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Diego Garcia

REPORTAGEM

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Empresa indica que Belo cobrou show antecipado para não pagar Denilson

O cantor Belo e o ex-jogador Denilson travam briga jurídica desde 2000 - Reprodução/Instagram
O cantor Belo e o ex-jogador Denilson travam briga jurídica desde 2000 Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

06/07/2023 04h00

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Em briga judicial com o ex-jogador Denilson há mais de 20 anos, o cantor Belo recebeu cachê adiantado de um show para não levar penhoras por causa da dívida com o pentacampeão. Isso foi o que declarou à Justiça uma empresa que comercializa ingressos, após ser intimada a depositar em juízo valores referentes a uma apresentação do músico em São Paulo.

Em 2021, Belo se apresentou no show "Todas as Tribos", que seria realizado em 20 março no Espaço das Américas, zona oeste de São Paulo, mas foi adiado para 31 de julho do mesmo ano por causa da pandemia. O músico recebeu seu cachê no dia 28 de junho, mais de um mês antes de sua apresentação na capital paulista.

A Justiça havia decidido, em 21 de julho de 2021, que as empresas responsáveis pela venda de ingressos deveriam depositar os valores referentes ao show. A Ticket 360 diz ter vendido 1832 ingressos para aquele evento, com arrecadação de R$ 279.337,80. A empresa, porém, já havia depositado todos os valores recebidos em favor da produtora do evento antes mesmo de ter conhecimento da ordem judicial.

Assim, a Ticket 360 ainda apontou que não tinha vínculo contratual com Belo, somente com a produtora do evento, e que, segundo o contrato da produtora com a empresa de Belo, o cantor recebeu seu cachê pelo show de forma antecipada, acordado em R$ 40 mil.

Dessa forma, a Ticket 360 afirmou ao juiz que não tinha como depositar valores que não pertencem ao músico, já que a venda de ingressos seria da produtora do evento, que pagou antecipado à empresa de Belo.

"Infelizmente, ao que tudo indica, o executado (Belo), ciente de que sofre a presente execução (processo movido por Denilson), não admite receber após a realização do show e exige o pagamento de forma antecipada, de forma a burlar qualquer tipo de penhora!", apontou a defesa que representava a Ticket 360 na época, em resposta ao ofício enviado pela Justiça.

A briga entre Denilson e Belo rendeu dezenas de bloqueios em direitos autorais e shows do músico nos últimos anos, em penhoras que superam a casa de R$ 1,7 milhão, em valores corrigidos, segundo informou a defesa do artista à Justiça.

O último deles foi em um show com o cantor Thiaguinho, no estádio do Pacaembu. A Justiça havia determinado a penhora de 15% da renda obtida com a bilheteria do show para ser destinada ao pagamento da dívida com Denilson.

A Ticket 360, então, prestou contas ao tribunal de que arrecadou R$ 786.685 com as vendas de ingressos. Porém, R$ 737.880,42 foram retirados para custos da operação ou pagamentos listados com o objetivo de viabilizar a realização do evento.

O que sobrou, então, foram R$ 34.857,84 para repassar à dívida. Como a decisão previa o depósito de 15%, a empresa transferiu R$ 5.228,67 a uma conta vinculada ao processo, no dia 15 de setembro do ano passado.

Repasses do tipo vêm sendo comuns há muitos anos na briga envolvendo Denilson e Belo. Em 2021, por exemplo, a Empresa Brasileira de Comercialização de Ingressos (EBCI) apresentou planilha onde tinha transferido mais de R$ 120 mil naquele ano para o pagamento da dívida.

Existe uma divergência do valor atual da dívida de Belo com Denilson. Em resposta um recente recurso no processo, o artista obteve sucesso, e a relatora Silvia Rocha, da 29ª Câmara de Direito Privado, analisou que "parece haver mesmo excesso nos valores cobrados pelo agravado (Denilson)".

O ex-jogador acredita que, em 2019, a dívida já estava em R$ 7 milhões. Belo, por sua vez, admitiu o débito em R$ 4,9 milhões, em 2021. Ambos os valores precisam passar por correção monetária e ter o acréscimo de juros.

A briga entre Denilson e Belo se arrasta há mais de 20 anos. O ex-jogador gerenciava a banda de pagode Soweto, que tinha o cantor como líder, mas a parceria foi rompida em 2000, quando Belo deixou o grupo para dar início a uma carreira solo. O ex-jogador processou o cantor por quebra de contrato. Em 2004, Belo foi condenado a pagar uma indenização ao ex-jogador.

A coluna tentou contato com Belo para comentar o processo, mas não conseguiu resposta. A reportagem será atualizada caso o músico queira se manifestar.