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Diogo Silva

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bahia mostra a força do esporte brasileiro

Hebert Conceição campeão olímpico do boxe  e Isaquias Queiroz  campeão olímpico da canoagem velocidade na base do TIme Brasim em Chuo. Foto: Miriam Jeske/COB - Miriam Jeske/COB
Hebert Conceição campeão olímpico do boxe e Isaquias Queiroz campeão olímpico da canoagem velocidade na base do TIme Brasim em Chuo. Foto: Miriam Jeske/COB Imagem: Miriam Jeske/COB

11/08/2021 04h00

Campeões nas Olimpíadas de Tóquio, Ana Marcela (maratona aquática), Isaquias Queiroz (canoagem) e Hebert Conceição (boxe) têm algo mais em comum além do título olímpico: todos são baianos.

Das sete medalhas de ouro que o Brasil trouxe da competição, três foram conquistadas por baianos. Se a Bahia fosse um país ficaria em 31º lugar no quadro de medalhas, à frente de países como Grécia, Portugal e México.

O boxe, que garantiu três medalhas —um ouro, uma prata e um bronze— encerrou sua participação tendo o melhor resultado individual de uma modalidade para o país. O resultado foi tão expressivo que o governador da Bahia, Rui Costa, lançou um edital de R$ 1,2 milhão para o programa Bolsa Esporte estadual.

Nas últimas três edições olímpicas, o boxe brasileiro passou de uma modalidade que tinha um único medalhista olímpico em 1968, com o bronze de Servílio de Oliveira, para o protagonismo em Londres 2012, com duas pratas dos irmãos Esquiva e Yamaguti Falcão e o bronze da baiana Adriana Araújo.

Em 2016, veio o tão esperado ouro de Robson Conceição, baiano de Salvador, cria do projeto Champion de Luiz Dórea.

Mesmo com quatro medalhistas olímpicos no boxe, a Bahia ainda tem baixa infraestrutura de desenvolvimento esportivo, nenhum plano de estado para desenvolver esporte e pouca vontade política para transformar o estado na capital das lutas.

O polo de treinamento do boxe fica em São Paulo, na região de Santo Amaro, e conta com o belíssimo trabalho do treinador Matheus Alves, que juntamente com sua equipe multidisciplinar vem transformando o boxe olímpico.

A seleção brasileira levou para Tóquio sete boxeadores e só não teve mais integrantes porque a classificatória olímpica pan-americana foi cancelada por cauda da pandemia de covid. Assim, os atletas foram selecionados com base no ranking mundial, impedimento para jovens talentos como o Paulista Luiz Oliveira, recém-saído do juvenil, que ainda não tinha pontos suficientes no ranqueamento.

O Brasil é terra de lutadores e a Bahia é o eixo central

Amanda Nunes dona de dois cinturões no UFC. Acelino popó de Freitas tetracampeão mundial, Robson Conceição campeão olímpico em 2016, Hebert Conceição, em 2020, e Bia Ferreira prata em Tóquio são apenas alguns exemplos que temos da relação entre a Bahia e as lutas.

Se pensarmos na Bahia como um polo central de desenvolvimento de lutadores vamos ver que nosso potencial é incrível.

Cuba, por exemplo, conquistou 38 medalhas olímpicas no boxe ao longo do tempo, sendo a modalidade com mais títulos para os cubanos, e em Tóquio, das sete conquistas douradas, seis vieram das lutas.

Cuba e Bahia além de terem inúmeras semelhanças culturais concentram também o mesmo aspecto social que é a pobreza. Em conversa com Hebert Conceição, de Salvador, ouro em Tóquio, pelo podcast Central das Lutas, ele contou ter iniciado no boxe em projeto social e que a Bahia, pela sua situação de pobreza, é um celeiro natural de grandes lutadores.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL