Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Carisma e velocidade: Tsunoda é o novo queridinho da F-1
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"Ele é o melhor estreante dos últimos anos. E essa foi uma constante nas outras categorias em que ele competiu." O elogio rasgado de Ross Brawn a Yuki Tsunoda já mereceria destaque por si só. Mas ganha ainda mais importância por uma questão pessoal: entre os novatos deste ano está o filho de Michael Schumacher, com quem o atual diretor esportivo da F-1 formou uma dupla afinadíssima na Benetton, na Ferrari e na Mercedes.
Brawn não está sozinho. Bastou um GP para o japonês da AlphaTauri ganhar status de queridinho da categoria. Resultado do que fez na pista e da simpatia que angaria fora dela.
Domingo, Tsunoda foi um dos destaques do GP do Bahrein. Largando em 13º, teve um desempenho impressionante para um piloto estreante. Travou e venceu duelos contra três campeões mundiais: Alonso, Raikkonen e Vettel. Registrou a terceira maior velocidade no fim da reta, 327,8 km/h. Mostrou frieza e maturidade durante toda a prova. E terminou em nono.
Foram os únicos dois pontos da AlphaTauri na abertura do Mundial. Seu companheiro de equipe, Pierre Gasly, viveu um domingo infernal: bateu com Daniel Ricciardo ainda no começo da prova, quebrou a asa dianteira, sofreu com danos no assoalho e abandonou a quatro voltas do fim com, segundo a equipe, problemas de câmbio.
Os outros dois estreantes também não lembrarão com saudades do último domingo. A corrida de Nikita Mazepin, da Haas, durou apenas três curvas: o russo escapou da pista e estampou o muro. Mick Schumacher, também da Haas, cruzou a linha de chegada em 16º e último.
Foi a primeira vez em cinco anos que um piloto estreante pontuou na F-1. O último havia sido o belga Stoffel Vandoorne, em 2016, com a McLaren. No Japão, sua façanha foi ainda mais festejada: nunca um piloto do país havia pontuado no GP de estreia.
Satisfeito? Não exatamente. Nas entrevistas após a corrida, Tsunoda passou longe do entusiasmo. "Fiquei um pouco decepcionado. Perdi algumas posições na primeira volta por ser muito cuidadoso e tive que trabalhar duro para recuperá-las", disse.
Já o chefe da equipe, Franz Tost, estava em êxtase: "Acho que ele foi o piloto que mais fez ultrapassagens na corrida. Foi um trabalho fantástico."
O resultado no Bahrein ainda esfria as críticas que surgiram desde que o japonês foi apontado como piloto da AlphaTauri, em dezembro, substituindo o russo Daniil Kvyat. A principal delas, de que ele acumulou pouca experiência no automobilismo europeu.
Tsunoda é uma legítima cria da escola de pilotos da Honda, sediada em Suzuka. Correu de 2016 a 2018 no Japão e só há dois anos transferiu-se para a Europa, para correr de F-3, já integrando o programa de desenvolvimento da Red Bull.
Foi só o nono colocado no campeonato, mas mesmo assim ganhou a promoção para a F-2 em 2020. Explica-se: Helmut Marko, que cuida pessoalmente dessa escadinha para a F-1, não via outros talentos disponíveis e resolveu acelerar o progresso do japonês.
Tsunoda começou mal na F-2, mas logo ganhou ritmo e tornou-se um dos protagonistas. Venceu três etapas, somou 200 pontos e terminou o ano em terceiro lugar. Exatos dez dias após o fim do campeonato, foi anunciado como titular pela AlphaTauri.
Foi quando a F-1 começou a prestar mais atenção nele. E se encantou com seu carisma e bom humor.
Pra começar, Tsunoda é o mais baixinho de um esporte dominado por baixinhos. Tem 1,59m. E pesa 54 kg. E tem cara de moleque. Não demorou para virar meme na internet.
Escolado com as gracinhas, ele próprio resolveu entrar na brincadeira.
No lançamento do carro da AlphaTauri, em fevereiro, o perfil oficial da Fórmula 1 no Twitter postou uma foto dele no carro sob a frase: "Em 2021, @yukitsunoda07 vai...". Ele tomou a dianteira e respondeu: "Crescer".
Ainda na pré-temporada, voltou a zoar consigo mesmo num post da AlphaTauri no Instragram que promovia produtos da equipe. "Também tem tamanho extra-pequeno", escreveu.
Nas entrevistas em inglês ainda claudicante, Tsunoda mostra uma inocência que destoa com o padrão da F-1. E que cativa. No domingo, por exemplo, quase pediu desculpas por ter ultrapassado Alonso. "Fiquei emocionado quando o ultrapassei. Da última vez que o tinha visto eu tinha 7 ou 8 anos de idade. Senti por ele", disse.
Tsunoda tinha apenas 9 meses de idade quando Alonso estreou na F-1...
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