Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Taekwondo em Tóquio teve muitos resultados inesperados
A Olimpíada de Tóquio está marcada pela pior performance das Américas, principalmente dos sul-americanos —que possivelmente foram extremamente impactados pela covid-19. As expectativas de medalha no taekwondo para o Brasil eram altas, por causa dos últimos resultados em Grand Prix, Campeonato Mundial e Jogos Pan-Americanos.
Os lutadores Edival Pontes (-68kg), 23 anos, Ícaro Miguel (-80kg), 26, e Milena Titoneli (-67kg), 22, fazem parte de uma geração jovem e se conseguirem manter a estabilidade de resultados vão chegar para os Jogos da França, em 2024, com grandes chances de medalhas.
Tóquio, porém, foi a estreia olímpica de todos e mesmo estando entre os 10 melhores lutadores do mundo em suas categorias de peso, sentiram o peso da estreia. Jogos Olímpicos são um mundo diferente, não dá para se comparar com nada e no Japão tivemos de tudo: os melhores caíram, zebras e títulos inesperados.
Entre os homens, as lutas foram marcadas pelas falhas na defesa e uma baixa performance provocando em nós, espectadores, uma estranheza.
Netinho e Ícaro são lutadores que já vimos em grandes desafios, estão acostumados com essa pressão, mas não conseguiram lutar bem.
Durante a gravação do Podcast Central das Lutas, conversei com ambos faltando três dias para iniciar o taekwondo em Tóquio. Estavam bem, animados e com ótimas expectativas.
Edival Pontes foi superado pelo turco Hakan Reçber, que conquistou a medalha de bronze. Já Ícaro enfrentou o italiano Simone Alessio, que soube usar muito bem sua altura de 1,97m para minar o lutador brasileiro.
A lutadora Milena Titoneli, única representante no feminino, foi quem mais avançou. Milena pegou uma chave de luta muito difícil, com Jordânia e Croácia pela frente.
Perdeu na segunda luta para croata Matea Jelic, que foi a campeã olímpica. Com muito esforço, Milena alcançou via repescagem a disputa pelo bronze, mas foi superada pela lutadora da Costa do Marfim Ruth Gbagbi por 12x8.
A delegação brasileira em Tóquio manteve resultados que a modalidade alcança desde Atenas 2004. Das disputas na Grécia até Tóquio 2021, pelo menos um brasileiro disputou o bronze em cada edição, saindo com a medalha em Pequim- 2008, com Natalia Falavgnia, e em 2016, com Maicon Andrade.
Os Jogos olímpicos de Tóquio foram os mais malucos de todas as outras edições para o taekwondo.
A Coreia, berço da modalidade, não conseguiu nenhuma medalha de ouro. Com três atletas sendo o número 1 do ranking mundial, fizeram uma Olimpíada muito abaixo do esperado, assim como o Irã, que nem sequer subiu ao pódio. Coreia e Irã são as duas maiores potências dessa modalidade.
Os lutadores que tentavam o tri olímpico caíram todos, caso da chinesa Wu Jingyu (-49kg) e da britânica Jade Jones (-57kg).
Para aqueles que tentavam o bi olímpico, apenas a sérvia Milica Mandic obteve êxito. Aqueles que subiram no lugar mais alto do pódio durante os Jogos do Brasil, em 2016, como por exemplo Cheick Cissè, da Costa do Marfim, na categoria até 80kg, e Abdoul Razak, de Níger, no peso pesado, saíram nas oitavas de final.
A grande surpresa foi o atleta do Uzbequistão Ulugbek Rashitov, de 19 anos, que desbancou o coreano número 1 do ranking, e o mais temido da categoria até 68kg, Dae Hoon Lee na primeira luta e foi campeão olímpico derrotando o britânico Brandly Sinden, número 2 do ranking.
Rashitov colocou o Uzbequistão no quadro de medalha geral dos Jogos Olímpicos de Tóquio sendo o único ouro até o momento do país.
Para salvar a reputação das Américas, o cubano, único membro da delação caribenha, Rafael Alba conquistou o bronze e a americana Anastasija Zoloticficou ficou com o ouro na categoria até 57kg.
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