Diego Garcia

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Reportagem

Cavalo de Marcelinho matou menino em 98 e pais tentam indenização até hoje

Há 26 anos, no início de 1998, o menino Cristiano, de 17 anos, conseguiu um trabalho como ajudante no sítio do astro Marcelinho Carioca, então ídolo do Corinthians. A alegria pelo novo emprego, porém, durou pouco: o garoto morreu 4 meses depois, pisoteado por um cavalo de raça do jogador enquanto cumpria um serviço.

O caso é pouco conhecido, mas, até hoje, o casal de idosos Servio Machado e Pedra Batista, de 73 e 67 anos de idade, tentam receber uma indenização de Marcelinho pela morte do filho dentro de seu sítio e por um de seus cavalos.

Eles foram à Justiça em julho de 1998, três meses depois de perderem o filho e venceram em todas as instâncias. A última delas foi há 15 anos, e desde então eles vêm tentando de todas as formas receberem o valor que teriam direito. Nesse meio-tempo, o advogado principal morreu, e seu filho, Vitor de Camargo Holtz Moraes, passou a representá-los.

A sentença em primeira instância diz que Marcelinho contratou um menor de idade, inexperiente com animais e sem nível sócio cultural para realizar as tarefas às quais foi submetido. Nem a fazenda de Marcelinho possuía estrutura para criar cavalos, ou sequer seu gestor direto. O garoto recebia um salário de R$ 180 por mês para trabalhar no sítio.

"O fato de amarrar a outra ponta na cintura demonstra inexperiência,acrescido ao nível sócio-cultural da vítima, fator a ser considerado, pois é notório que a falta de educação, a pobreza faz com que a pessoa não tenha um discernimento muito claro no tocante ao risco da atividade, devendo o empregador ser cauteloso ao designar certas tarefas, primando pelo treinamento e esclarecimento, o que não aconteceu", disse o juiz.

A Justiça entendeu que Marcelinho, apesar de não estar no local no momento do acidente e não ser quem ocasionou diretamente a morte do menino, causou sofrimento e dor à família de Cristiano, por ser o dono do local e responsável por tudo que poderia acontecer. A capacidade financeira do então jogador e dos pais do garoto também foram levadas em consideração. Ele foi condenado, na ocasião, a pagar R$ 100 mil de indenização.

Mais de 23 anos se passaram. Marcelinho conseguiu anos depois reformar a condenação para pagar metade do valor, depois sofreu nova derrota, e por quase uma década a ação ficou estacionada no Superior Tribunal de Justiça, que emperrou na hora de decidir se a briga deveria acontecer nos tribunais cíveis ou do trabalho.

Por muitos anos, os advogados dos pais de Cristiano também tentaram diversas vezes encontrar bens em nome de Marcelinho para penhorarem, mas foi em vão, fato que é comum em processos movidos contra o idolo do Corinthians. O ex-jogador jamais procurou o casal para prestar qualquer assistência ou fazer qualquer acordo. Servio se aposentou como coletor de lixo da Prefeitura de Sarapuí, e Pedra sobreviveu como trabalhadora doméstica. Eles criaram 10 filhos.

O advogado Vitor de Camargo Holtz Moraes confirmou as informações à reportagem. Atualmente, segundo consta em informações nas mais de 1500 páginas do processo, a dívida está em mais de R$ 550 mil. A reportagem procurou o staff de Marcelinho para comentar as informações, mas não obteve resposta. A reportagem será atualizada caso o ex-jogador queira se manifestar.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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