Danilo Lavieri

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ReportagemEsporte

Suspensão do X prejudica ações comerciais e monetização de times de futebol

A suspensão do X atingiu diretamente os times de futebol. Boa parte deles usava a ferramenta não só para se comunicar com imprensa e torcida, mas também para ganhar dinheiro, divulgando ações e patrocinadores.

Os 12 clubes de maior torcida no país tinham, só nessa rede social, cerca de 47 milhões de seguidores. Só no mês de agosto, um estudo do Ibope Repucom mostrou que 1,9 milhão de novas inscrições foram feitas em redes sociais considerando os 50 principais clubes do país. Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Fluminense são os destaques: juntos, eles foram responsáveis por 1,4 milhão de inscrições, ou 73% do total entre todos os 50 clubes no período.

Só no X, o São Paulo era o terceiro maior do país, com 5 milhões de seguidores. A equipe tem contratos com seus anunciantes que envolvem ações na rede social que está fora do ar por tempo indeterminado por ordem do STF (Superior Tribunal Federal).

A diretoria do Morumbi aguarda o desenrolar do caso para definir se esse espaço será substituído por outra rede. No momento, o Tricolor ainda não abriu conta em outros ambientes virtuais.

Segundo do ranking de seguidores no antigo Twitter, com quase 8 milhões de seguidores, o Corinthians migrou as suas ações comerciais e institucionais para outras redes sociais, como o Threads, que é concorrente do X que pertence ao grupo Meta. O Palmeiras agiu parecido ao usar a mesma rede social para transmitir em texto o seu jogo contra o Athletico.

O Alviverde, no entanto, ainda não definiu como continuará com as suas ações comerciais que eram feitas no X para ativar os seus patrocinadores para quase 4 milhões de seguidores.

A maioria dos especialistas admite o impacto com a suspensão, mas entendem que há como reverter. É o caso de Edmar Bulla, fundador e CEO do Grupo Croma de design de inovação e futuros.

"O X sempre provocou formatos e parcerias inovadoras. Foi ali que vivemos momentos grandiosos da interação com a TV. Dali também nasceram as trending topics, que se tornaram um termômetro social relevante. Para os setores que tinham uma presença significativa na plataforma, pode haver dano de imagem ou financeiro, e isso vai depender da estratégia e tipo de atuação, mas nada que não seja administrável e recuperável", explicou.

Wagner Leitzke, líder do marketing digital da End to End, empresa que busca conectar torcedores, marcas e entidades esportivas, aponta que uma rápida conversa entre clube e empresa pode minimizar danos, mas admite que as novas redes sociais podem demorar a ter a mesma relevância do X.

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"Se os dois lados se resolverem rapidamente, não terá passado de um contra-tempo do ponto de vista comercial. Se estamos falando aqui de semanas ou meses nessa incerteza, com toda certeza terá um impacto significativo para alguns setores, principalmente os que necessitam de uma monetização em conversão direta e utilizavam do X para isso, possivelmente até mesmo irreversível se o funil de vendas era prioritário nessa plataforma. Quaisquer comunidades como Bluesky e Threads podem levar tempo até terem similar relevância", afirmou.

O Flamengo entende que o impacto gerado por ele foi muito mais no engajamento com a torcida, uma vez que o Rubro-negro era o time com mais seguidores entre times brasileiros na rede. As comunicações que antes eram feitas por lá migraram para o Instagram, mas as ações comerciais ainda estão sob a espera da definição da situação do X na Justiça. Eram quase 11 milhões de seguidores.

O Botafogo, que tinha 1,5 milhão de fãs, já entrou no Threads e também avalia entrar no BlueSky, que é uma outra rede social nos mesmos moldes do X, como explicou a gerente de marketing da equipe, Laura Louzada.

"A princípio migramos para o Threads e estamos avaliando o ingresso no BlueSky. Nosso X sempre foi a rede social com menor engajamento, por isso, a partir de agora temos duas possibilidades para alavancar o nosso potencial, dentro das estratégias de marca e identificação com o clube. É o momento de aproveitarmos para trazer resultados significativos à instituição", aponta Laura Louzada, gerente de marketing da Botafogo SA.

Com o bloqueio do X, antigo Twitter, o Guarani é outro clube que apostou no Threads para gerar conteúdo e engajamento com a torcida. "É claro que o X deixa uma lacuna grande porque é uma rede social consolidada e nós já tínhamos uma base de seguidores por lá que interagiam e acompanhavam as publicações. Com esta mudança, estamos avaliando outras estratégias de gerar exposição e visibilidade. Nosso principal objetivo é seguir na busca de engajamento e de repercussão em várias plataformas digitais. Com a ausência do X, é preciso avaliar alternativas e por enquanto estamos movimentando o Threads", analisou o coordenador do departamento de comunicação, Luciano Vaz.

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