Sampaoli diz na Justiça que Neto faz fofoca para aumentar audiência
O técnico Jorge Sampaoli rebateu o apresentador Neto na Justiça de São Paulo. Por meio de seus advogados, o argentino disse que o ex-jogador o acusa de racismo para elevar a audiência de seu programa, que pratica "falsa empatia", interpretando situações em benefício próprio e ainda que "jornalismo não é fofoca" e exige fonte confiável.
Em documento enviado ao tribunal, Sampaoli afirmou que o ex-jogador do Corinthians "propaga inverdades" na televisão. Segundo os advogados do argentino, houve uma "falha investigativa" por parte de Neto que o levou a ofender Sampaoli sem qualquer comprovação de suas alegações.
Sampaoli diz que Neto nunca esteve nos bastidores do Santos, onde o apresentador alega ter existido racismo contra o preparador de goleiros Arzul, e que, portanto, nunca presenciou um ato racista por parte do treinador.
"Neto juntou informações aleatórias, desconexas e fora de contexto para concluir uma situação da qual ele não tem conhecimento de fato, uma vez que não presenciou", afirmou o treinador à Justiça. Segundo ele, tudo não passou de uma "fantasia" do apresentador, o que foi "conivente para elevar a audiência do programa".
O treinador negou mais uma vez ter sido racista e apontou que Neto não tem o direito de falar pelos outros, nem de usar outra pessoa "para ficar no centro das atenções de uma falsa empatia". Além do que, pegar uma frase isolada do contexto - segundo alega Sampaoli ter feito o apresentador - e dizer que foi ato racista é "ainda pior para o jornalismo brasileiro".
Mais uma vez, o técnico negou "ter impedido Arzul de entrar no vestiário do Santos por ser preto", e que as divergências no time do Santos, time que treinou em 2019, não tinham relação com racismo. Apontou que os ânimos costumam estar aflorados no futebol e discussões acontecem, sem que exista qualquer prova de que, mesmo assim, ele tenha praticado comportamento racista.
"Se assim o fosse, em todos os jogos poderíamos presumir comportamentos racistas, bastando apenas que duas pessoas estivessem discutindo durante um jogo", defendeu o treinador. "Jornalismo não é fofoca. Não é 'fiquei sabendo'. Não é 'me falaram'. Exige fonte confiável, elementos, provas. Não pode sair falando o que der na telha".
O argentino ainda citou o passado de Neto, dizendo que se Neto tivesse exposto sua opinião de forma clara, falaria também de quando se desentendeu com diversas pessoas do futebol e muitas vezes se expôs de forma constrangedora. "A certeza da superioridade é tanta que nem o Judiciário é capaz de assustá-lo", diz Sampaoli.
O argentino classificou o programa de Neto na Bandeirantes como "uma discussão entre adolescentes do ensino médio, no qual Sampaoli sequer teve o direito de resposta. Parecia uma cena de 'bullying'. Foi acusatória, ofensiva, agressão verbal".
Sampaoli diz que Neto quer apenas "chamar a atenção" e questiona: "se uma pessoa não fala com a outra, a evita ou não quer conversar é racista? Então, toda a população mundial deveria ser processada, pois todo mundo já fez isso e posso garantir que não estava relacionado à cor da pele".
Por fim, lembrou que foi chamado de "idiota" e "pinto pequeno", o que demonstra "puro e simples ódio gratuitamente". Para ele, Neto "aproveitou o ensejo para transmitir toda sua raiva e tentar acabar com sua reputação".
O que diz Neto
Logo após a defesa de Sampaoli, o apresentador apresentou petição pedindo ao tribunal para que sua defesa possa sustenta sua tese oralmente, sendo contrário ao julgamento formal do feito.
O apresentador já havia entrado com recurso para reverter uma decisão que o condenou a indenizar o técnico Jorge Sampaoli, ex-Flamengo e Santos, em R$ 500 mil, por uma acusação de racismo feita em seu programa.
Na apelação, a qual a coluna teve acesso, Neto reafirmou que Sampaoli, quando era técnico do Santos, proibia a entrada do preparador de goleiros Arzul nos vestiários no Santos, sob o pretexto de não fazer parte do staff.
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Quero receber"Como não fazia parte do staff se era preparador de goleiros? Coincidentemente, Arzul era o único preto da comissão técnica e o único proibido de entrar no vestiário", reafirmou Neto, por meio de seus advogados.
Jorge Sampaoli entrou na Justiça em junho deste ano cobrando R$ 500 mil de Neto por falas proferidas ao vivo em seu programa na TV Bandeirantes.
Durante seu programa, Neto acusou Sampaoli de racismo contra Arzul durante a passagem do argentino pelo Santos. "Vocês dão moral para um cara como esse, que muitas vezes tratou as pessoas de uma maneira tão racista, de uma maneira tão hipócrita", disse o apresentador do 'Os Donos da Bola' em 18 de abril.
Arzul foi ouvido em audiência do processo e, segundo consta na sentença, afirmou que Sampaoli sempre o tratou muito bem, negou ter sofrido racismo e apontou possuir afinidade pessoal com o argentino, mas rejeitou um pedido para que as partes não ofendam mais o treinador.
Em novembro, o juiz Cassio Pereira Brisola, da 1ª Vara Cível de Pinheiros, no Tribunal de Justiça de São Paulo, foi o responsável por tomar a decisão que condenou Neto, em primeira instância. O magistrado também determinou que Neto e a Bandeirantes se retratem publicamente.
A coluna procurou as partes, que não comentaram.
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