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Diogo Silva

Na terra da cannabis, Tyson mostra que também é um grande empresário

Roy Jones Jr e Mike Tyson com cinturões após luta em Los Angeles - Joe Scarnici/Getty Images for Triller
Roy Jones Jr e Mike Tyson com cinturões após luta em Los Angeles Imagem: Joe Scarnici/Getty Images for Triller

02/12/2020 04h00

Em um pocket show, os rappers Wiz khalifa e Snoop Dog fumaram maconha ao vivo e esfumaçaram o palco, ou melhor o ringue, que pouco depois iria receber a lenda do boxe mundial Mike Tyson em uma luta exibição contra Roy Jones Jr.

A festa do último sábado, na California, contou ainda um duelo entre o youtuber Jake Paul e o ex-jogador da NBA Nate Robison, que foi o único nocauteado da noite. A empolgação de Jake após a vitória foi tão grande que ele desafiou Connor McGregor, uma das estrelas do UFC, para sua próxima exibição. O americano criou a publicidade e se tem uma coisa que eles sabem fazer é chamar a atenção para si e, com isso, ganhar dinheiro.

A luta exibição entre Mike Tyson e Roy Jones Jr. não teve vencedores no ringue. Era uma das regras definidas antes do combate acontecer, mas pensando bem, isso não diminuiu em nada o brilho da noite. Quantos jovens tiveram a oportunidade de ver dois grandes fenômenos do boxe mundial em ação? Tyson havia lutado pela última vez há 15 anos atrás, enquanto Roy Jones se aposentou em 2018. Para os apaixonados por lutas, esse desafio foi um belo presente de fim de ano.

Foram criadas muitas expectativas entorno desse desafio. As pessoas achavam que veriam um Tyson com 20 anos de idade, quando se tornou campeão mundial pela primeira vez, ou Roy Jr no auge do seu vigor físico, quando conquistou quatro cinturões.

Na verdade, só o fato de se prepararem para uma luta depois dos 50 anos já é digno de respeito. Tyson perdeu 50kg em sua preparação e mostrou, no auge dos seus 54 anos, muito vigor físico.

Jones lutou com luvas roxas, em uma bela homenagem ao ex-jogador da NBA Kobe Bryant, do Lakers, que morreu neste ano em um trágico acidente se foi no começo desse ano, em um trágico acidente de helicóptero.

No ringue, Roy Jr. até tentou bailar como antigamente, mas a fadiga física e os duros golpes de Tyson na linha da cintura fizeram o grande campeão diminuir os passos, mudar a estratégia e abusar dos clinches.

Quem é lutador sabe o quanto é difícil absorver fortes golpes na linha da cintura sem ajoelhar e pedir para parar. Isso sem falar na falta de ar que dá em se movimentar pelo ringue durante 16 minutos com alguém tentando arrancar seu pescoço. Suportar essa pressão é para poucos.

Durante os oito rounds de dois minutos cada, ambos foram valentes, ninguém arregou, e pudemos ver a história do boxe mundial em 4k.

Espetáculo lucrativo

Roy Jones Jr tenta golpe em Mike Tyson durante luta em Los Angeles - Joe Scarnici/Getty Images for Triller - Joe Scarnici/Getty Images for Triller
Roy Jones Jr tenta golpe em Mike Tyson durante luta em Los Angeles
Imagem: Joe Scarnici/Getty Images for Triller

Esses 16 minutos foram muito lucrativos para ambas as partes. A estimativa é que Tyson tenha embolsado por volta de US$ 10 milhões. A empresa dele, a Legends Only League (Liga das Lendas, em tradução livre) foi uma das responsáveis pelo espetáculo.

Tyson pode ter torrado US$ 400 milhões no auge de sua fama, mas hoje é um grande empresário. Com participações em filmes, clipes de música e publicidade, ele também investe em fazenda de cânhamo, ou seja, maconha. Por coincidência ou não, depois do anúncio do retorno aos ringues, o ex-campeão viu o faturamento de sua empresa dobrar para US$ 1 milhão por mês.

O consumo da maconha para fins recreativos é liberado no Estado da Califórnia, nos EUA, desde 2018, e Tyson resolveu investir nesse segmento, por meio da "Tyson Holistic". A subsidiária mais conhecida desse conglomerado é o Tyson Ranch (Tyson Rach). Os produtos produzidos pelas empresas do ex-pugilista vão de cosméticos a remédios.

Enquanto as pessoas questionavam se os lutadores iriam de fato soltar o braço, Tyson fazia um grande negócio, mostrando para o mundo que é muito mais inteligente do que os codinomes e adjetivos negativos dados a ele em seu período conturbado.

Ao fim da luta, ele disse que deseja participar de novos combates, que está se sentindo muito bem e que esses eventos são uma forma de ajudar o próximo. Ele doou sua premiação para projetos sociais.