Danilo Lavieri

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Contratação de Depay pelo Corinthians é um escárnio com quem paga em dia

O Corinthians acertou a contratação de Memphis Depay por dois anos em um acordo que gira em torno de R$ 70 milhões. Sim, você não leu errado. O mesmo time que está no noticiário dia sim dia também por atraso de pagamentos está investindo para trazer um atleta que estava na última Eurocopa.

É algo bastante trivial em qualquer campeonato mais organizado de elite regras financeiras que impediriam essa operação. Nos últimos dias o Botafogo se colocou como uma grande vítima de perseguição por causa do tema, mas a chegada do holandês no Timão é outro que escancara a urgência de regulamentação nesse sentido no país.

Como pode uma equipe que não tem seus compromissos em dia estar firmando um acordo com um jogador desse nível? É justo com o Cuiabá que não recebe o pagamento por Raniele em dia ver o seu concorrente direto contra o rebaixamento se reforçando? É justo com quem prestou serviços ao time e não recebeu o combinado?

Imagina o seu amigo, seu parente ou qualquer pessoa que esteja te devendo dinheiro. Ele não paga o combinado e no dia seguinte aparece com carro novo. Você ia achar justo? Se ele posta fotos fazendo uma viagem internacional de luxo e você no seu dia a dia sem receber o pagamento, você ia achar justo?

Ainda que o dinheiro injetado seja de um patrocinador, não existe, em um campeonato, você permitir que uma equipe gaste sem estar com todos os seus outros compromissos em dia. É injusto com quem faz o certo, que é honrar com os pagamentos. Isso é ou não é doping financeiro?

Imagina se a contratação de Depay garantir o Corinthians na primeira divisão e empurrar outra equipe com todas as suas contas em dia para a Série B no ano que vem... É justo que essa equipe perca todos os rendimentos do futebol de elite em 2025 e o Timão continue recebendo por isso? Quem arca com esse prejuízo?

Nos últimos tempos, o assunto fair play financeiro no Brasil tem virado debate por conta do Botafogo, que investe em contratações praticamente 100% do seu faturamento recorrente. Essa é outra prática que não é permitida em nenhum sistema de fair play financeiro europeu.

Mas mais grave do que contratar com dinheiro que não está no seu faturamento é continuar no mercado sem pagar as parcelas de suas outras contas. É um escárnio.

Tudo isso para nem falar do que deveria ser ainda mais preocupante para o corintiano: os reflexos de ter uma contratação dessa magnitude financeira no meio do caos e de uma dívida crescente...

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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