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Diego Garcia

REPORTAGEM

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Justiça mantém bloqueio em contas de Bigode e detona pedras preciosas

Willian Bigode, Mayke e Scarpa na época em 2021, quando eram companheiros de equipe no Palmeiras - Cesar Greco/Palmeiras
Willian Bigode, Mayke e Scarpa na época em 2021, quando eram companheiros de equipe no Palmeiras Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

Colunista do UOL

29/04/2023 12h00

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Com Ricardo Perrone, colunista do UOL

A Justiça de São Paulo rejeitou um pedido de Willian Bigode para que fossem desbloqueadas suas contas bancárias por um processo movido por Mayke, seu ex-companheiro no Palmeiras.

A penhora é de R$ 7,8 milhões, mas foram bloqueados, até o momento, R$ 1,7 milhões, valor encontrado nas contas do jogador pelo tribunal no momento que teve acesso aos ativos financeiros de Willian.

Em sua decisão, o juiz Christopher Alexander Roisin ainda detonou a garantia dada pela Xland, empresa suspeita de dar golpe nos atletas, e usado pela defesa de Bigode para servir como forma de desbloquear os ativos financeiros do jogador.

"Nestes autos, inexiste garantia real, mas mera cláusula contratual afirmando que o devedor (Xland), que aparentemente deu um golpe nos autores, tinha lastro (de todo duvidoso), apenas como artifício ou ardil para enganar os incautos", disse o magistrado.

Ele citou que a garantia citada por Bigode foi dada "exatamente pela empresa que aparentemente cometeu um crime, que atestou de um dia para o outro, literalmente, que pedras adquiridas por R$ 6 mil valeriam US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões)".

Ocorre que a Xland deu como garantia do investimento dos atletas um lote de 20 quilos de alexandritas que está guardado num dos cofres de uma empresa em São Paulo. Um laudo técnico usado pela empresa para atestar que as pedras cobrem os prejuízos apontados por seus clientes indica que o lote vale US$ 500 milhões, apesar de ter custado R$ 6 mil, segundo a nota fiscal de compra.

"Não é concebível, sem um crime (ato ilícito) ou sem vício do consentimento (ato inválido) a aquisição de pedras que teoricamente valeiram US$ 500 milhões pelo valor de R$ 6 mil", continuou o juiz Christopher Alexander Roisin em sua decisão.

Procurada pela coluna, a defesa de Willian disse: "Não concordamos e oportunamente iremos recorrer ao Tribunal de Justiça para pleitear a modificação da decisão".

Na ação movida por Mayke e sua mulher, Rayanne de Almeida Janeti de Oliveira, o advogado de Willian e suas sócias pedia o desbloqueio de R$ 1.720.897,99 encontrados nas contas de seus clientes. O pedido é sustentado com a afirmação de que o contrato assinado entre eles e a Xland possui garantia - as alexandritas.

O argumento da defesa de Willian para pedir o desbloqueio é que o jogador do Palmeiras e sua mulher aceitaram a garantia oferecida pela Xland em caso de inadimplência. Então, ela serve agora para assegurar que eles não terão prejuízo. Assim, não seriam necessários os bloqueios.

Júlio Leão, advogado da Xland, afirmou que a empresa vai rebater a afirmação do juiz em juízo, colocando as pedras à disposição para serem periciadas. A defesa da Xland vai anexar ao processo uma declaração do presidente da Ordem dos Peritos do Brasil afirmando que a perita que avaliou as pedras dadas como garantia está cadastrada na entidade e que nada consta em seu prontuário que a desabone. Também será anexada declaração de um perito forense gemólogo atestando que o laudo que indicou o valor das pedras seguiu protocolos nacionais e internacionais. O documento indica também que a avaliação foi feita com base em tabelas nacional e internacional. A declaração diz ainda que o valor "real" só poderá ser obtido depois de as alexandritas serem lapidadas e classificadas.

Entenda o caso da Xland com os jogadores

A Xland virou pivô do noticiário esportivo e policial nos últimos dias, por ter feito Scarpa e Mayke irem à Justiça não só contra a empresa, mas também contra o ex-companheiro de Palmeiras Willian Bigode.

Os jogadores dizem que receberam a indicação da Xland por meio da empresa WLJC Consultoria, que tem Willian Bigode como sócio. Mayke diz que investiu R$ 4,5 milhões, e deveria ter um retorno de R$ 3,2 milhões. Scarpa, por sua vez, colocou R$ 6,3 milhões na Xland.

Nenhum dos dois, contudo, conseguiu receber as quantias de volta quando tentaram reaver os investimentos. Eles dizem que tinham uma relação de amizade com Willian. Por isso, depositaram suas confianças no jogador, que posteriormente os indicou à Xland para realizarem os investimentos.

No caso de Mayke, ele era, inclusive, cliente da WLJC. Em nota enviada à reportagem, Willian Bigode e a empresa WLJC se disseram vítimas da Xland, tendo realizado investimentos de R$ 17,5 milhões que, mesmo tendo o pedido de resgate sido feito em novembro do ano passado, até hoje não foram devolvidos.