Danilo Lavieri

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Faltou ao Botafogo o que sobra ao Palmeiras: costume de disputar títulos

A derrocada impressionante do Botafogo é o assunto do momento. Até mais do que o provável título do Palmeiras e o baile do Atlético-MG contra o Flamengo. E é compreensível. A queda do time carioca é assustadora e a pá de cal veio com o simbólico empate aos 54 minutos do 2º tempo contra o já rebaixado Coritiba ontem à noite. Mas essa história já vinha dando avisos. Ou spoilers como diz o dicionário atual. A virada de 4 a 3 em pleno tapetinho para o time de Abel Ferreira foi um deles.

Faltou à equipe de General Severiano a casca que o Alviverde só faz crescer nos últimos anos. Para além de tática e técnica, o futebol tem muito de espírito. Quando a gente assiste a jogos do Botafogo, a impressão é a de que a qualquer momento o adversário vai empatar ou virar. Com o Palmeiras, é o oposto: a impressão é que o time de Abel pode buscar o resultado até o último segundo.

Na reta final, faltou à diretoria saber o que fazer para manter a casa em ordem. Após a saída de Luís Castro e a manutenção da boa fase com Caçapa, não tinha para que mudar o que estava dando certo e contratar Bruno Lage. Com um primeiro turno incrível, duas ou três contratações pontuais de jogadores experientes na janela do meio do ano poderiam ser o suficiente para dar ao time a rodagem necessária.

Não era hora de criar teorias da conspiração, de elaborar dossiês ou de dar entrevistas falando que todos estavam contra o Botafogo. Era hora de olhar para o espelho e entender como levar o carro à frente na ponta dos dedos, como diria Galvão Bueno. Nessas horas, o jejum pesa.

Inclusive, pesou para o Palmeiras em 2016. O nível de tensão na Academia de Futebol naquele ano era enorme e fez o time entrar em campo pressionado em toda a reta final. Sobraram simpatias feitas por Cuca e apoio em jogadores para lá de experientes como Fernando Prass, Jean, Zé Roberto e Edu Dracena.

De lá para cá, o Alviverde se acostumou a disputar praticamente todos os campeonatos que entrou. E isso é fruto de uma política que não dá resultados de um ano para o outro. Investimento na base desde 2013, um ano de reestruturação financeira que quase culminou em queda em 2014 e responsabilidade administrativa desde então fazem o time ter essa casca de campeão, mesmo com as mudanças na presidência.

Já são três anos com a mesma comissão técnica, mesmo com grandes turbulências, muros pichados e protestos de organizada. São quase quatro anos com o mesmo diretor de futebol, que recebe críticas diárias na mesma proporção que coleciona taças.

Também não significa que tudo está errado no Botafogo. Se antes de o Brasileirão começar o combinado fosse uma vaga na Libertadores, o botafoguense assinaria contente. A questão é que a expectativa faz esse resultado ser considerado ruim. É se espelhar no primeiro turno e planejar 2024 sem precisar começar do zero.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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