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Diego Garcia

REPORTAGEM

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Polícia e MP investigam Zago por possíveis fraudes de R$ 10 milhões

Antônio Carlos Zago hoje é técnico de futebol - Reprodução/ESPN Brasil
Antônio Carlos Zago hoje é técnico de futebol Imagem: Reprodução/ESPN Brasil

Colunista do UOL

02/02/2023 04h00

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A Polícia Civil e o Ministério Público de São Paulo investigam se Antônio Carlos Zago, ex-zagueiro e hoje técnico de futebol, cometeu fraude processual, falsificação de documentos e falsidade ideológica em processos que chegam a R$ 10 milhões.

O inquérito teve início em 2020 e recebeu uma importante atualização na última terça-feira, com um pedido do MP feito para que seja realizada uma perícia em uma série de documentos envolvendo o caso.

A promotora Silvia Marques apontou que ainda existem diligências a serem realizadas e pediu para ouvir testemunhas e analisar documentos para verificar se as assinaturas são falsas ou se existem indícios de fraudes.

A investigação tenta definir se Zago simulou processos na Justiça para que fossem penhorados bens e valores que continuariam em poder da família do jogador, por meio de ações abertas por pessoas próximas e sem a contestação do ex-zagueiro.

Com bens penhorados em processos simulados abertos por amigos e pessoas próximas, Zago evitaria penhoras reais por quantias cobradas pelo seu ex-procurador e ex-amigo pessoal João Assef. Ele ingressou com algumas ações contra o ex-jogador cobrando confissões de dívidas que, à época da abertura dos processos, estavam em torno de R$ 8 milhões.

Zago vem enfrentando uma série de problemas judiciais, com dívidas que chegam a R$ 40 milhões.

No fim de agosto, o Ministério Público indeferiu um pedido da defesa de Zago para arquivar o processo e determinou a realização de diligências pendentes para conclusão do inquérito policial.

No ano passado, inclusive, ele teve penhorado diversos bens pessoais, como troféus, camisetas e flâmulas da época que jogava, além de móveis, moto e outros objetos. Entre os itens está uma Bola de Prata - prêmio da Revista Placar, considerado o mais importante do país - vencida por Antônio Carlos como o melhor zagueiro do Brasileiro de 1993.

Ainda em 2022, em agosto, o juiz Sérgio Moraes, da 5ª Vara Cível de Presidente Prudente, determinou a penhora de 20% de seu salário no Bolívar, clube do qual era treinador.

O advogado Murilo Ramalho, que defende Zago, enviou a seguinte nota à coluna:

"Todas as acusações são denunciações caluniosas realizadas pelo ex-procurador do Antonio Carlos Zago, o Sr. João Carlos Assef. Os processos e os documentos são legítimos, originários de dívidas que o próprio João Carlos Assef contraiu quando era gestor do patrimônio de Antonio Carlos Zago. Recentemente, João Carlos Assef foi condenado a pagar uma dívida que tinha assumido perante ao Banco Sicoob Crevile em nome de Antonio Carlos Zago, no valor atualizado de R$ 12 milhões".

O advogado Matheus Ramsdorf, que representa João Assef, enviou a seguinte resposta à coluna:

"Os fatos ilícitos narrados no inquérito policial, caso confirmados, constituem crimes previstos no código penal, que têm previsão até de reclusão. No caso de eventual prisão do investigado, ele poderá ser mais um ex-atleta a experimentar os rigores da lei".