Nomes de peso do esporte olímpico tentam vaga na comissão de atletas do COB
Grandes atletas, como os campeões olímpicos Arthur Zanetti, da ginastica, e Sara Menezes, do judô, além de campeãs mundiais, como Ana Satila, da canoagem slalom, e Eduarda Amorim (Duda), do handebol, são alguns dos 62 candidatos na eleição dos novos integrantes do Cacob (Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil). Com recorde de atletas inscritos, a votação começou na segunda-feira (9), às 12h, e termina nesta quarta-feira, às 17h.
Logo no primeiro dia de votação outro recorde foi batido, 177 atletas dos 562 votantes já escolheram seus candidatos. Para quem dizia que esporte e política não combinavam, a resposta veio em números expressivos que ultrapassaram o total de 170 votantes de 2016.
Nesta eleição, 32 mulheres e 30 homens disputam 25 vagas na comissão. Serão eleitos 21 atletas que tenham participado dos Jogos Olímpicos Londres 2012, Sochi 2014, Rio 2016 e/ou PyeongChang 2018 e outros quatro que tenham participado exclusivamente de Jogos anteriores a 2012.
A eleição, inicialmente marcada para outubro, junto com a escolha da Presidência do Comitê Olímpico Brasileiro, chegou a ser suspensa judicialmente depois que a Confederação Brasileira de Skate pediu para incluir seus atletas na comissão esportiva. No entanto, a modalidade, assim como o surf, o caratê e a escalada, fará sua estreia em jogos olímpicos em Tóquio 2021.
Passado o imbróglio jurídico, as novas datas foram agendadas, e os atletas finalmente estão concorrendo a uma das 25 vagas disponíveis. São 13 a mais do que as últimas eleições ocorridas em 2016.
Nem todos os atletas da comissão têm direito a voto na eleição do COB. Neste ano, 12 puderam voltar. Para as próximas eleições, em 2024, serão 19 atletas qualificados.
Para equiparar os votos, muitas mudanças ainda precisam ser feitas. Por exemplo, um atleta do taekwondo pode ter no máximo quatro votos direto dos seus pares lutadores, porque esse é o número máximo de participante da modalidade em Jogos Olímpicos. Já um atleta do vôlei de quadra tem 12 votos direto dos seus pares, devido a quantidade de titulares e reservas participantes em uma edição olímpica.
Qual a importância da Cacob?
Criada durante a gestão de Carlos Arthur Nuzmann no COB, a Comissão dos Atletas do Comitê Olímpico Brasileiro existe desde 2009, nos mesmos moldes da comissão do COI (Comitê Olímpico Internacional). Esse modelo dava o direito ao atleta em participar, mas amordaçava seus representantes com entraves no estatuto da organização que não possibilitavam autonomia do grupo.
Nuzzman liderou o COB por 22 anos e fez de sua presidência um grande balcão de negócios e um grande esquema de reeleição. Em 2017, após a prisão dele — fato vergonhoso para a entidade—, mudanças passaram a ser feitas no estatuto dando mais oportunidades aos atletas.
A Cacob nunca teve um papel tão importante e representativo quanto agora. Após a reforma estatutária de 2017, os atletas adquiriram o direito a um terço dos votos nas Assembleias Gerais e o presidente e o vice-presidente da comissão participam do Conselho de Administração do COB.
O ano de 2020 está sendo marcado por grandes manifestações esportivas em prol dos direitos humanos, das denúncias de assédio sexual e da manutenção da vida da população negra.
O movimento internacional de atletas, conhecido por Global Athlete, exige que o Comitê Olímpico Internacional retire da Carta Olímpica a regra 50, que proíbe qualquer protesto político, religioso ou racial nos Jogos. Tais questionamentos e mudanças só são possíveis por meio das comissões de atletas internacionais, nas quais o brasileiro Tiago Pereira, da natação, foi indicado neste ano para concorrer a uma vaga.
Outra regra antiga era a 40, que dispõe sobre o direito de imagem do atleta. As marcas patrocinadoras dos jogos ditavam as normas sobre esse quesito. Assim, apesar do atleta ser a estrela do evento, ele não recebia nenhuma remuneração pela exploração da sua imagem. É praticamente um garoto propaganda voluntário. A regra foi modificada, mas ainda não beneficia todos.
