Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Denúncias de assédio, embriaguez e negacionismo mancham carreira de Neymar
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Neymar foi acusado de assédio pela segunda vez, em denúncia que existiu três anos antes do caso envolvendo a modelo Najila, em 2019. A informação da Nike de que rompeu com o jogador pela recusa em colaborar com as investigações é mais uma mancha na carreira do atacante. E vai ficar mais marcada do que o primeiro episódio.
A acusação de uma funcionária da Nike aponta que Neymar tirou a cueca e tentou forçá-la a fazer sexo oral em um quarto de hotel enquanto estava na cidade de Nova York, em 2016. A revelação foi feita em fórum da empresa dois anos depois, onde os trabalhadores tinham ambiente seguro para, confidencialmente, compartilharem suas experiências.
A mulher afirma que o jogador tentou impedi-la de sair do local e chegou a persegui-la pelo corredor do hotel. Vale citar que, em comum à primeira denúncia, existe a particularidade de que as duas mulheres dizem que Neymar, no momento dos supostos abusos, estaria embriagado. E, nos dois casos, o pai do jogador foi quem prontamente apareceu em público para defendê-lo.
Não que Neymar seja culpado em nenhuma das acusações. Inclusive, na denúncia de Najila, o inquérito foi arquivado. E, nesta de agora, a Nike diz que a investigação é inconclusiva.
Porém, também não é que as acusações sejam infundadas. No Brasil, por exemplo, só 1% dos acusados de violência sexual são punidos - isso quer dizer que os outros 99% ficam livres. Dentro de um universo onde apenas 10% das mulheres têm coragem de denunciar. É o crime mais hediondo que existe. E um dos mais difíceis de se provar.
Esportivamente, o grave nesse caso em si é a Nike confirmar que rompeu um vínculo histórico com o atleta porque ele se recusou a cooperar com as investigações. Se é inocente, por que não quis se manifestar e, mais uma vez, terceirizou sua defesa a seus representantes?
Neymar já tem quase 30 anos. É um sujeito adulto, milionário, supostamente dono do próprio nariz, proprietário de empresas, imóveis, mansões, carros e aviões. Até quando vai se esconder debaixo da cama e esperar o pai defendê-lo?
O jogador tinha contrato com a Nike desde os 13 anos. Hoje, tem 29. Ou seja, passou a maior parte de sua vida ao lado da fornecedora de material esportivo. Uma parceria como essa não se encerra da noite para o dia, ainda mais com oito anos de duração pela frente.
Se em abril boa matéria de Pedro Lopes mostrou que o jogador manteve o pagamento integral dos 142 funcionários de seu instituto que estão em casa sem trabalhar, com gastos de R$ 600 mil, não demorou muito para que novos desencantos com Neymar surgissem.
Só agora, em maio, foram dois casos. Primeiro, atacou uma jornalista da CNN que criticou a chacina da polícia carioca no Jacarezinho. Para o jogador, os comentários da profissional de imprensa foram "uma piada". Com seu humor macabro, Neymar deve ter gargalhado da operação mais letal da história do Rio. Será que sabe que não existe pena de morte no Brasil?
Depois, nos últimos dias, assim que chegou ao país, já se aglomerou em restaurante de São Paulo. Lembrando que, meses antes, quis promover festa de reveillon em Angra. Tudo isso no auge da pior crise sanitária dos últimos 100 anos. É o negacionismo dos privilegiados. Como bem disse Nina Lemos em sua coluna, Neymar vem ao Brasil fazer o que é proibido na França.
Tudo isso falando em casos recentes, sem citar os problemas com o fisco, a agressão a um torcedor e outras confusões. Enfim, é decepção atrás de decepção. Se dentro de campo vem em decadência e encerrou mais uma temporada longe do troféu de melhor jogador do mundo, seu maior sonho, fora dele continua o mesmo: sem dar exemplo para ninguém.
Em tempo: por volta de 12h, em seu Instagram, Neymar soltou nota oficial dizendo que é absurdo e mentiroso a Nike dizer que ele não contribuiu de boa-fé com a investigação. Segundo ele, até 2019 ainda desconhecia a denúncia e não teve a oportunidade de se defender. Ainda afirmou que é advertido a não comentar os contratos em público e que "indignado, obedece".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.