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Corinthians: Polícia abre inquérito e investiga desvios no Fiel Torcedor

A Polícia Civil de São Paulo instaurou a abertura de um inquérito para investigar denúncias de desvios e irregularidades na gestão do programa Fiel Torcedor, do Corinthians.

A investigação corre sob sigilo, junto à Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

A informação foi confirmada ao UOL pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. O órgão apontou que o inquérito está sob sigilo e que "detalhes serão preservados para garantir a autonomia do trabalho policial".

O clube vem colecionando dezenas de denúncias de reclamações de seus torcedores pelo funcionamento do Fiel Torcedor. O assunto gerou discussões em reuniões do Conselho do Corinthians nas últimas semanas e é constantemente mencionado em redes sociais, pela dificuldade dos membros do programa de conseguirem entradas.

Em nota oficial, o Corinthians afirmou que "o clube não tomou conhecimento da abertura de nenhum inquérito. No entanto, o clube trabalha para combater todo tipo de irregularidade na compra e venda de ingressos, com a implementação de sistemas de biometria e reconhecimento facial".

O caso não é o primeiro em curso na Polícia Civil em cima do Corinthians. Em outros inquéritos, as autoridades investigam lavagem de dinheiro e crime organizado — no caso envolvendo uma antiga patrocinadora, a Vai de Bet.

Até o momento, segundo informações que chegaram à coluna, cerca de 40 boletins de ocorrência foram abertos para reclamar do Fiel Torcedor. Tanto que Marcelo Munhos, responsável pela área de tecnologia do clube, foi chamado para depor e compareceu ao 65º DP no último dia 18.

No depoimento, segundo consta em termo de declarações, Munhos disse que o clube identificou sites clonados que podem ter sido usados para roubar dados de torcedores.

Ainda apontou que o Corinthians contratou uma empresa que monitora sites que se passam pelo oficial do clube. Inclusive, obtiveram sucesso na identificação dos supostos golpes na véspera do jogo contra o Racing.

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Munhos disse que, para o ano que vem, a diretoria prepara medidas como a instalação de reconhecimento facial e autenticação de dois fatores, além de obrigatoriedade de senhas por parte dos torcedores a cada seis meses.Procurado, Munhos não foi localizado pela coluna.

Relatório interno questionou medidas

No início do mês, um relatório da Comissão de Justiça e Marketing do clube apontou, em reunião do Conselho Deliberativo, que a API para compra de ingressos por parte dos sócios do clube foi desativada para essa primeira leva de bilhetes a pedido da diretoria.

Atualmente, a liberação da venda é feita de forma manual. A Interface de Programação de Aplicativos, ou API (Interfaces de Programação de Aplicações), é um sistema que identifica os CPFs dos compradores e autoriza o acesso.

O relatório também apontou que 1 em cada 3 ingressos vendidos pelo Fiel Torcedor, atendendo ao benefício para associados na prioridade de compra, foram de maneira irregular. A média foi de 1.600 ingressos vendidos nesta "pré-venda" nas últimas partidas realizadas no estádio do Corinthians.

Assim, ainda segundo o documento, do total, 32% dos compradores não estão aptos ao benefício, sendo que 28% não são sócios do clube e outros 4% inadimplentes. Assim, 512 ingressos vendidos de forma irregular em média, o que representa 1,1%.

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Os ingressos são comercializados pela OneFan, mas as regras são estabelecidas pelo clube. Inclusive, o relatório das comissões recomenda que o contrato com a plataforma seja mantido. Representantes da marca estiveram na reunião e fizeram uma apresentação ao Conselho.

A coluna teve acesso a um relatório onde a OneFan apontou que o projeto do Fiel Torcedor não tem recebido foco do clube, que não vem realizando ações, ativações e comunicações, dificultando o crescimento do programa, entre outros fatores. Segundo pessoas presentes ouvidas pela reportagem, a atual diretoria ouviu os pareceres da empresa, mas não prestou qualquer esclarecimento ou providências, postura que chamou a atenção de alguns conselheiros.

À coluna, questionada sobre o tema e ainda sobre ter recebido algum pedido da diretoria do clube para desativar a API, disse que "não é seu papel como prestadora expor publicamente as decisões operacionais do Corinthians, que orientam nosso serviço".

Segundo apurou a coluna, com a API desligada, a OneFan só tem acesso a uma lista que é checada e repassada pelo clube. Caso o sistema estivesse sendo utilizado, o sistema seria capaz de identificar cada um dos compradores. Em outras palavras, a desativação da API impossibilita a identificação automática dos compradores para autorizar o acesso sem interferência humana.

A empresa acrescentou que o clube "tem em mãos relatórios produzidos pela OneFan que, como prestadora de serviços de gestão do sistema e da base de dados do Fiel Torcedor, tem como compromisso trabalhar no aprimoramento constante do sistema e, para isso, apresenta, de forma recorrente, diversas sugestões e otimizações, além de insistentemente sugerir o recadastramento de usuários com a higienização da base recebida de sistemas anteriores para, na sequência, implantar a autenticação de dois fatores".

A empresa acrescentou que, nesses documentos, aguarda um sinal positivo do clube para oferecer mais camadas de segurança ao torcedor e combater ainda mais o cambismo. Disse que já integrou ao sistema o acesso ao estádio por reconhecimento facial/biometria, testado com membros de estafe da Arena e à espera de definição do clube para ser ativado para uso dos torcedores.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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