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Jogador alega não conseguir comprar comida após levar calote do Cruzeiro
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Um jovem de 18 anos, que atuou nas categorias de base do Cruzeiro 5 anos foi à Justiça acusando o clube de tê-lo coagido a assinar um acordo que o deixou endividado, com as contas de vários meses atrasadas e sem ter como comprar comida para a sua família. O clube nega a acusação.
Na ação, o atleta - que pediu para ter seu nome preservado - diz ter saído de sua cidade natal para realizar o sonho de ser jogador de futebol. Porém, alega que o clube deixou de pagar seus salários —de R$ 4 mil por mês— em pelo menos quatro oportunidades. Em seguida, o obrigou a assinar uma rescisão nada vantajosa, após ameaçar deixá-lo sem nem R$ 1. Por fim, ainda deu calote nas parcelas desse acordo.
"O sonho virou pesadelo, uma vez que sua única fonte de renda (salário do Cruzeiro), que servia para seu sustento e de sua família, para o pagamento de comida, aluguel do apartamento onde morava, pagamento de água, luz, condomínio e demais despesas, deixou de ser pago pelo clube, fazendo com que o jogador e toda sua família ficassem com várias dívidas em aberto", disse o advogado do atleta à Justiça.
O jovem afirma que o Cruzeiro decidiu rescindir seu contrato em agosto do ano passado, de forma antecipada, tendo imposto um acordo para parcelar as verbas rescisórias, entre outros débitos contratuais em atraso. Segundo o jovem, ele foi coagido a assinar o instrumento sob pena de não receber nada do que lhe era devido de forma amigável.
"Assim, sem dinheiro, com as contas de vários meses atrasadas e sem ter como comprar comida para sua família, e, pior, com a ameaça de não conseguir receber nada amigavelmente se não assinasse o 'acordo' proposto pelo clube, o atleta, que tem apenas 18 anos, sem poder pedir a opinião de um advogado para defender seus direitos ou mesmo a um parente próximo para saber se valia a pena ou não, foi obrigado a assinar a rescisão contratual antecipada naquele momento", diz o processo.
O atleta afirma que o Cruzeiro reconheceu uma dívida líquida de aproximadamente R$ 130 mil, que englobava as verbas rescisórias, salários em atraso e depósitos atrasados de FGTS, e ficou de pagar em 30 parcelas de R$ 4,075 mil. E o clube estipulou que começaria a pagar o FGTS em atraso —no importe de R$ 7 mil— apenas em 2024.
Porém, mesmo assim, o Cruzeiro não pagou as primeiras parcelas do acordo, razão pela qual o jogador foi à Justiça cobrar o vencimento antecipado do acordo, mais uma multa de 50%, danos morais e outros valores referentes à CLT. No total, o jovem cobra R$ 250 mil do clube.
Procurado pela reportagem, o time mineiro rebateu o jovem jogador. "O Cruzeiro nega veementemente a acusação de coação, tese muito usada perante a Justiça do Trabalho por aqueles que posteriormente se arrependem do que acordaram. O atleta deverá provar o que alega na Justiça".
A ação foi distribuída na Justiça de Belo Horizonte no fim de 2021. Uma audiência já foi marcada para o dia 25 de janeiro deste ano.
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