Zagallo: cuidadora fala em assédio moral em processo contra família
Uma enfermeira, responsável por cuidar de Mario Jorge Lobo Zagallo em seus momentos finais de vida, abriu uma ação por assédio moral contra Mario Cesar, filho caçula do Velho Lobo, e cobra uma indenização da família do ex-jogador e ex-treinador da seleção brasileira.
O processo corre em segredo de Justiça no Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro. A enfermeira pede R$ 328.115,27 do espólio deixado por Zagallo e do filho caçula, que, segundo ela, coordenava diretamente suas funções enquanto trabalhava com o ex-técnico. A reportagem tentou contato com Mario Cesar e com sua advogada. Nenhum deles respondeu a mensagens e ligações.
Zagallo morreu em janeiro deste ano, aos 93 anos de idade. A enfermeira diz que estava no hospital cuidando dele até o dia da morte. Ela ingressou com a ação em abril, cobrando FGTS, multa, 13º, férias proporcionais e vencidas, diferenças salariais, verbas rescisórias, horas extras e indenização por assédio moral.
Segundo a enfermeira, durante a pandemia, a funcionária da limpeza deixou de ir ao apartamento. Então, ela passou a ter que realizar serviços além do seu escopo, como limpeza do banheiro, passar roupas e preparo das refeições de Zagallo. Tudo isso diante de um ambiente de trabalho "hostil e humilhante".
Em sua versão, o filho de Zagallo dava "ordens agressivas" para o cumprimento das novas obrigações, "muitas vezes acompanhadas de gritos".
Ela mencionou que, em um grupo de WhatsApp feito pelo empregador, Mario Cesar passou a fazer comentários depreciativos. Começou a sugerir que a enfermeira deveria realizar tarefas extras enquanto Zagallo dormia, além de expor vídeos de sujeira no banheiro com acusações de má higienização. Isso aconteceu em um dia em que a profissional precisou levar o idoso, com suspeita de infecção, às pressas ao hospital.
"Foi submetida a uma série de constrangimentos, humilhações e exposições indevidas. A dependência do salário para seu sustento pessoal a tornou vulnerável à situação abusiva, obrigando-a a tolerar o ambiente hostil", diz o processo.
A enfermeira afirma que, quando passou por entrevista de emprego para a vaga de cuidadora de idoso, em julho de 2017, Zagallo estava lúcido, mas dependia de auxílio para serviços básicos de locomoção, alimentação e higiene pessoal. O salário era de R$ 2.400, com 6 plantões por mês de 24 horas realizados na casa de Zagallo, mais um acréscimo de R$ 400 por plantão emergencial ou excedente. A enfermeira diz que foi dispensada em 5 de janeiro deste ano, por ocasião da morte do ex-jogador.
A coluna tenta contato com Mario Cesar, que também é inventariante da herança de Zagallo, desde a segunda-feira, mas ele não respondeu às mensagens ou ligações. A reportagem ainda ligou para o escritório de sua advogada no espólio, mas, segundo informado, ela não tem ido ao local, e não tinham autorização para passar seu contato direto.
A coluna também procurou a enfermeira, mas sua defesa afirmou que, no momento, não vai se manifestar.
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