Diego Garcia

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No dia do 1º ano sem Pelé, Brasil virou a grande piada do futebol mundial

Justamente no dia que se completa 1 ano da morte do maior camisa 10 de todos os tempos, o Rei do Futebol, Pelé, a seleção recebeu o golpe de misericórdia que a confirma como a maior piada do mundo em 2023.

Ancelotti fica no Real Madrid até junho de 2026, em anúncio feito pelo clube espanhol na manhã desta sexta. Oficialmente, está fora da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo dos EUA, Canadá e México.

A CBF dizia a todos que estava fechada com o treinador a partir do meio de 2024. Alguém viu o contrato com a assinatura de Ancelotti? Pois quem acerta algo com 1 ano de antecedência, e sem assinar absolutamente nada? Simplesmente não existe.

Ancelotti é inteligente. Sabia onde poderia se meter. Apenas confirmou a suspeita quando leu noticíários mostrando a queda nos tribunais do presidente que dizia para todos que estava acertado com o treinador, mas não estava.

Ednaldo Rodrigues foi o responsável por mais esse vexame internacional. O agora ex-presidente conseguiu deixar a maior seleção do mundo por 1 ano sem técnico, endividou uma entidade bilionária na praça, a ponto de deixá-la com classificação de empresa quebrada no Serasa - ele alega que as dívidas, todas pequenas, mas que chegam a R$ 2,5 milhões, eram de contratos duplicados ou sem comprovação -, e fechou um serviço milionário de transporte com a microempresa de seu motorista - ao qual ele diz que realizou licitação.

Mas o fato de ele ser um mau presidente não o derrubou. Acabou colecionando desafetos e sofreu um vergonhoso e injusto golpe judicial. Normal, só mais um dia em uma CBF cheia de escândalos e ex-presidentes banidos. Ainda vai dar pano pra manga. A intervenção judicial pode excluir a seleção e os clubes brasileiros de torneios internacionais, segundo ameaçam Fifa e Conmebol.

Com ou sem Ednaldo, a seleção brasileira é, hoje, uma grande vergonha. Motivo de riso e chacota mundial. Não tem presidente, não tem diretor, não tem técnico, não tem camisa 10.

O herdeiro da mística camisa de Pelé está em um navio que leva seu nome, com festas 24 horas por dia, cheio de parças e subcelebridades, em mais uma ação de marketing que o fez faturar milhões. Uma carreira de muitas cifras e nenhum título de relevância com a 10 do Rei. Vale lembrar, Neymar está se recuperando de uma grave lesão, enquanto toca pandeiro em pagodes sem fim em alto mar. Virou manchete no planeta inteiro.

O eterno "menino" Ney - que, diga-se de passagem, está prestes a completar 32 anos - vem sentindo na pele uma vida extracampo muito bem aproveitada. É um direito dele. Com certeza, divertiu-se demais. Deve ter sido feliz. Mas, em uma era de superatletas, o corpo cobra. Sofre cada vez mais lesões e tem ausências frequentes em jogos importantes. Infelizmente, já entrou na reta final da carreira. Fez só 17 jogos em 2023.

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De quebra, Neymar é o primeiro brasileiro a atuar na obscura Arábia Saudita que veste a camisa da seleção brasileira. E ainda usa a maior de todas. Convenhamos, é o 10 que merecemos.

E tudo isso acontece em um ano em que a seleção teve um desempenho dentro de campo horrível, ridículo, desastroso.

Pela primeira vez em 60 anos, o Brasil teve uma temporada em que saiu mais vezes derrotado do que com uma vitória nas contas. Ao longo de 2023, foram três triunfos, um empate e nada menos que cinco reveses.

A seleção começou o ano com um técnico interino, perdendo para Marrocos e Senegal. Terminou ainda sem treinador efetivo, sem vencer há 4 jogos pelas Eliminatórias, perdendo em casa pela primeira vez na história do torneio e sendo derrotada para a Colômbia pela primeira vez na competição.

E logo depois de um fim de 2022 onde fomos eliminados pela Croácia nas quartas do Mundial do Catar, depois de perdermos para um africano (Camarões) pela primeira vez em Copas. Quatro anos depois de cairmos para a Bélgica. E oito após o 7 a 1.

Sem contar que o Fluminense, campeão da América, foi atropelado pelo Manchester City na final do Mundial. E seu treinador, Fernando Diniz - que também é o interino da seleção brasileira -, exaltou que dominou o adversário por 15 minutos. Não vencemos o torneio desde 2012, quando o Corinthians bateu o Chelsea.

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Enfim, 2023 finalmente chegou ao fim, confirmando o pior ano da história da seleção brasileira. Calma, não acabou: o Brasil está em sexto nas Eliminatórias. Parece impossível ficar de fora de uma Copa onde 6 de 10 sul-americanos se classificam direto, mas a CBF está aí pra mostrar que o fundo do poço é sempre maior do que imaginamos.

Quando Maradona morreu, em novembro de 2020, jogadores e nomes históricos do futebol argentino o homenagearam e compareceram ao seu velório. Era o mínimo que deveriam fazer. Pelé não recebeu a mesma atenção de ex-campeões brasileiros quando chegou sua vez. Foi simplesmente ignorado, no que foi a primeira vergonha do futebol brasileiro em 2023.

Após a morte de Maradona, a Argentina uniu o país, inflamou sua seleção e fez renascer seu futebol, quebrando o jejum de títulos que vinha desde 1993 ao vencer a Copa América - batendo o Brasil na final no Maracanã - de 2021. No ano passado, fez bonito e levou o Mundial no Catar.

O oposto do que acontece por aqui. Pelé morreu há exatamente 1 ano e, de onde estiver, deve estar agonizando com o que está acontecendo com a seleção. O legado do maior de todos vem sendo envergonhado por falsos ídolos, péssimos dirigentes e um abismo cada vez maior.

Que os deuses do futebol nos protejam em 2024. Feliz ano novo!

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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