Danilo Lavieri

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Técnico que quebrou tabu do Palmeiras na Copinha aponta segredo da base

Uma das figuras mais importantes na base do Palmeiras nos últimos anos, Paulo Victor Gomes, o PV, revelou à coluna o segredo para a fábrica de revelações que se tornou o Alviverde entre os jovens. Hoje como auxiliar de André Jardine, no América, ele fala em momento maravilhoso da carreira após o título do Campeonato Mexicano e aposta que saiu de portas abertas da Academia de Futebol.

Responsável por tirar o Palmeiras da fila de nunca ter vencido uma Copinha ao conquistar os títulos de 2022 e 2023, o ex-técnico do sub-20 exaltou a reestruturação das categorias de base e o comando de João Paulo Sampaio, coordenador geral do departamento e que recusou três convites do Corinthians para assumir o futebol profissional.

Em busca do inédito tri consecutivo, o Verdão entra em campo hoje na Copa São Paulo, às 18h30, para bater mais recordes e colocar mais nomes na vitrine do futebol, como acontece com Estevão, já disputado por Barcelona, Chelsea e outros gigantes europeus.

Confira a entrevista completa:

Danilo Lavieri: Como está o seu momento no México? Já se adaptou 100%?
Paulo Victor:
Estou vivendo uma experiência fantástica, era o que eu vinha buscando para a minha carreira como desafio, somar uma experiência em altíssimo nível. Estou em um clube gigante aqui no México e é como se começasse uma vida do zero ao mudar de país. Tem que construir a sua trajetória, não somente profissional, mas pessoal e familiar. Isso dá uma casca, uma bagagem, para os próximos desafios da profissão.

O futebol mexicano tem muito dinheiro, faz grandes contratações, mas é subestimado pelo público brasileiro de uma forma geral, você não acha?
PV:
É surpreendente. Eu vinha acompanhando um pouco antes com o André aqui já e me chamou a atenção pela forma sobretudo como as grandes equipes jogavam. Elas têm um futebol propositivo e um nível técnico dos jogadores muito interessante. As principais equipes têm investido muito e é interessante para os jogadores. A Liga cresceu muito e tem sido muito enriquecedor. É um jogo muito mais solto, mais aberto, mais ofensivo.

Por aí, vocês sentem mais estabilidade do que aqui no cargo de técnico no Brasil?
PV:
É um mercado que tem mais estabilidade, mas não com tanta margem. É uma cultura que busca estar tendo sempre o protagonista. A imprensa aqui é exigente, com programas esportivos 24 horas, em quatro, cinco canais de televisão.

Por que você largou um time que você era referência para ser auxiliar no México?
PV:
Sempre fui um cara muito tranquilo e pé no chão. Me preocupo em escolher bem os próximos passos. Muitas vezes é possível, você precisa aceitar algumas situações. Eu tive a possibilidade de ir para o profissional em outros times, tive alguns convites, mas optei por passar por essa função que estou hoje. Ela vai me preparar para ser melhor treinador lá na frente. Eu tenho 35 anos, já vivi bastante coisa legal. Quero não ser mais um, quero marcar diferença.

Você viveu de perto a transformação do Palmeiras ao ser técnico do sub-15 em 2015 e depois sair da seleção para voltar no sub-20 em 2021. Qual o segredo dessa reestruturação?
PV:
É uma transformação de mentalidade. Eu tenho duas passagens, de 2015 a 2017 e 2021 até junho de 2023 como você falou. E eu acompanhei muito bem essa evolução. O João Paulo Sampaio chega em 2015 e a transformação de mentalidade é notável. O nível de exigência passou a ser muito grande em todos aspectos: preparadores físicos, os treinos técnicos, a estrutura, a exigência na captação de atletas? Mas o preparo físico e a rede captação de jogadores tomam conta da base. E lá se tem uma fome muito grande por ser melhor a cada dia. O Palmeiras passa muito por isso.

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Então o Palmeiras deveria comemorar bastante o "não" dado pelo João Paulo ao Corinthians. Hoje em dia você vê o Palmeiras até contratando atletas para a base.
PV:
Sem dúvida, o João é o grande responsável dentro de toda a estrutura. E esse é um um processo que eu concordo. Muitas vezes vocÊ vai amadurecer e atingir o seu potencial quando chega com 16, 17 anos. Então você chega traz um jogador com custo muito mais baixo do que seria para a primeira equipe.

Você acha que o cuidado com o jogador fora de campo é responsabilidade de vocês também? É fundamental pensar em formar também um cidadão?
PV:
Costumo sempre falar isso para a minha comissão, sobre o papel familiar. Por que os jogadores estão longe da família, longe dos pais. Tem que atender de forma especial, de maneira distinta. Cada um tem uma necessidade. Sobretudo no sub-20, que vive a expectativa de alçar um voo indo para o profissional. Cada um tem uns anseios. Tem tempos distintos. Hoje, estando no profissional, posso falar que a parte mental é 70% do jogador. É muito importante você ter um atleta mentalmente forte, equilibrado, mesmo que não tenha tanto talento.

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