Diego Garcia

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Neto reafirma racismo de Sampaoli à Justiça e pede para não se retratar

Ídolo do Corinthians e apresentador da TV Bandeirantes, Neto entrou com recurso para reverter uma decisão que o condenou a indenizar o técnico Jorge Sampaoli, ex-Flamengo e Santos, em R$ 500 mil, por uma acusação de racismo feita em seu programa.

Na apelação, a qual a coluna teve acesso, Neto reafirmou que Sampaoli, quando era técnico do Santos, proibia a entrada do preparador de goleiros Arzul nos vestiários no Santos, sob o pretexto de não fazer parte do staff.

"Como não fazia parte do staff se era preparador de goleiros? Coincidentemente, Arzul era o único preto da comissão técnica e o único proibido de entrar no vestiário", reafirmou Neto, por meio de seus advogados.

Ocorre que o técnico Jorge Sampaoli entrou na Justiça em junho deste ano cobrando R$ 500 mil de Neto por falas proferidas ao vivo em seu programa na TV Bandeirantes.

Durante seu programa, Neto acusou Sampaoli de racismo contra Arzul durante a passagem do argentino pelo Santos. "Vocês dão moral para um cara como esse, que muitas vezes tratou as pessoas de uma maneira tão racista, de uma maneira tão hipócrita", disse o apresentador do 'Os Donos da Bola' em 18 de abril.

Arzul foi ouvido em audiência do processo e, segundo consta na sentença, afirmou que Sampaoli sempre o tratou muito bem, negou ter sofrido racismo e apontou possuir afinidade pessoal com o argentino, mas rejeitou um pedido para que as partes não ofendam mais o treinador.

Em novembro, o juiz Cassio Pereira Brisola, da 1ª Vara Cível de Pinheiros, no Tribunal de Justiça de São Paulo, foi o responsável por tomar a decisão que condenou Neto, em primeira instância. O magistrado também determinou que Neto e a Bandeirantes se retratem publicamente.

"Revela-se que o primeiro requerido [Neto] não praticou o bom jornalismo deixando de confirmar a veracidade do fato que lhe foi repassado por uma fonte. Desta feita, o primeiro requerido deixou de bem informar os telespectadores do seu programa ao disseminar a indesejada 'fake news', em prejuízo à reputação da parte", apontou trecho da decisão.

Em seu recurso apresentado no dia 18 de dezembro, Neto apontou que Arzul pode ter negado a atitude racista por medo de represálias, por, "mais uma vez, ter se sentido oprimido e temeroso de confirmar explicitamente o racismo, temeroso de ser processado", como o próprio apresentador foi.

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O ídolo do Corinthians também lembrou de Serginho Chulapa, que "tornou público o racismo de Sampaoli, mencionando a forma pela qual tratava as pessoas no Santos. Citou ainda que o argentino até mesmo desviou dele na praia para não cumprimentá-lo".

Em sua defesa, Neto acrescentou que "a sociedade não pode mais 'passar pano' para atitudes racistas, por isso a veemência na crítica" feita a Sampaoli. O apresentador diz que apenas exerceu seu dever de informar o público um conteúdo de interesse público, o que, "nessa situação, foi feito de forma impiedosa e enfática".

Por fim, o ex-jogador pediu que, caso não consiga afastar integralmente a condenação, que possa ao menos reduzir o valor, considerado excessivo, e ainda ser completamente afastado o pedido de retratação feito por Sampaoli.

A coluna tentou contato com os staffs de Neto e Sampaoli, mas não obteve resposta. A reportagem será atualizada caso as partes queiram se manifestar.

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