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Título histórico de Nadal é derrota de Djokovic e da turma antivacina
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Rafael Nadal é o campeão do Australian Open 2022. Seu 21º titulo de Grand Slam, entrando para a história como o primeiro tenista homem a alcançar essa marca. Justamente no mesmo ano em que o rival direto pelo recorde, Novak Djokovic, deu vexame ao tentar entrar na Austrália com uma isenção de vacina no meio de uma pandemia. E ficou para trás.
O espanhol mostrou o atleta espetacular que é, agora o mais vitorioso da história do tênis. Em quadra, esbanjou raça - como sempre -, mesmo tendo acabado de voltar de lesão que quase o tirou das quadras, além de ter enfrentado a Covid-19 um mês antes da competição, o que atrapalhou sua preparação. Aos 35 anos, venceu rivais bem mais jovens e se firmou como o maior.
Quem assistiu à final deste domingo sabe do que estou falando. Rafael Nadal simplesmente se recusa a perder. Contra um rival 10 anos mais novo, e em ótima fase - chegou a três das últimas cinco finais de Slam -, perdeu os dois primeiros sets, teve três break points contra para ficar 2/4 no terceiro e disse "não". Há 57 anos alguém não virava um 0x2 na final do Australian Open, mas a palavra "desistir" não existe no vocabulário do espanhol. Virou o jogo e foi campeão. Sensacional.
Mais do que isso, igualou Djokovic como únicos na era Open com pelo menos dois títulos em cada um dos quatro Grand Slams. Fora outros feitos, como ser o único do trio a ter um ouro olímpico de simples; de ter reinventado seu jogo ainda jovem para superar o pentacampeão Roger Federer na grama de Wimbledon, em cinco sets, no maior jogo da história, em 2008; entre outros. E ainda foi bi na grama. Gigante, quando falamos do Rei do Saibro, piso completamente oposto.
E sua grandeza não está apenas com uma raquete nas mãos. Nadal deu exemplo na Austrália, não só usando máscara para falar com fãs, incentivando vacinação e alertando para os riscos que ainda vivemos com a pandemia, mas também minimizando suas próprias dores com empatia pelas perdas das famílias que sofreram durante o caos sanitário.
A vitória de Rafa é também a certeza de que a ignorância de Djokovic lhe custou caro. E ainda custará. Não só viu seu rival bater o recorde, como também deve ficar de fora do próximo Grand Slam, Roland Garros, já que uma nova lei francesa vai impedir a circulação em áreas públicas sem o comprovante da vacinação. E Nadal venceu 13 vezes em Paris...
Agora, imagine a repercussão que teríamos caso Djokovic tivesse sido campeão sem se vacinar. E seria o resultado natural, já que o sérvio havia vencido as últimas três edições do torneio. Mais do que isso, o Australian Open é o Slam que Novak mais venceu: 9 vezes. É ainda o recordista de títulos da competição. Normal que levasse outro.
Em condições normais, o sérvio teria brigado pela taça até o fim. Mas não são tempos comuns. Vivemos uma pandemia, a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, e não podemos nos dar ao luxo de permitir que lunáticos deem o mau exemplo de que vacinas não funcionam, ou fazem mal, ou qualquer outra maluquice desse bando de negacionistas.
Foi opção de Novak Djokovic não tomar a vacina no meio de uma pandemia. Uma escolha que sequer deveria ser possível debaixo dos 375 milhões de contaminados pela Covid-19. Não existe o direito a não se imunizar com 5,6 milhões de cadáveres nas costas. É um dever cívico protegermos a nós mesmos e ao próximo contra a calamidade pública que assola o planeta.
E não adianta dizer que o sérvio apoia causas sociais, ajuda ao próximo, combate a fome, ou seja lá o que diabos faz o tenista com os US$ 154 milhões (R$ 850 milhões na cotação atual) que ganhou só em prêmios da ATP - fora os patrocínios, que são sempre muito maiores. Nada disso anula o fato de que Novak Djokovic virou mártir antivacina em meio a uma pandemia simplesmente por não querer se vacinar.
Aqui mesmo, no Brasil, terra governada pelo clã dos Bolsonaros, lunáticos que incentivam a contaminação pelo vírus no lugar da vacina, brigam contra medidas protetivas, incentivam aglomerações e foram responsáveis diretos pelo luto de 630 mil famílias brasileiras, tivemos que aturar a turma da cloroquina chamando Djokovic de "líder mundial da liberdade".
O sérvio pode não ter buscado esse título, mas o fez quando, em seu posto de número 1 do mundo, e ainda um dos maiores ídolos da história do esporte, brigou para entrar em um país para disputar um torneio sem ter tomado vacina, tudo isso em meio à pior crise de saúde do século, que tirou a vida dos nossos pais, avós e amigos. Novak Djokovic fez sua cama e deitou nela.
Caras assim são tão egoístas que não entendem que o direito à liberdade também tem limite. Existe não apenas dentro dos ordenamentos jurídicos de uma vida em sociedade, mas até que afete a capacidade do próximo de ser livre. É o que acontece quando você não se imuniza em meio a uma pandemia que já dizimou 5,5 milhões de pessoas. Viva Rafael Nadal! Viva a ciência!
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