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Diogo Silva

Retorno do esporte coloca atletas em risco durante segunda onda da covid-19

Mariana Franklin Ferreira Silva, nadadora de 14 anos que morreu em decorrência da covid-19 - Arquivo Pessoal
Mariana Franklin Ferreira Silva, nadadora de 14 anos que morreu em decorrência da covid-19 Imagem: Arquivo Pessoal

23/12/2020 04h00

Depois do caso da nadadora de 14 anos Mariana Franklin Ferreira Silva, que faleceu depois de complicações ao contrair a covid-19, o esporte deveria ficar em alerta.

A jovem atleta competiu no início de dezembro entre os dias 09 e 10.

No dia 19 de novembro, ela tinha sido diagnosticada com covid e mesmo assim, foi liberada pelos médicos para competir.

Era uma garota jovem, saudável, não fazia parte do grupo de risco e mesmo com seu histórico de atleta foi contaminada, e precocemente ceifada de sua vida.

Os médicos não têm nenhum protocolo para atletas contaminados, não se sabe das sequelas deixadas no corpo pós contaminação e se é saudável o retorno as competições em um período curto de tempo.

A falsa ideia que atletas eram imunes ao covid, muito se deve ao desserviço do desgoverno de Bolsonaro, que em mais uma notícia falsa, criou um imaginário destorcido da verdade.

O atleta não é imune e ainda pior, podem ser contaminados mais de uma vez.

Esses são os casos de alguns jogadores de futebol e comissão técnica que estão sendo diagnosticados como positivos a covid pela segunda vez.

Os jogadores Gustavo Scarpa do Palmeiras, Thiago Heleno do Atlhetico-PR e Talles Magno do Vasco são alguns dos casos.

A situação mais grave da segunda contaminação foi do técnico do Palmeiras Vanderlei Luxemburgo, que está internado na utei do hospital Sírio Libanês.

A confederação brasileira de futebol (CBF) registrou até novembro, 689 casos, entre os jogadores e comissão técnicas da série A,B,C e D.
Se na Europa está tendo a segunda onda, no Brasil continuamos no mesmo tsunami que ganhou mais força nas últimas semanas.

O aumento de casos vem sendo bem expressivo, tendo 14 estados em alta, com 769 novas mortes em 24h.

Somos o terceiro país do mundo em contaminação e o segundo em números de mortos, ficando atrás somente dos Estados Unidos. E mesmo assim, as competições em solo brasileiro não foram canceladas.

Por ter sido um ex-competidor de nível olímpico, sei que muitos atletas individuais, principalmente aqueles que vão para Tóquio 2021, estão se esforçando ao máximo para conseguirem manter os padrões de treinamento e se precavendo na segurança necessária para não serem contaminados.

Em contrapartida os esportes coletivos que se deslocam em grupo e jogam toda semana, não estão tendo o mesmo cuidado. As organizações esportivas não são competentes o suficiente para manter a saúde do atleta preservada. Em alguns torneios estamos observando a ineficiente do esporte brasileiro em organizar competições com segurança.

O handebol brasileiro por exemplo, tentou criar uma bolha nos mesmos parâmetros da NBA, onde atletas, árbitros e comissão técnica ficavam no mesmo lugar até o término das competições.

O plano não deu certo e após um surto de corona vírus, precisaram cancelar as finais e semifinais da competição que iriam acontecer esse mês.

Em um único time que não foram revelados os nomes, tiveram sete atletas na categoria masculina contaminados.

Não revelar os nomes não ajuda em nada, os atletas estão em constante deslocamento pelo Brasil em aviões, ônibus, carros e hotéis. As pessoas que tiveram contato direto om os atletas podem estar circulando livremente sem saberem que estão contaminadas.

No vôlei os casos só aumentam, além da ineficiência da testagem para covid 19 da confederação brasileira de vôlei, que são realizadas a cada 15 dias, está longe do ideal. Os atletas jogam nesse período até quatro vezes, tornando inútil esse tipo de protocolo.

A jogadora Tandara do Osasco por exemplo, pagou do próprio bolso um teste para covid que deu resultado positivo na última quarta-feira 17.
Ela estava escalada para jogar e poderia ter colocado todo o time em risco, que na verdade durante os treinos a contaminação já deveria ter acontecido.

Na Superliga feminina já foram 55 casos de contaminação e 17 jogos cancelados. Entre os homens foram 28 os casos e 10 partidas canceladas.

Teve até time que desistiu da Superliga por não conseguir controlar os surtos no próprio time, como no caso do UM/ Itapetininga.
Já no basquete o time masculino do Corinthians teve um grande surto, com oito jogadores contaminados.

Ao todo na NBB, até o momento, foram 26 casos entre atletas, árbitros e comissão técnica.

Mesmo com os padrões de segurança, quando o atleta tem que treinar e competir automaticamente ele também terá que se expor.
Em Portugal onde estavam treinando os atletas olímpicos na missão Europa, custeado pelo comitê olímpico brasileiro, também tivemos casos de covid-19.

A situação mais preocupante foi do treinador do atletismo José Antônio Rabaça, de 72 anos, que foi contaminado e ficou 24 dias na UTI, correndo um grande risco.

Apesar de poucos casos de contaminados pela covid, apenas seis pessoas sendo o atleta João Gomes da Natação, o treinador de boxe Matheus Alves, que possivelmente foi contaminado fora da missão em um torneio na Bulgária e o treinador de atletismo José Antônio Rabaça. O velocista Rodrigo Nascimento, Augusto Dutra do salto com vara e o nadador Brandonn Almeida, foram os contaminados de um grupo de 300 pessoas que completaram a missão em dezembro.