Belluzzo entra com ação popular contra venda de dívida do Allianz Parque
Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-presidente do Palmeiras, entrou com uma ação popular contra a operação que permitiu que o BTG comprasse a dívida que a WTorre tinha com o Banco do Brasil pela construção do Allianz Parque.
Belluzzo explicou à coluna que entrou com essa ação na semana passada para cobrar transparência e por ter preocupação com o futuro do Allianz Parque, uma vez que a garantia da dívida da construtora é a participação na gestão do estádio, hoje avaliado em mais de R$ 2 bilhões. Ou seja, em caso de atraso no pagamento, a operação da arena multiuso poderia mudar de mãos.
"Eu entrei com essa ação popular para entender o motivo da venda, para que as pessoas expliquem. Afinal, por que essas ações foram vendidas com deságio de 60% se elas estavam sendo pagas em dia? Por que um ex-executivo do banco que vendeu agora trabalha no fundo comprador? E também por ter preocupação com o Palmeiras. Não acho que seja uma boa o Allianz Parque virar Arena BTG", resumiu o presidente que foi um dos grandes responsáveis pela construção do estádio.
O processo, que foi revelado pela primeira vez pela Times Brasil, questiona o motivo de nove títulos de dívida, as chamadas Cédulas de Créditos Bancários, terem sido vendidos para a Enforce, que é ligada ao BTG, por um valor muito abaixo do total, sendo que não havia inadimplência, ou seja, não eram os conhecidos títulos podres.
Segundo o processo, o valor da dívida era de pouco menos de R$ 700 milhões e a operação entre Banco do Brasil e Enforce foi de no máximo R$ 280 milhões. Além disso, a documentação ainda levanta outras operações do Banco do Brasil feitas recentemente que, segundo o economista, não são transparentes.
A ação ainda aponta um possível conflito de interesses pelo fato de um ex-executivo do Banco do Brasil, que hoje trabalha na Enforce, ter tido acesso às informações privilegiadas após ter sido responsável por supervisionar as linhas de crédito do Banco do Brasil para a WTorre.
O Banco do Brasil foi procurado pela coluna e não quis comentar o assunto. Já o BTG defendeu em nota publicada na semana passada que a ação "é mais uma tentativa abusiva no curso de tratativas de um acordo para equacionar a dívida da WTorre" e que "a ação usa de argumentos utilizados em outra ação judicial movida pela WTorre, a qual já foi julgada improcedente pela Justiça do Estado de São Paulo".
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