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Diego Garcia

REPORTAGEM

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Presidente da CBF indica genro para cargo de R$ 10 mil por jogo na Conmebol

Colunista do UOL

06/03/2022 04h00

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O presidente interino da CBF Ednaldo Rodrigues nomeou o genro como um dos delegados da entidade na Conmebol, cargo que rende remunerações de até R$ 10 mil por partida trabalhada, podendo alcançar cerca de 30 jogos ao longo da temporada.

A nomeação ocorreu no fim do ano passado e foi registrada em carta enviada ao secretário-geral da Conmebol, José Astigarraga, em documento assinado por Ednaldo. Nele, seu genro é o segundo nomeado da lista. Ele é casado com uma filha do cartola e desde 2020 é colaborador da equipe que supervisiona a imprensa em jogos da CBF.

De acordo com documentos da Conmebol, um delegado recebe fixo US$ 1,2 mil (R$ 6 mil) por cada jogo da Conmebol que trabalhar. E ainda mais US$ 750 (R$ 4 mil) se fizer as inspeções dos estádios, o que geralmente ocorre. Além disso, todos os gastos com hospedagem, alimentação e transporte também são pagos pelos clubes ou confederações envolvidas nas partidas.

Essa não será a primeira experiência do genro de Ednaldo com a Conmebol. No ano passado, em janeiro, Walter Feldman mandou seu nome como sugestão de oficial de segurança em partidas da confederação sul-americana. A CBF diz que, nessa ocasião, a indicação obedeceu critérios técnicos estabelecidos pela confederação sul-americana.

Em dezembro de 2021, ele assinou um formulário de conflito de interesses da Conmebol onde informou à entidade sul-americana que é genro do presidente interino no momento em que enviou a documentação solicitada para a vaga de delegado nas partidas internacionais. A CBF reforçou que essa iniciativa partiu do próprio colaborador.

A confederação brasileira apontou, em email enviado à diretoria da Conmebol, que ele realizou bons trabalhos como supervisor de imprensa em 2020 e ainda trabalhos como oficial de arbitragem na Copa das Confederações 2013 e Copa América 2019. A CBF também disse à Conmebol com antecedência que ele é casado com a filha do presidente interino.

"Diante desse cenário e do vínculo familiar existente com o atual presidente interino da CBF, indagamos se há no entendimento da Conmebol um conflito de interesses que impeça a recondução", questionou André Megale, diretor de governança da CBF, por e-mail, à diretoria da Conmebol.

Graciela Garay, diretora de ética da Conmebol, respondeu que "não há inconveniente na nomeação". Elogiou o fato de ele ter confessado o fato no formulário de conflito de interesses e "levará essas informações em conta para que não participe de nenhuma partida sensível a isso". A CBF encaminhou a documentação à coluna.

Porém, a indicação do genro a uma vaga bem remunerada na Conmebol não caiu bem entre algumas pessoas envolvidas na cartolagem. A avaliação é de que, quando Ednaldo era vice, não existia o conflito de interesses; Porém, agora que virou presidente interino, indicar um genro indica uma espécie de compadrio, uma forma de nepotismo, o que deveria ser evitado por ser imoral.

Em contrapartida, o profissional é tido por quem já trabalhou com ele como esforçado e competente, independentemente do parentesco com o cartola que hoje comanda o futebol brasileiro de forma interiono. Antes da CBF, o profissional também trabalhou mais de 3 anos na federação baiana, que já foi presidida por Ednaldo por 18 anos, e fez curso na CBF Academy.

Em nota enviada à coluna, a confederação disse não existir conflito de interesses no caso. Confira, abaixo, o que disse a CBF:

"O Sr. Gabriel Brandt nunca foi funcionário da CBF e, assim como outros profissionais de todo o país, exerce a função de Supervisor de Imprensa em jogos de competições regionais, nacionais e internacionais desde 2013, tendo iniciado suas atividades na Copa das Confederações organizada pela FIFA no Brasil. No ano seguinte, atuou como oficial em jogos na Copa do Mundo FIFA Brasil 2014. Na ocasião, não tinha qualquer vínculo com o atual presidente em exercício da CBF.

Sua indicação para atuar em jogos da Conmebol ocorreu em 15 janeiro de 2021, conforme ofício da Secretaria Geral da CBF número 137/2021, sendo este período anterior à posse do atual presidente em exercício da CBF, ocorrida em 25 de agosto de 2021. Essa indicação obedeceu integralmente aos critérios técnicos e de governança e conformidade estabelecidos pela entidade sul-americana, a qual o Sr. Gabriel Brandt reportou todas as informações.

No momento da recondução em dezembro de 2021, o próprio Gabriel Brandt, na apresentação da documentação solicitada, informou que era genro do presidente interino da CBF. A CBF, através da Diretoria de Governança e Conformidade, encaminhou em 07 de dezembro de 2021 uma consulta formal sobre o tema à Directoria de Ética y Cumplimiento da Conmebol, tendo recebido confirmação expressa de que não há conflito, conforme documento recebido em 09 de dezembro 2021".