Cuidadora de Zagallo pede R$ 190 mil por 'ambiente de trabalho humilhante'
Uma cuidadora que foi à Justiça contra o espólio de Mario Jorge Lobo Zagallo afirmou em audiência que quer R$ 190 mil da família do ex-técnico da seleção brasileira.
Esse é o valor que a mulher admitiu receber em um eventual acordo, por processo trabalhista movido no Rio de Janeiro desde o início deste ano.
A família de Zagallo, por sua vez, ofereceu apenas R$ 18 mil, o que foi rejeitado. A audiência foi realizada na 42ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro.
A enfermeira também apontou que não tinha condições adequadas para descanso enquanto cuidava do ex-jogador da seleção, que morreu no início deste ano.
Segundo a mulher, ela era obrigada a dormir no mesmo quarto que ele, em um colchão que ficava junto ao chão. A cuidadora disse que era constantemente acordada para ajudar Zagallo a ir ao banheiro, atividade que ele não podia realizar sozinho.
Ela usou essa alegação para dizer que estava à disposição 24 horas por dia, mesmo enquanto deveria descansar. A dependência de Zagallo era tanta, segundo a enfermeira, que ela não podia se ausentar sequer para realizar suas refeições.
Ela também acusou o filho de Zagallo, Mário César, de "utilizar um tom ríspido e ofensivo", no que classificou como "um ambiente de trabalho hostil e humilhante", com uma "conduta abusiva" que configurava assédio moral.
Inicialmente, a enfermeira pedia no processo R$ 328.115,27 da herança deixada por Zagallo e do filho caçula, Mario Cesar, que coordenava diretamente suas funções enquanto ela trabalhava com o ex-técnico.
A ação corre em segredo de Justiça no Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro e foi aberta depois de Zagallo morrer, em janeiro deste ano, aos 93 anos de idade.
A enfermeira diz que estava no hospital cuidando dele até o dia da morte. Ela ingressou com a ação em abril, cobrando FGTS, multa, 13º, férias proporcionais e vencidas, diferenças salariais, verbas rescisórias, horas extras e indenização por assédio moral.
Segundo a cuidadora, durante a pandemia, a funcionária da limpeza deixou de ir ao apartamento. Então, ela passou a ter que realizar serviços além do seu escopo, como limpeza do banheiro, passar roupas e preparo das refeições de Zagallo.
Em sua defesa, à Justiça, o espólio de Zagallo disse à Justiça que a enfermeira dispunha de acomodação privativa e não passava 24 horas de dormir, tendo pausas alimentares. Apontou que ela trabalhava em um plantão por semana, no máximo, que poderia durar 12 ou 24 horas, sendo substituída por outra cuidadora.
Também afirmou que a alegação de assédio moral é inverídica, uma vez que as partes "jamais teriam violado qualquer direito relativo à personalidade da autora da ação". Acrescentou que as provas - mensagens, fotos e áudios de WhatsApp - estão "fora de contexto", e que a relação de emprego é inexistente.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.