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Ex-lateral da seleção é investigado por estelionato após denúncia de agente

O lateral Emerson Royal, do Tottenham e com 19 convocações à seleção, a última delas no fim de 2023, está sendo investigado por estelionato, associação criminosa e fraude processual. A Polícia Civil de São Paulo o convocou para prestar depoimento.

O inquérito apura uma denúncia feita pelo empresário André Cury e sua empresa, Link Assessoria, de que o atleta obteve vantagem ilícita contra ele em um procedimento na CNRD, órgão ligado à CBF que intermedeia desentendimentos entre clubes, jogadores e agentes. Em contato com a coluna, os advogados de Emerson disseram que as acusações são infundadas.

O 15° Distrito Policial (Itaim Bibi) instaurou inquérito policial e informou que "a autoridade policial analisa documentos e realiza oitiva dos envolvidos, incluindo o investigado (Emerson Royal), visando o esclarecimento dos fatos". Os representantes de Royal querem sigilo no inquérito.

Debora Trombeta, advogada de Emerson, confirmou à coluna que a origem das acusações é um processo na CNRD, que terminou com uma condenação ao atleta e ao empresário André Cury: "Ressaltamos que trata-se de um inconformismo contra uma decisão já transitada em julgado. As acusações são infundadas e, no momento oportuno, serão devidamente esclarecidas pelo atleta", continuou a advogada.

Zulu, pai do lateral e que também está sendo investigado no suposto esquema, se manifestou. Por meio da assessoria do jogador, ele acusou Cury: "esse ex-empresário está manipulando e usando a assessoria para passar desinformação com o intuito de prejudicar a imagem do Royal com acusações infundadas". O agente informou que não iria se manifestar.

Entenda o caso

- Em 2019, as empresas G3 e Argos, que representavam Emerson Royal no início da carreira, entraram com um processo administrativo no CNRD pedindo uma condenação do atleta e da Link Assessoria, do empresário André Cury, por quebra contratual;

- Durante o processo, Cury, então agente de Royal, acusou o atleta de se unir à G3 e à Argos para prejudicá-lo e fazê-lo arcar com as custas de uma eventual condenação. Isso teria acontecido após a elaboração de um acordo sigiloso entre o atleta, seu pai, as empresas e advogados, segundo o agente.

- No acordo, Emerson e seu pai, unidos à G3 e Argos, teriam conseguido de Cury um termo de responsabilidade que fazia a Link ser a única responsável por qualquer multa contratual, o que havia sido uma condição para ele assinar um novo contrato de representação com Cury.

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- Apesar da assinatura do termo, Emerson assinou com outra empresa e ainda encaminhou o documento à G3 e Argos, que anexaram ao processo na CNRD. Na mesma época, ele trocou de advogada, que era a irmã de Cury, e assinou com um terceiro advogado, que estaria ciente do plano arquitetado para culpar a Link.

- Em outubro de 2023, a CNRD condenou Emerson Royal ao pagamento da multa de 600 mil euros, com Cury entrando como devedor solidário, ou seja, devendo arcar com as custas caso o atleta não o fizesse.

- Em seguida, a Argos e a G3 entraram na Justiça contra Cury cobrando o pagamento integral da dívida. Apesar de Emerson ter sido igualmente condenado na CNRD, ele não foi processado.

- Na mesma época, as empresas disseram ao UOL que não processaram Emerson pois ele reside fora do país, o que faria o processo demorar, mas afirmaram que fariam isso em ocasião posterior.

- No início de dezembro, André Cury, denunciou G3, Argos, Emerson, seu pai e os advogados à Polícia Civil, acusando conluio entre as partes, com os crimes de estelionato, associação criminosa e fraude processual.

- Em 26 de dezembro de 2023, o delegado José Eduardo Jorge pediu a instauração de um inquérito.

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- Em fevereiro deste ano, o Ministério Público se manifestou e pediu que as partes mencionadas fossem chamadas para depoimento

- No último dia 17, a polícia convocou o jogador e seu pai para prestarem esclarecimentos;

- A polícia também enviou ofício à CNRD para esclarecer os fatos ocorridos no procedimento.

Reportagem

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