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Diego Garcia

REPORTAGEM

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Em 2021, Justiça não achou nem R$ 1 nas contas de parceiro do Corinthians

Torcida do Corinthians na volta a Neo Química Arena, em Itaquera - Ettore Chiereguini/AGIF
Torcida do Corinthians na volta a Neo Química Arena, em Itaquera Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Colunista do UOL

23/03/2022 04h00

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No ano passado, a Justiça de São Paulo bem que tentou, mas não encontrou nem R$ 1 nas contas da Taunsa, parceira do Corinthians na contratação de que não pagou o clube. O Judiciário também tentou achar bens em nome da empresa, em vão. Carros, imóveis, nada foi encontrado que fosse posse da Taunsa Representações de Máquinas Agrícolas.

A busca aconteceu em processo movido pela Sul America Companhia de Seguros, que tentava receber R$ 9 mil da empresa hoje responsável por uma parceria com o Corinthians. A ação foi movida em fevereiro de 2018. Em março, o juiz Rodrigo Chammes deu 3 dias para a Taunsa pagar a dívida ou oferecer embargos à execução, a partir da citação de um oficial.

Em seguida, após a empresa ser notificada do processo, em julho, o juiz determinou a penhora de dinheiro e aplicações financeiras da empresa, no valor de R$ 11 mil. Naquela ocasião, ainda em 2018, os retornos mostraram R$ 0,00 no saldo das contas bancárias da empresa.

O juiz, então, pediu uma busca no sistema Renajud de veículos em nome da empresa. Foi encontrado um Renault Megane com restrições, pois havia sido transferido.

Assim, em março de 2019, após o "esgotamento de todas as possibilidades de negociação e de localização de bens por outros meios", o Sul America pediu o bloqueio de cartões de crédito e até da Nota Fiscal Paulista em nome da empresa. A Justiça acatou o pedido, enviando ofício às instituições administradoras de cartões de crédito e até a delegacia regional tributária de Araçatuba, sede da empresa.

Contudo, as empresas retornaram dizendo que não tinham registros da Taunsa, tornando impossível o cumprimento da ordem judicial. Em maio, a Sul America mandou petição à Justiça pedindo a suspensão do processo por estar em tratativas para um acordo com a Taunsa. O que não ocorreu.

Em junho de 2019, a Justiça intimou a Taunsa para, em 5 dias, indicar quais e onde se encontram seus bens sujeitos à penhora, sob pena de seu ato ser considerado atentato à dignidade da Justiça, com aplicação de multa. Novamente sem sucesso, em setembro a Justiça deferiu um pedido de indisponibilidade de ativos financeiros até o valor indicado na execução. As contas continuavam sem saldo positivo.

No mês seguinte, após novo pedido da Sul America, a Justiça buscou, mais uma vez, veículos em nome da Taunsa. O mesmo Renault Megane, com restrições por transferência, foi encontrado.

As tentativas continuaram em 2020. Em setembro, a Sul America informou à Justiça a existência de fortes indícios de ocultação patrimonial, em vista a grande dificuldade de localizar bens e o esgotamento das medidas convencionais de localização patrimonial.

Em outubro, a Justiça mandou ofício a ser encaminhado para toda e qualquer pessoa que pudesse ter créditos para entregar à empresa, incluindo instituições financeiras até públicas ou privadas. Nessa altura, a dívida já estava em R$ 20 mil.

Mais uma vez sem êxito após novas tentativas, inclusive de localizar bens em nome da empresa, a Justiça determinou a indisponibilidade de bens em todos os ativos financeiros da Taunsa. A busca nas contas bancárias, porém, encontrou de novo saldos de R$ 0,00.

Finalmente, no dia 14 de abril, "após inúmeras tentativas de encontrar bens em nome do executado", a Sul America desistiu e pediu a suspensão do processo por um ano.

"Diante das diligências infrutíferas na tentativa de localização de bens da executada, acolho o pedido de sobrestamento da ação, nostermos do art. 921, III, do CPC, aguardando os autos provocação do exequente em arquivo", determinou o juiz.

Sobre o tema, a Taunsa afirmou à coluna que "a Taunsa Group e seus sócios nunca se esquivaram de prestar esclarecimentos ao Judiciário. Os processos mencionados são antigos e estão em andamento. A empresa confia plenamente na Justiça e não fará comentários". O Corinthians não se manifestou.

Paulinho teve seu retorno ao Corinthians ligado à parceria do clube com Grupo Taunsa. Recentemente, em entrevista ao programa "Grande Círculo", do SporTV, sem citar o nome da empresa, o presidente corintiano, Duilio Monteiro Alves, disse que um patrocinador paga 100% da remuneração de Paulinho.

A empresa, porém, ainda não fez ao menos parte dos pagamentos que deveria ter realizado para o Alvinegro.