Proposta de Renato Gaúcho de acabar com rebaixamento apavora CBF e clubes
Renato Gaúcho falou ontem (20) ao Sportv em uma proposta de acabar com o rebaixamento do Campeonato Brasileiro por conta da tragédia que assolou o Rio Grande do Sul. A ideia já foi discutida de maneira embrionária, mas é considerada absolutamente fora da realidade por clubes ouvidos pela coluna e também por representantes da CBF.
A coluna ouviu cinco clubes diferentes, membros da CBF e de duas federações e as respostas de todos foram na mesma direção: tirar o rebaixamento do Nacional é fora da realidade. Há quem chame a ideia do técnico do Grêmio de "poesia romântica" e "uma forma de desconstruir o que demorou 20 anos para consolidar". Os clubes estariam dispostos a voltar a jogar em plena Data Fifa em 2025?
O primeiro ponto levantado por eles é que você não poderia prejudicar a Série B e precisaria fazer o Brasileirão de 2025 com 24 clubes. Isso significa oito datas extras em um calendário que já não tem absolutamente nenhum respiro. A Fifa já aumentou o calendário em uma data este ano com o novo modelo de Intercontinental e na temporada que vem vai ser pior.
Se em 2024 o calendário é estrangulado pela Copa América, com nove rodadas sendo disputada no meio da competição de seleções, em 2025, o que vai estrangular a tabela é o Mundial de Clubes. O impacto pode ser até maior porque Palmeiras, Flamengo e Fluminense devem ficar fora do país por cerca de um mês, sem contar o eventual período de preparação que muitas vezes a Fifa pede para os participantes de suas competições. Um quarto brasileiro pode entrar nessa lista se ganhar a Libertadores deste ano.
O impacto também não é apenas para 2025. Quanto tempo demoraria para você voltar a equilibrar a Série A e Série B com 20 clubes em cada? Não seria possível rebaixar oito clubes no ano que vem, uma vez que isso também geraria impacto no calendário da Segundona. Ainda que o rebaixamento fosse gradativo, você geraria um impacto de mais de três temporadas.
Também há uma preocupação com o precedente que isso abriria. As tragédias climáticas serão cada vez mais constantes e, ao redor do mundo, o futebol dificilmente para ou cancela o rebaixamento mesmo em caso de guerra. O caso da Chapecoense também é sempre lembrado: o time de Santa Catarina rejeitou a imunidade proposta pelos clubes mesmo após o acidente que praticamente acabou com o seu elenco.
Todos os ouvidos entendem que não haverá isonomia no Brasileirão com a tragédia, mas que as alternativas devem buscar a melhor forma de prejudicar o menos possível os clubes gaúchos sem também gerar danos a todos os outros envolvidos. Os consultados lembram que Grêmio e Inter seguirão disputando normalmente ao longo da temporada as competições da Conmebol e a Copa do Brasil.
Os clubes vão se reunir no dia 27 para decidir o rumo do calendário e, a princípio, o esforço da maioria é para que os jogos não sejam disputados nas Data Fifa e o calendário não seja tão estendido para prejudicar as férias e o início de 2025. No momento, a alternativa seria usar os buracos que serão abertos com as eliminações dos times nas competições sul-americanas e na Copa do Brasil, mas essa opção é incerta porque é impossível prever quem vai cair em cada torneio.
A tendência é que Grêmio, Inter e Juventude tenham mais opções para treinar e mandar os seus jogos assim como já acontece para Libertadores e Sul-Americana, além da possibilidade de alternar mandos para diminuir o prejuízo. Vale sempre lembrar que, mesmo entre os 15 que divulgaram apoio à paralisação do campeonato, havia os mais resistentes que acabaram convencidos em nome do bloco econômico formado por eles.
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