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Fábio Seixas

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Em velocidade pura, Verstappen já dá banho em Hamilton

O holandês Max Verstappen com o Red Bull RB16B durante o GP do Bahrein, que abriu a temporada 2021 da F-1 - Bryn Lennon/Getty Images
O holandês Max Verstappen com o Red Bull RB16B durante o GP do Bahrein, que abriu a temporada 2021 da F-1 Imagem: Bryn Lennon/Getty Images

Colunista do UOL

30/03/2021 04h00

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Novidade festejada por boa parte dos fãs e pela própria direção da F-1, a Red Bull chegou à prova de abertura do campeonato, no Bahrein, mais rápida do que a Mercedes. Disso todo mundo já sabe.

Mas quanto?

A resposta está no "speed trap", um sensor de velocidade que a F-1 instala sempre no ponto mais rápido do circuito. Na pista de Sakhir, a captação é feita no fim da reta dos boxes.

A análise dos dados após a corrida é surpreendente. No domingo, em sua melhor passagem por aquele ponto, Verstappen registrou 327 km/h. Hamilton atingiu no máximo 315,2 km, quase 12 km/h mais lento que o rival.

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Verstappen nos boxes da Red Bull, no fim de semana do GP do Bahrein
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

A FIA não divulga o momento da corrida em que os pilotos marcaram a passagem mais rápida pelo speed trap. Mas em suas melhores voltas, ambos estavam em situações idênticas: de pneus duros, já com pouca gasolina no tanque, no final da prova.

Sabemos que não adianta ser apenas rápido. A velocidade pura, final, é apenas um dos elementos que fazem um carro vencedor.

Equilíbrio, eficiência aerodinâmica, confiabilidade do motor e consumo de pneus, entre outros pontos, são parte do pacote. Mas a diferença registrada no Bahrein, no último domingo, é muita coisa.

O melhor comparativo é entre os mesmos dois pilotos no mesmo circuito no ano passado. Na corrida anterior por lá, em novembro, Verstappen foi apenas 1 km/h mais veloz do que Hamilton na reta de Sakhir: 317,4 km/h x 316,4 km/h.

De lá para cá, a Mercedes praticamente estacionou. E a Red Bull ganhou 10 km/h em velocidade final. No sábado, ao cravar a pole position, apenas a quarta de sua carreira, Verstappen creditou o salto à Honda.

"Sabíamos das nossas fraquezas e elas foram atacadas. O regulamento técnico não mudou muito do ano passado para este. A Honda fez um grande trabalho no inverno, deu uma virada na situação... O entendimento que eles têm do motor é impressionante", declarou o holandês.

A F-1, claro, comemora a perspectiva de um Mundial equilibrado. "Na primeira demonstração que tivemos, já percebemos que não há nada entre Mercedes e Red Bull, entre Hamilton e Verstappen. Isso é encorajador", disse Ross Brawn, histórico engenheiro ferrarista, hoje diretor esportivo da categoria.

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Hamilton e Verstappen nas últimas voltas do GP do Bahrein
Imagem: Clive Mason - Formula 1 via Getty Images

O poder de reação da Mercedes não pode ser subestimado. A equipe alemã dominou a F-1 nos últimos sete anos, levando todos os Mundiais de Pilotos e Construtores, uma hegemonia jamais vista. O motor alemão também merece muito respeito: marca pontos há 235 GPs seguidos, recorde absoluto —e absurdo— da categoria.

Mas com certeza, apesar da vitória de Hamilton, tem gente preocupada por lá. E talvez as três semanas até a segunda etapa do campeonato, o GP da Emilia Romagna, não sejam suficientes para ir à forra.