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Vídeo de R$ 220 mil às vésperas da eleição gera polêmica no Santos
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Com Thiago Braga, colaboração para o UOL, de São Paulo
A contratação de uma empresa para produzir um vídeo documentário há menos de um mês da eleição gerou polêmica no Santos. O acordo de R$ 220 mil, assinado pelo ex-presidente Orlando Rollo, com entrada de R$ 50 mil paga dois dias antes do pleito, fez o clube ser executado na Justiça. O assunto vem rendendo nos corredores da Vila Belmiro.
A data do pagamento e o valor total do contrato - R$ 220 mil, mais multa de R$ 30 mil - são motivos de contestação no Santos. O time alvinegro não quitou as parcelas após a mudança da diretoria, o que gerou um processo na Justiça contra o clube. O acordo foi assinado em 17 de novembro, 25 dias antes do pleito. A entrada foi paga no dia 10 de dezembro, e a eleição ocorreu dia 12.
O juiz Claudio Teixeira Villar já publicou decisão mandando citar o Santos, que sofre execução de título extrajudicial. O clube deve quitar a dívida em três dias, mais honorários advocatícios de 10%. Se não desembolsar a quantia, pode sofrer penhora de bens. Por outro lado, pode oferecer defesa em até 15 dias.
Em documento ao qual a coluna teve acesso, o jurídico questiona o material, dizendo que foi entregue sem aprovação prévia. E acusa a empresa, chamada Red Vision Produtora, com nome fantasia Jubarte Mídia e Entretenimento, de ter sido contratada antes, em 2019, sem produzir nada.
Ainda afirma que o documentário ficou à disposição para análise por profissionais gabaritados do audiovisual, deixando evidente a produção às pressas, com um trecho de lances de gols que dura cinco minutos.
No processo, a empresa diz que produziria um documentário denominado "Santos Futebol Clube - O Tempo Não Para". Pelo serviço, o contrato previa uma entrada de R$ 50 mil, mais 10 parcelas de R$ 17 mil, com vencimentos até o dia 10 de cada mês a partir de janeiro deste ano, e ainda uma multa de R$ 30 mil caso as obrigações previstas não fossem cumpridas.
A cobrança na Justiça é de R$ 81 mil pelos valores não quitados até o momento mais a multa.
Em documento enviado ao Conselho, Rollo diz que a questão com a Red Vision "é mais uma ilação maldosa e irresponsável" da Comissão Fiscal do Santos. E que os valores remanescentes do contrato seriam pagos dentro da previsibilidade de fluxo de caixa e de acordo com o orçamento aprovado pelo Conselho Fiscal.
De acordo com o ex-presidente, o projeto foi apresentado antes de ele assumir a administração do clube, mas a atual gestão decidiu adotar linha política diferente da sua e não efetuou o restante dos pagamentos mesmo com o filme já finalizado e disponibilizado, o que causará prejuízos ao clube, que tinha o compromisso de passar a obra em escala mundial.
Também acrescentou que teve um parecer favorável vindo de Olivério Júnior, então responsável pela comunicação. À coluna, Olivério afirmou não conhecer ninguém da empresa e que não discutiu nenhum valor de contrato. Segundo ele, sua função foi apenas observar se a empresa tinha a capacidade e condição de fazer o trabalho, e que atestou isso perguntando a pessoas do mercado.
José Eduardo de Abreu Lopes, presidente do Conselho Fiscal, disse que a defesa é intempestiva e utiliza argumentos usados pelos antecessores. "Esquecem que por conta do estatuto e do Profut, o Conselho Fiscal analisa, além das movimentações contábeis, atos de gestão. Quem aprova ou reprova a gestão é o plenário do Conselho Deliberativo", analisou.
O clube reclama que o contrato ainda compromete receitas ordinárias ou extraordinárias do Santos por período superior ao do mandato, sem prévia autorização do Conselho Deliberativo, o que não seria permitido, e que os responsáveis podem responder por eventuais prejuízos.
A coluna procurou a Red Vision, mas não conseguiu contato. Enviou mensagem ao e-mail cadastrado na Receita Federal, mas foi informada que era apenas contabilidade e não poderia responder pela empresa. Também ligou e mandou mensagem aos números disponíveis, sem sucesso. O cadastro no CNPJ mostra um endereço aparentemente residencial, na Vila Valença, em São Vicente. O capital social é de R$ 10 mil.
A reportagem será atualizada se a produtora quiser se manifestar.
Procurado, o Santos disse que não iria comentar.
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