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Fábio Seixas

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Red Bull ajuda, e Hamilton vence abertura do Mundial

Hamilton resistiu à pressão de Verstappen nas últimas voltas para vencer o GP do Bahrein - Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Hamilton resistiu à pressão de Verstappen nas últimas voltas para vencer o GP do Bahrein Imagem: Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Colunista do UOL

28/03/2021 13h49

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Subestimar Hamilton e a Mercedes não é prudente. A Red Bull aprendeu a lição neste domingo, no Bahrein.

Largando da pole, Verstappen e sua equipe erraram na estratégia e perderam a chance de vencer a abertura do campeonato. O principal pecado foi acreditar que Hamilton e a Mercedes não renderiam bem com pneus duros. Ledo engano.

Hamilton venceu. Foi a 96ª vitória do inglês na F-1, a quinta no Bahrein, a terceira consecutiva nesse traçado.

O final de prova foi histórico, dos mais empolgantes, com Verstappen cheirando a caixa de câmbio da Mercedes nas últimas três voltas. Menos de 1 segundo separaram os dois primeiros colocados.

"Sou muito grato para vocês. Essa foi uma vitória da equipe", disse Hamilton, ao cruzar a linha de chegada.

Bottas foi o terceiro, com Norris em quarto. Completando o top 10, Pérez (numa corridaça!), Leclerc, Ricciardo, Sainz, Tsunoda e Stroll.

Foi de perder o fôlego...

A emoção começou antes mesmo do apagar das luzes vermelhas.

O Red Bull de Pérez simplesmente morreu na volta de apresentação. Largada suspensa, nova volta de formação. O mexicano conseguiu ressuscitar o carro, mas teve que sair do pit lane, em último lugar.

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Largada do GP do Bahrein
Imagem: Hasan Bratic/Getty Images

A largada foi limpa, com Verstappen segurando a liderança. Ainda nas primeiras curvas, Leclerc partiu pra cima de Bottas e assumiu a terceira posição. Lá atrás, Mazepin escapou sozinho da pista, bateu no muro e provocou a estreia do novo safety car da F-1, o Aston Martin Vantage.

A relargada veio na quarta volta. Verstappen mais uma vez se segurou na frente. Foi beneficiado pelo fato de Hamilton estar mais preocupado em se defender de Leclerc do que em atacar.

Ricciardo e Gasly se tocaram, destruindo a asa dianteira do francês. Schumacher rodou sozinho, numa dinâmica muito parecida com a do russo, dando pinta de que foi efeito do vento. Safety car virtual.

Na retomada, Bottas deu o troco e passou Leclerc. A sexta volta viu os dois contornarem curvas lado a lado, com o finlandês prevalecendo. Na nona volta, Leclerc perdeu mais uma posição: Norris colocou de lado e levou.

Na décima volta, pela primeira vez Verstappen abriu 2s sobre Hamilton. Bottas era o terceiro, seguido por Norris, Leclerc, Ricciardo, Stroll, Alonso, Sainz e Giovinazzi.

Um pouco mais atrás, Pérez dava show. Tendo aproveitado o safety car para colocar pneus médios, já era o 13º colocado.

A primeira janela de pit stops foi aberta por Alonso na 12ª volta. Tirou pneus macios e calçou médios. Norris, Leclerc, Stroll e Giovinazzi entraram na volta seguinte.

Hamilton entrou na 14ª, colocou pneus duros e voltou pra pista babando, tentando diminuir a vantagem de Verstappen e assumir a liderança.

Foi quando ocorreu o erro capital da Red Bull. Inexplicavelmente, a equipe resolveu deixar Verstappen na pista, mesmo com o holandês virando 2 segundos mais lento do que Pérez. Volta após volta, a situação ficava mais difícil. Mas a Red Bull não chamava o holandês.

Quando enfim chamou, na 18ª volta, já era tarde demais. Hamilton líder! Uma volta depois, o inglês já tinha 5s7 sobre o rival. Bye, bye.

No pelotão do meio a corrida estava animada. Alonso, Sainz e Vettel trocaram posições algumas vezes. Show de pilotagem.

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Alonso, que abandonou com problemas nos freios
Imagem: Clive Mason/Getty Images

Tsunoda também se destacou, chegando nessa turma e fazendo ultrapassagens surpreendentemente seguras para um piloto estreante. E Pérez seguia brilhando. Na 27ª volta, despachou seu antigo companheiro Stroll e pulou para a sétima posição.

A luta pela liderança se tornou matemática. Todos de olho na diferença de Hamilton para Verstappen e tentando desvendar quais seriam suas estratégias.

Na metade da corrida, 28 voltas, Verstappen já tinha reduzido para 1s8 a desvantagem para Hamilton. A Mercedes então chamou o inglês para o segundo pit. Pneus duros, sinal de que iria até a bandeirada sem passar de novo pelos boxes.

Verstappen voltou pra ponta, Hamilton retornou em terceiro. Bottas dividia os dois protagonistas, mas parou na 31ª volta _um pit desastroso, com problemas para trocar a roda dianteira direita. Caiu para quinto, atrás de Norris e Leclerc.

A segunda janela de pits ficou mais intensa a partir da 33ª volta, com Leclerc e Ricciardo colocando pneus duros e puxando o pelotão. Instantes depois, Alonso também entrou nos boxes, mas para abandonar com problemas nos freios. Terceiro colocado, Norris parou na 34ª e conseguiu sair à frente de Leclerc.

A decisão da corrida, então, ficou no quanto Hamilton conseguiria se aproximar de Verstappen. E o inglês fez bem a lição de casa, não deixando o holandês abrir o suficiente para fazer um pit stop sem sustos.

A 20 voltas do fim, com Verstappen permanecendo na pista a despeito da janela de pits, as estratégias pareciam definidas.

De um lado, ele tentaria manter ao máximo os pneus médios para colocar macios no trecho final da corrida e acelerar em ritmo de classificação para recuperar a ponta. Do outro, Hamilton tentaria tirar o máximo rendimento dos pneus duros e manter a ponta quando o adversário parasse.

Todos se surpreenderam quando Verstappen parou e colocou pneus... duros. Mais uma vez, aqui, a autoconfiança pode ter atrapalhado.

O holandês voltou à pista em segundo. Começou então a batalha final, Hamilton tentando abrir, Verstappen tentando se aproximar.

Na 50ª volta, a diferença entre os dois já era de 1s3.

A três voltas do fim, Verstappen chegou e atacou. Colocou de lado, pisou fundo, passou. Mas durou pouco. Ele espalhou demais na curva 4, correndo o risco de receber uma punição dos comissários. Avisado pelo rádio, devolveu a posição para Hamilton e tentou partir para um novo ataque. Mas não deu.

"Deixem comigo", disse Hamilton para a Mercedes, nas voltas finais.

hamitonblog - Mark Thompson/Getty Images - Mark Thompson/Getty Images
Hamilton comemora primeira vitória em 2021 com equipe da Mercedes
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

A equipe deixou. E ele fez. Segurou o carro na frente e cruzou a linha de chegada com 0s745 para o holandês. Foi de arrepiar.

O melhor de tudo? É só o começo.