Nas eleições do COB deste ano, os atletas direcionaram seu voto em bloco, ou seja, 12 atletas votaram em Paulo Vanderlei, o atual presidente do comitê.
Todos estavam com expectativas que o ex-medalhista olímpico de vôlei Emanuel angariaria os votos dos atletas, porém sua declaração contra a jogadora de vôlei de praia Carol Solberg, que se manifestou contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, não pegou bem e fez a comissão mudar de ideia.
É inaceitável um ex-atleta olímpico punir outro atleta pela liberdade de expressão e nem se quer dar o direito a defesa.
A criação das comissões de atletas serve exatamente para proteger o atleta que não tem a quem recorrer nos inúmeros casos de autoritarismo das organizações esportivas. Se as comissões passarem a punir e a agir contra esse grupo que já é subestimado, não haverá nenhum motivo para sua existência.
Veja quem são os candidatos na eleição da Cacob divididos por categorias de voto:
1) Candidatas que tenham participado de alguma das duas últimas edições dos Jogos Olímpicos de Inverno (Sochi 2014 e PyeongChang 2018) ou de Verão (Londres 2012 e Rio 2016):
Poliana Okimoto - Maratona Aquática
Yane Marques - Pentatlo Moderno
Beatriz Futuro - Rugby de 7
Kelly Santos Müller - Basquete
Silvia Helena Pitombeira - Handebol
Eduarda Amorim - Handebol
Lucianne Barroncas - Polo Aquático
Pâmella Oliveira - Triatlo
Jaqueline Ferreira - Levantamento de Peso
Natália Gaudio - Ginástica Rítmica
Tamires Morena de Araujo - Handebol
Sarah Menezes - Judô
Fernanda Nunes Ferreira - Remo
Luisa Borges - Nado Artístico
Lígia Silva - Tênis de Mesa
Alexandra Nascimento - Handebol
Ana Sátila - Canoagem Slalom
Iziane Castro - Basquete
Joselane Rodrigues dos Santos - Freestyle aerials ski
Aline Ferreira - Wrestling
Barbara Seixas - Vôlei de Praia
Jaqueline Mourão - Ciclismo Mountain Bike
Adriana Aparecida da Silva - Atletismo
Fabiana Murer - Atletismo
Jade Barbosa - Ginástica Artística
Cisiane Lopes - Atletismo
Janice Teixeira - Tiro Esportivo
Isabel Swan - Vela
Vanessa Cozzi - Remo
Ana Luiza Ferrão - Tiro Esportivo
2) Candidatos que tenham participado de alguma das duas últimas edições dos Jogos Olímpicos de Inverno (Sochi 2014 e PyeongChang 2018) ou de Verão (Londres 2012 e Rio 2016):
Gilvan Ribeiro - Canoagem Velocidade
Juan Nogueira - Boxe
Diogo Silva - Taekwondo
Jonathan Riekmann - Atletismo
Arthur Zanetti - Ginástica Artística
Ruy Fonseca - Hipismo
Bruno Prada - Vela
Bruno da Silveira Mendonça - Hóquei Sobre Grama
Murilo Fischer - Ciclismo
Rodrigo Santana - Vôlei
Edson Bindilatti - Bobsled
Thiagus Petrus - Handebol
Francisco Barretto - Ginástica Artística
Gideoni Monteiro - Ciclismo
Lucas Duque - Rugby 7
Gustavo Guimarães - Polo Aquático
Roberto Maehler - Canoagem Velocidade
Fabiano Peçanha - Atletismo
Thiago Pereira - Natação
Emerson Duarte - Tiro Esportivo
3) Candidatos que tenham participado exclusivamente de Jogos anteriores a Londres 2012:
Eduardo Fischer - Natação
Tonny Magalhães Azevedo - Ciclismo
Joana Cortez - Tênis
Jefferson Sabino - Atletismo
Hortência Marcari - Basquete
Adalberto Pereira da Silva Nascimento - Handebol
Ricardo Prado - Natação
Franco Neto - Vôlei de Praia
Paulo Moratore - Handebol
Carlos Carvalho - Polo Aquático
Juraci Moreira Junior - Triatlon
Clodoaldo do Carmo - Atletismo
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