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Havan no Flamengo é outra da diretoria mais bolsonarista do Brasil
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Dois dias depois da patética aparição de Jair Bolsonaro passeando de moto com Luciano Hang pendurado na garupa, o Flamengo acordou um patrocínio com a Havan, ao qual Hang é o proprietário. Deixando os R$ 6,5 milhões (que não pagam nem uma folha salarial do Fla) pela manga de lado, até que ponto vale para a imagem rubro-negra associar-se ainda mais ao atual governo, agora como parceiro de uma empresa de dono tão peculiar como o famigerado empresário, um dos mais ferrenhos apoiadores do presidente?
Hang levou processo do Ministério Público por intimidar empregados a votarem em Jair Bolsonaro na eleição presidencial; foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal que investiga produções de notícias falsas; faz discursos lunáticos acusando universidades públicas de formarem comunistas e defendendo governos militares; passou a vender arroz e feijão em suas lojas para driblar a fiscalização e reabrir como serviço essencial na pandemia; entre outras bizarrices. Isso sem citar a ridícula cena citada no primeiro parágrafo deste texto, onde ninguém usou máscara e nem capacete. Perguntem se alguém foi multado.
A Havan já patrocina outros clubes, incluindo o Vasco, maior rival do Flamengo, mas as conexões do time rubro-negro com o governo Bolsonaro são cada vez mais intensas e frequentes. Em julho de 2019, três dias depois de o The Intercept Brasil começar a publicar a "Vaza Jato", ele foi ao Mané Garrincha com a camisa rubro-negra torcer na partida contra o CSA, ao lado do então ministro Sérgio Moro. Em fevereiro de 2020, cartolas visitaram o Palácio da Alvorada e cometeram o pecado de deixá-lo posar com uma medalha da Supercopa, vencida em cima do suposto time do coração do presidente, o Palmeiras.
Aí, vão dizer que é comum ele vestir camisas de vários times ou ir ao estádio. É verdade. Mas, hoje, o Flamengo é um clube que tem um lobista dentro do gabinete do presidente: é o diretor de relações institucionais e governamentais, Aleksander Santos. Foi dele a infeliz ideia de dar uma camisa rubro-negra de presente ao deputado Rodrigo Amorim, o mesmo que quebrou a placa com o nome da vereadora Marielle Franco, flamenguista e assassinada.
Vale lembrar também do dia 31 de março, quando o golpe de 1964 fez aniversário, e Vasco, Corinthians, Bahia e outros foram contra a celebração da data, em defesa da democracia. Mais popular do Brasil, o Flamengo ficou em silêncio. Na ocasião, torcedores foram à sede de remo homenagear Stuart Angel, atleta rubro-negro torturado morto pela ditadura militar, mas a diretoria, vergonhosamente, correu para negar participação no ato.
No fim de 2020, o Flamengo homenageou quatro aliados de Bolsonaro, supostamente por serviços prestados (?) ao Flamengo, segundo revelou em seu blog a amiga Gabriela Moreira, do Sportv. Entre eles, Hélio Lopes, amigo pessoal do presidente, e até outro sujeito chamado para depor em inquérito que investiga o Gabinete do Ódio. Em 22 de janeiro, Bolsonaro apareceu de surpresa no treino em Brasília, sem máscara - chocando um total de zero pessoas -, e sorrindo, enquanto o Brasil acumulava cadáveres por Covid-19. Eram 210 mil, na ocasião. Hoje, já são mais de 422 mil.
Nas redes sociais, a hashtag #ForaHavan chegou aos trending topics. Muitos torcedores diziam que não vão comprar camisa com a marca estampada. O Flamengo da Gente, movimento de torcedores e sócios, por exemplo, viu como injustificável a parceria com uma empresa que incentiva o negacionismo em meio à principal crise sanitária do país. E esse é o problema de ser parceiro de uma marca cujo dono é o braço direito desse governo: patrocínio não é apenas grana no bolso, mas também associação de imagem. O Flamengo, gigante que é, precisa ser associado a tudo isso?
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