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CBF pagou remuneração de R$ 790 mil a presidente da Ferj, aliado de Ednaldo
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O presidente da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), Rubens Lopes, recebeu R$ 790 mil em pagamentos da CBF ao longo dos três últimos meses de 2021. O valor consta em documentos aos quais a coluna teve acesso.
A quantia é dividida ao longo de outubro (R$ 300 mil), novembro (R$ 315 mil) e dezembro (R$ 175 mil). Os valores são brutos e ainda passaram por descontos de alíquotas retidas na fonte antes de chegarem ao dirigente.
O que chama a atenção, porém, é que Rubens não ganhava nem R$ 1 da CBF nos meses anteriores, diferentemente dos demais presidentes de federação, que recebem o chamado "mensalinho".
Em agosto do ano passado, inclusive, o cartola disse ao Globo Esporte que não recebia a remuneração - fato confirmado pelos documentos aos quais a coluna teve acesso.
A coluna procurou Rubens no último sábado para comentar sobre os valores. O cartola respondeu e não negou o recebimento dos valores. Confira, abaixo, a nota enviada pelo cartola à reportagem, na íntegra:
"Não tenho nenhum vínculo de trabalho ou de prestação de serviços com a CBF, e minhas relações são e sempre foram institucionais, rigorosamente de acordo com o estatuto da entidade, com o respectivo código de ética e com amparo legal. Tais afirmações podem ser facilmente comprovadas pelo diretor financeiro, Gilnei Botrel, pelo diretor de governança e conformidade, André Megale, pelo diretor jurídico, Luis Felipe Santoro, e pelos membros do Conselho Fiscal. A quem você possa se dirigir. Ou ainda pelo Ministério do Trabalho ou Receita Federal. Se necessário for, estou à disposição para fornecer autorização para que qualquer um dos aqui citados preste as informações pertinentes para que não haja nenhuma dúvida ou que você seja induzido a publicar dados baseados em informações ilegais, equivocadas e irreais. Convém ressaltar que todos os vice-presidentes da CBF e presidentes de federações gozam das mesmas prerrogativas".
Também no sábado, pela manhã, a Ferj publicou uma nota de apoio ao presidente interino da CBF.
"Cabe ressaltar, para não permitir dúvidas, nosso apoio ao atual presidente interino, Ednaldo Rodrigues, reconhecendo-o como único e legítimo representante e mandatário da CBF com a competência e prerrogativas insculpidas estatutariamente, posição ratificada em documento assinado, em diversas ocasiões públicas e até mesmo na última assembleia geral realizada", disse a Ferj.
"Assim sendo, repudiamos todo e qualquer desrespeito, desconformidade ou violação estatutária, praticadas por subordinados, diretores ou vice-presidentes, que venha a ser intentada com objetivo de impedir a legitimidade e legalidade das ações do Presidente e da Assembleia Geral em busca das correções necessàrias à credibilidade da instituição e desenvolvimento do futebol nacional", acrescentou.
Conforme a coluna mostrou nos últimos dias, os aumentos dos ganhos dos cartolas coincidem com a proximidade da assembleia geral da CBF. Especialmente envolvendo membros que votam diretamente e influenciam no pleito que escolhe o presidente da confederação. O assunto sempre foi sugerido nos corredores do futebol, com poucas provas documentadas dos repasses aos cartolas.
No último sábado, por exemplo, a coluna mostrou que, entre janeiro e dezembro de 2021, o salário dos presidentes de federações estaduais chegou a saltar mais que dez vezes, indo em alguns casos de R$ 20 mil, no início do ano, para R$ 215 mil, sendo R$ 90 ml fixos mais R$ 125 mil em bônus e outros mimos.
Em outros casos, dirigentes que tinham vencimentos na casa dos R$ 40 mil em janeiro tiveram incremento para R$ 70 mil em junho; R$ 82,5 mil em setembro; R$ 140 mil em outubro; e R$ 175 mil em novembro. No fim, totalizou R$ 952.500 no ano. A coluna possui holerites que mostram esses valores.
O valor respingou diretamente nos ganhos do presidente interino, conforme mostrou a coluna no domingo. Ednaldo Rodrigues recebeu R$ 2.163,594,34 da confederação nos últimos três meses de 2021. O valor representa 73,6% de tudo o que faturou em remunerações da CBF ao longo de todos os 12 meses do ano e mostra uma evolução no trimestre final do ano, quando já estava no poder.
Vale dizer que a multiplicação dos salários dos dirigentes vem depois de um dos maiores escândalos dos últimos anos na CBF: o ex-presidente Rogério Caboclo foi afastado por acusação de assédio. Enquanto isso, os bastidores da briga pelo poder na CBF explodiram, de olho na sucessão do cargo de presidência vago.
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