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Fábio Seixas

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Fórmula 1: o que esperar da temporada de 2021

Os 20 pilotos da F-1 que começam a disputa do Mundial neste fim de semana, no Bahrein - Dan Istitene - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Os 20 pilotos da F-1 que começam a disputa do Mundial neste fim de semana, no Bahrein Imagem: Dan Istitene - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Colunista do UOL

23/03/2021 04h00

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Verstappen e Tsunoda largam na primeira fila, com Sainz e Raikkonen logo atrás. Hamilton sai da quinta colocação, com Russell ao seu lado. Na quarta fila, Ricciardo e Pérez. Fechando os dez primeiros colocados, Alonso e Leclerc.

Esta foi a classificação do último dia de testes da F-1 no Bahrein, no dia 14. Se isso se repetir no grid do próximo domingo (28), passarei a me dedicar à criação de ornitorrincos.

Mas por que isso aconteceu nos testes? Basicamente, perdoem o elementarismo, porque testes são testes. Cada equipe experimenta o que quiser, até mesmo componentes fora do regulamento. Além disso, cada piloto segue programas específicos.

Ok, muita gente colocou o carro em condição de classificação na última tarde de testes, em busca de visibilidade. Mas houve quem preferisse os "long runs", acumulando quilometragem e simulando corridas. Ou vocês acham que a Mercedes, numa sequência de sete títulos de Pilotos e de Construtores, precisa deste brilhareco dos testes?

O que esperar, então, do Mundial que começa na sexta-feira (26), com a abertura dos treinos livres no mesmo circuito do Bahrein? Ciente de que serei cobrado no fim do ano, mando aqui os meus pitacos...

Para começo de conversa, chamar os modelos 2021 de "carros novos" não é exatamente certo.

A F-1 prepara uma profunda alteração do Regulamento Técnico para 2022. Por isso, pisou no freio neste ano: as regras são cheias de restrições, e os carros lançados nas últimas semanas não passam de atualizações dos modelos do ano passado. O bolso também pesou. Não faria sentido para nenhuma equipe investir num novo caminho agora e jogar o projeto no lixo em novembro. Ou seja, não esperem grandes mudanças na relação de forças da categoria.

Hamilton, portanto, é o grande favorito. Mas terá que lidar com dois adversários cada vez mais ameaçadores.

O primeiro, Verstappen. Prestes a iniciar sua sétima temporada na F-1, o holandês já não é mais um novato arisco e insensato. Continua rápido e agressivo, mas agora com uma boa carga de experiência. Será um candidato frequente a primeiras filas e vitórias.

O segundo adversário de Hamilton é ele mesmo. Será que ele está a fim de seguir demolindo recordes? Até que ponto as pautas sociais mantêm seu foco no dia a dia do esporte? Lembremos que a renovação com a Mercedes foi uma novela e que, surpreendentemente, o novo contrato tem apenas um ano de duração. Não ficarei chocado se, ao fim da temporada, ele anunciar que está deixando a F-1 para se dedicar a seus próprios projetos.

Ainda na Red Bull, dá para esperar faíscas na relação entre Verstappen e seu novo companheiro. Em termos de temperamento, Pérez é muito diferente dos colegas que o holandês já teve na equipe: Albon, Gasly e Ricciardo. E ainda está levando um bom dinheiro da Claro, sua patrocinadora desde sempre, para Milton Keynes.

Outra equipe que deve viver dias turbulentos internamente é a Ferrari. Leclerc é o garoto prodígio, é visto como o futuro da escuderia, tem contrato até o fim de 2024. Neste ano, sem Vettel por lá, certamente se vê como piloto número 1. Só faltou combinar com o espanhol. Sainz está na F-1 desde 2015, passou por Toro Rosso, Renault e McLaren e não vai querer aliviar agora que chegou ao ápice de sua carreira. Receita certa para problemas, como se a Ferrari precisasse deles. Aliás, uma boa aposta para a temporada é sobre a permanência de Binotto em Maranello. Se o 2021 da Ferrari for parecido com o do 2020, grazie, arrivederci!

Nesta segunda prateleira, ao lado da Ferrari, espero ver a McLaren e as três equipes com pinturas mais lindas no ano: AlphaTauri, Alpine e Aston Martin.

Na McLaren, vejo um Ricciardo agoniado para provar que não cometeu mais um erro de escolha em sua carreira, e um Norris que precisa subir um degrau para não ser rotulado de coadjuvante. A AlphaTauri terá Gasly ainda com sangue nos olhos e um estreante, Tsunoda, que chegou lá por méritos: evoluiu muito no final da última temporada da F-2. Na Alpine, Alonso deve engolir Ocon e talvez lutar por um pódio ou outro num GP tumultuado. Já a Aston Martin viverá um cenário curioso: um tetracampeão mundial dividindo boxes com o filho do dono. Vettel terá de ser o diplomata que não foi nos últimos meses de Ferrari.

A Alfa Romeo ocupa uma prateleira só dela. Ainda não chegou ao nível de Ferrari e cia, mas é melhor que o fundo do pelotão. Corre para marcar pontos com Raikkonen e Giovinazzi, um cara que precisa agradecer aos céus todos os dias por ter nascido na Itália.

Por fim, literalmente, Haas e Williams. Que, se não têm absolutamente nada a oferecer em termos técnicos, pelo menos servem de porta de entrada e vitrine para jovens pilotos.

Ou alguém duvida que boa parte dos olhares neste ano estará no carro 47, daquele tal Mick Schumacher?