da chegada do técnico, ele chegou a ser considerado uma moeda de troca e foi, mais de uma vez, abordado pela diretoria palmeirense para entender a possibilidade de saída.
Em um clube tão criticado por não conseguir agir no mercado no meio do ano como é o Palmeiras, ver um dos melhores jogadores no título de 2022 desembarcar em um rival que briga pelos principais títulos do ano pode ter um efeito perverso, ainda mais se os resultados não aparecerem.
Gustavo Scarpa consideraria voltar ao Palmeiras, mas entendeu que o clube não o trata como prioridade no momento, uma vez que abandonou a negociação logo na primeira pedida do Nottingham, enquanto outros times, como o Atlético-MG, mantiveram o interesse.
No futebol, nem mesmo contratar Cristiano Ronaldo e Messi é uma certeza. Para cada Luiz Suárez que brilha no Grêmio, poderemos lembrar de vários William que saíram pela porta dos fundos do Corinthians. Mas para cada escolha, há uma consequência. E o Palmeiras precisa estar preparado para isso.
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