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Liga dos Campeões - 2021/2022

REPORTAGEM

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Vacas, queijos e recordes: Ancelotti está perto de ser o maior técnico

Ancelotti, técnico do Real Madrid, fumando charuto na comemoração do título do Campeonato Espanhol 21/22 - Reprodução/Instagram
Ancelotti, técnico do Real Madrid, fumando charuto na comemoração do título do Campeonato Espanhol 21/22 Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

25/05/2022 11h10

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Ele é o único técnico a conquistar o título das cinco principais ligas da Europa - no caso, Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha e França. É recordista de finais de Liga dos Campeões, com cinco aparições. E está a uma vitória de se isolar como o maior campeão do principal torneio do Velho Continente.

Carlo Ancelotti já atingiu o patamar de ser considerado uma das lendas do futebol europeu. Não poderia ser diferente, daquele que é tido como um dos maiores exemplos de liderança, profissionalismo e elegância em um cargo que por muitas vezes é sinônimo de rigor. Não é o caso de Don Carletto.

A personalidade vencedora do treinador vem bem de antes de ele sentar à frente dos bancos de reservas para comandar elencos milionários em diversos países distintos. Carlo Ancelotti foi um atleta multicampeão na Roma e no Milan. Apesar de um pouco lento, era tido como teimoso e com ótima visão de jogo.

Foram 14 títulos como jogador, todos pelos dois gigantes italianos. Venceu o Scudetto por ambos, sendo em dose dupla no Milan, onde encerrou a carreira. Antes disso, foi tetra da Copa da Itália com a Roma. Pelos rossoneri, ainda faturou duas Ligas dos Campeões e mais duas Copas Intercontinentais.

Foi justamente ao longo dos anos vitoriosos nos gramados do Calcio que Ancelotti conheceu mestres que lhe mostraram a vocação ao qual seria realmente vitorioso: a de treinador. Primeiro, na Roma de Nils Liedholm; depois, no lendário Milan de Arrigo Sacchi. Foi este segundo, aliás, quem lhe mostrou o caminho, mesmo que sem querer.

Sacchi levou Ancelotti para um período como assistenteo da seleção italiana, experiência que revelou ao então futuro treinador uma vocação que ainda desconhecia. Não demorou para que trilhasse seu rumo sozinho. Começou por baixo, no Regiana, da segunda divisão. Depois, no Parma e na Juventus.

Mas foi justamente no seu Milan que chegou ao céu, dez anos depois de encerrar a carreira nos campos pelo mesmo clube rossonero e aventurar-se nos bancos. Com a árdua missão de substituir Fatih Terim, demitido, em período de turbulência no time de Milão.

A partir daí deslanchou: foram oito conquistas nos anos seguintes. Incluindo duas Ligas dos Campeões (2002/03 e 2006/07) e um Mundial de Clubes (2007). Don Carletto havia se encontrado.

Vindo de uma família pobre e natural de Reggiolo, uma cidade rural localizada no norte da Itália, o pequeno Carlo cresceu ajudando o pai no trabalho em pequenas fazendas, cuidando das vacas e na produção de queijos, um dos fortes da região.

Em um ambiente de poucos recursos financeiros, aprendeu a ter tranquilidade, responsabilidade e a importância de fazer com que as coisas sempre fossem encaradas de forma positiva, segundo histórias contadas em sua autobiografia.

Essas características, futuramente, moldaram a carreira de Ancelotti à frente dos maiores clubes do mundo. Nesse cenário ao qual se expôs na infância, por exemplo, aprendeu desde cedo a adaptar-se, o que ajudou a conquistar troféus em cinco países diferentes.

Primeiro, Ancelotti venceu a Série A pelo Milan, na temporada 2003/04; seis anos depois, faturou a Premier League pelo Chelsea; já em 2012/13, levou a Ligue 1 com o Paris Saint-Germain; quatro anos mais tarde, foi a vez da Bundesliga, com o Bayern de Munique; até, enfim, garantir La Liga com o Real Madrid no início deste mês.

Com 62 anos, Don Carletto levantou 21 troféus por cinco clubes que defendeu nos cinco maiores países do futebol europeu: Itália, Inglaterra, França, Alemanha e Espanha. E comandou com maestria muitos dos principais jogadores da história do futebol. Como fez em toda a vida, aprendeu com cada um deles.

Foi com Zinedine Zidane, por exemplo, que Ancelotti resolveu mudar sua forma de pensar o jogo. "Ele mudou a minha ideia sobre futebol, eu estava tão focado antes da Juventus em um 4-4-2 e depois, com Zidane, eu mudei, eu queria colocá-lo na melhor posição para ele para deixá-lo mais confortável em campo", contou, em entrevista à Sky Sports.

E foi assim, com humildade eessa personalidade ímpar, que Ancelotti soube moldar cada um de seus times, extraindo de cada elenco o seu melhor.

Ele pode até não ser considerado estrategista como Guardiola, nem tem o carisma de Jurgen Klopp ou é chamado de Special One como Mourinho. Mas, apenas se apegando aos resultados, Carletto de Reggiolo ganhou absolutamente tudo. E está a 90 minutos de ser o maior de todos os técnicos que já estiveram na Liga dos Campeões.