Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Adeus não, até breve. Aos 43 anos, Formiga se despede do futebol feminino
Hoje será o último dia que a meio-campista baiana Formiga entrará em campo defendendo a seleção brasileira. A despedida será contra a Índia, às 22h (de Brasília), em Manaus (AM), pelo Torneio Internacional de Futebol Feminino.
Formiga escolheu o time do São Paulo para fazer sua última temporada como jogadora.
Com sete Olimpíadas e sete Copas do Mundo na carreira, Miraildes Maciel Mota, mais conhecida como Formiga, transitou por todas as transformações esportivas que o Brasil e o mundo tiveram da década de 90 até os tempos atuais.
E não foram só os penteados que Formiga usou, e que acompanhavam a moda de cada tempo, que mudaram ou a camisa da seleção que foi ficando cada vez mais confortável e bonita com o desenvolvimento da tecnologia.
Formiga viu e viveu o futebol feminino que não era visto e nem aceito na sociedade alcançar, pouco a pouco, seu espaço no ambiente hostil que é o mundo do futebol.
Durante sua carreira, Formiga tinha contratos curtos, a grande maioria de 12 meses. Esse tipo de contratação deixa o atleta extremamente inseguro. Ao término de cada vínculo, a atleta nunca sabe se será renovado ou se terá um próximo clube para representar.
No Brasil, a meio-campista passou por alguns times do estado de São Paulo, como Portuguesa, Botucatu, São José dos Campos e Santos.
Fora do Brasil, passou por times dos Estados Unidos, como New Jersey Wldcast, Chicago Red Stars e FC Golden States.
Sua equipe com maior longevidade fora do Brasil foi o Paris Saint-German, na França, onde ficou quatro ano. Uma conquista que Formiga só conseguiu aos 38 anos, vencendo a Copa da França em 2017 e 2018 e o Campeonato Francês em 2020 e 2021.
Formiga se manteve em alta performance por 30 anos. Sua primeira disputa de Olimpíadas foi em Atlanta, em 1996, onde o futebol feminino era considerado não profissional. Durante 28 anos, Formiga foi para sete Olimpíadas consecutivas conquistando duas medalhas de prata: em Atenas 2004 e Pequim 2008.
Em Tóquio, no Japão, Formiga se despediu da seleção olímpica sendo a atleta que mais participou de Olimpíadas no Brasil e a mais experiente entre todos.
O feito é tão inacreditável que se compararmos qualquer atleta, entre homens e mulheres, não estaríamos discutindo a longevidade de Cristiano Ronaldo, Tom Brady, LeBron James ou Zé Roberto. Mas, sim, a de Formiga.
Como essa jogadora, que jogou muitas vezes em péssimas condições de trabalho chegando até a Europa para jogar no PSG, conseguiu se manter por tanto tempo em alta performance?
Está aí uma pergunta que a ciência e a sociedade deveriam fazer.
E sem estampar a capa da Forbes de atletas mais bem pagos porque até o ano de 2016, as jogadoras ainda estavam reivindicando melhores condições de trabalho e salários equiparados aos homens.
Formiga, assim como o goleiro Dida, conseguiram passar suas carreiras sem fofoca, escândalo ou discussões nas redes sociais. Feito que é incrível para o momento atual.
Para essa grande atleta não deveríamos dizer adeus, mas, sim, até breve, como na letra da música Brilho de Beleza, de Muzenza, interpretada por Gal Costa. Que possamos ainda ver Formiga brilhando fora dos gramados e que ela possa ter um pós carreira com tanto sucesso como foi seu brilho em campo.
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