A menos de 200 dias da Olimpíada, Tóquio 2021 segue sendo uma incógnita
Faltando menos de 200 dias para a abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que começará em 23 de julho, ainda pairam muitas dúvidas a respeito da realização do evento.
A primeira dela diz respeito, é claro, à pandemia por covid-19. O Japão já anunciou que será rígido, adotará código de conduta para os atletas e tomará todas as medidas de segurança para barrar a covid 19. O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, já afirmou, inclusive, ao COI (Comitê Olímpico Internacional) que todos os participantes - atletas ou não - precisam ser vacinados contra a covid-19.
Estamos falando de 11 mil atletas, espalhados por 204 países, divididos em 46 modalidades. Isso sem contar os torcedores e as pessoas que trabalham direta ou indiretamente antes, durante e depois dos jogos. Mas até o momento, apenas 50 países começaram a vacinar sua população.
Apesar da declaração do Japão, o alemão Thomas Bach, presidente do COI, diz que não obrigará a imunização de atletas, mas incentivará a "solidariedade" dos participantes ao povo japonês. O australiano Jhon Coates, que preside a Comissão de Coordenação dos Jogos de Tóquio, afirmou, por outro lado, que a entidade irá criar um sistema de vacinação para apoiar os países que tenham menor acesso ao medicamento.
O grande problema é que já estamos em janeiro e até o momento o que temos são especulações. Os planos ainda não amadureceram a ponto de se tornarem viáveis em questão de logística e distribuição em massa para os competidores e comissão técnica. O COI deveria se colocar como protagonista a favor da imunização e mostrar planos para proteger os atletas durante o maior evento esportivo do mundo de uma forma mais efetiva.
Acho bem difícil algum atleta conseguir passar pela imigração de qualquer país sem um comprovante de vacinação da covid-19 ou um teste de PRC negativo. Possivelmente vamos ver os atletas seguindo padrões de segurança como os do UFC, só que em escala gigantesca.
Mas ainda há dúvidas que terão de ser respondidas. Como serão tratados atletas de religiões que não permitem que seus fiéis sejam vacinados, ou negacionistas em níveis internacionais, por exemplo?
Outra dúvida é referente ao controle antidoping. Ainda não sabemos se atletas que tomaram cloroquina ou qualquer medicamento para combater a covid (mesmo que sem eficácia comprovada pela ciência) cairão no antidoping.
Outra questão que deve ser levada em consideração é o fato de que algumas modalidades olímpicas ainda não conseguiram concluir seu processo de classificação para Tóquio, devido às paralisações das competições por causa da pandemia.
Como ficaria a Vila Olímpica?
Os protocolos de isolamento social podem ainda inviabilizar o convívio na Vila Olímpica. Como em um condomínio fechado, a Vila Olímpica recebe atletas de todo o mundo e é o espaço mais importante de uma olimpíada. É nesses lugares que os atletas confraternizam, fazem amizades, brincam e se alimentam. No caso de muitos participantes que não conseguem brigar por medalhas e nem ao menos chegar às finais, a vila é o verdadeiro ouro. Será muito triste se eles não puderem sentir como é estar em uma Olimpíada de verdade.
Outra preocupação é o refeitório. Em Atenas, em 2004, foi no refeitório que eu pude conhecer a seleção brasileira masculina de vôlei e o maratonista Vanderlei Cordeiro, e encontrei o jogador de basquete chinês Yao Ming, que também atuou na NBA e tem 2,30 de altura, e o velocista americano Maurice Greene, que foi campeão olímpico e recordista mundial dias depois. Se o refeitório for fechado ou adaptado dentro dos apartamentos, esses atletas perderão a melhor parte dos jogos.
Diante de todos esses pontos, Tóquio 2021 ainda é uma incógnita.
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