Das montanhas do Daguestão, Khabib se torna o melhor peso por peso do UFC
Direto montanhas do Daguestão, o russo de origem islâmica Khabib Nurmagomedov manteve sua invencibilidade no MMA após a vitória arrasadora contra Justin Gaethje no UFC 254, no último sábado (24).
Reconhecido pelo seu chapéu Papakha, Nurmagomedov tem um cartel invejado, com 29 lutas e nenhuma derrota, tornando-se o maior lutador dos pesos leves e também peso por peso do UFC.
Seu último desafiante na disputa do cinturão dos pesos leves foi Justin Gaethje, que nem viu o atropelo que tomou. Khabib mostrou ser um lutador implacável, como os ursos das montanhas que habitam sua terra natal.
Com um volume de luta fenomenal, khabib finalizou Gaethje no início do segundo round, conquistando sua 29ª vitória.
Durante seus oito anos no UFC, o russo mostrou seu jogo. Sempre muito preparado fisicamente e com ritmo muito agressivo, mesclando o striking (a famosa luta em pé, com trocação) e o glappling (no chão, com quedas, imobilizações, submissões e ground-pound).
Nurmagomedov venceu os melhores do peso-leve até se tornar um lutador imbatível. Além de ser um grande atleta, sua performance quebrou o recorde de Pay Per View, com mais de US$ 2 milhões, no UFC 229, quando venceu Conor McGregor. A edição também ficou marcada pela briga generalizada entre a equipe do russo e do irlandês.
E pelo que tudo índica a edição 254 pode superar o último recorde de vendas de Pay Per view, colocando khabib como um fenômeno de transmissões do UFC.
A grande surpresa foi o que aconteceu depois da luta. Quem acompanha o russo sabe que ele raramente se entrega para as emoções - uma característica de povos que vivem em inverno rigorosos. Daguestão é uma federação da Rússia que fica entre a Chechênia, Geórgia, Azerbaijão e o mar Cáspio, uma região de muitos conflitos para militares e clima hostil.
O fato é que, após sua vitória, Nurmagomedov desabou. O motivo do pranto do lutador não foi a manutenção de sua invencibilidade ou o prêmio de US$ 50 mil pela luta da noite. Seu choro estava relacionado ao seu pai, que, pela primeira vez em sua carreira, não estava no octógono com ele.
Abdulmanap Nurmagomedov, pai de khabib, morreu em 3 de julho deste ano, aos 57 anos. Ele foi mais uma vítima da covid 19 pelo mundo. O pai de Khabib foi seu o grande incentivador, seu técnico e motivador, e acompanhou sua carreira até sua penúltima luta em 2019.
Lutadores são duros. Os treinos intensos fazem esse tipo de profissional desenvolver uma capacidade de suportar dor e pressão que as pessoas comuns não conseguem.
Pensar em performance em plena tristeza de um luto é muito distante do dia a dia das pessoas comuns. Essa força, que transforma o medo e a tristeza em energia, faz o atleta um tipo diferente, que, mesmo destruído por dentro, transforma fúria um espetáculo.
Esse foi o caso do russo, que após a luta anunciou que não iria mais lutar. Não faria mais sentido subir no octógono sem o pai.
Justin Gaethje, apesar da derrota, foi um grande cavaleiro, ao respeitar o luto do adversário e tentar consolá-lo de alguma forma, em um momento de muita comoção. Bons lutadores são rivais. Mas não são inimigos. Tivemos essa imagem como um símbolo do que é ser um grande atleta.
Caso se confirme a saída de khabib, o cinturão do peso leve ficará vago, abrindo assim a oportunidade para algum lutador, que, durante os últimos oito anos, não conseguiu vencer o Grande Urso da Montanha.
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