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Time feminino vai à Justiça contra o Flamengo por R$ 6 milhões em salários
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Pelo menos nove atletas e mais um ex-treinador ligados ao time feminino do Flamengo ingressaram na Justiça contra o clube cobrando salários, multas, impostos e férias pelo período em que defenderam o time rubro-negro, que domina a categoria no Rio de Janeiro.
No total, as cobranças ultrapassam a marca dos R$ 6 milhões e chegaram ao Poder Judiciário do Rio de Janeiro principalmente neste último mês de julho. Elas estão divididas em pelo menos cinco processos espalhados pelos tribunais cariocas.
Seis atletas, que terão seus nomes preservados para não sofrerem represálias no meio do futebol feminino, acionaram a Justiça do Trabalho em conjunto na semana passada. Elas cobram R$ 3,2 milhões do clube por períodos distintos.
Vale citar que o Flamengo possui uma parceria com a Marinha do Brasil para a condução de sua equipe feminina. A sociedade é citada pelas atletas no processo. Elas acusam o clube de utilizarem de seus serviços como atletas militares para defenderem o time de futebol rubro-negro sem quaisquer custos.
Em nome do Fla, elas treinavam e participaram de diversos campeonatos cariocas, brasileiros, Copa do Brasil e viajaram o país com a camisa da equipe rubro-negra, entre 2015 e 2021. Elas alegam que sequer tinham o contrato especial de trabalho desportivo com o clube.
As atletas apontam que, em 2019, após a CBF condicionar a participação das equipes masculinas na Série A à criação de um time feminino, algumas delas tiveram contratos produzidos apenas para o clube dizer que cumpriam as ordens.
Por fim, após que seus períodos de serviço militar fossem concluídos, elas dizem que foram demitidas pelo Flamengo sem que tivessem seus direitos trabalhistas resguardados. Ainda relembram a discriminação com os altos salários da equipe masculina.
No caso, como não ganhavam salários do Flamengo, apenas da Marinha, elas entendem que a Justiça deveria comparar os valores para chegar às quantias devidas a cada uma das jogadoras. Em média, as atletas ganhavam R$ 5,5 mil por servirem como militares.
Dessa forma, o objetivo das meninas é ter seus vínculos empregatícios reconhecidos pela Justiça, ganhando assim direito ao recebimento de férias, 13º, multas na CLT, FGTS e outros direitos trabalhistas garantidos por lei.
As cobranças são semelhantes às de outras três atletas, que entraram com pedidos parecidos na Justiça. Somadas, as ações do trio chegam a cerca de R$ 1,7 milhão. Assim como as colegas, elas terão seus nomes preservados.
O mesmo caminho foi tomado por um dos treinadores do time feminino. Ele alega que só ingressou na Marinha em 2014 após um processo seletivo feito apenas para escolher o técnico da equipe de futebol das mulheres do Flamengo, sem qualquer custo ao clube.
O técnico apresentou súmulas das partidas na CBF com seu nome como representante da equipe e ainda declaração do próprio Flamengo apontando-o como funcionário do clube. Ele aponta que trabalhou na agremiação rubro-negra de 2014 a 2021 e cobra R$ 1 milhão em direitos trabalhistas atrasados.
Desde 2015, quando começou a parceria com a Marinha, o Flamengo domina o futebol feminino do Rio de Janeiro. Foram seis títulos em sete torneios estaduais disputados, e ainda um inédito título brasileiro em 2016, destoando em meio a uma dinastia dos clubes paulistas.
O clube foi procurado para comentar os processos, mas não respondeu até a publicação da reportagem. A coluna será atualizada caso o Flamengo queira se manifestar.
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