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André Ribeiro, 55, um grande cara
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André Ribeiro foi das melhores pessoas que conheci no automobilismo.
Tão bom piloto quanto discreto e enigmático. Tão gente boa quanto resolvido com a vida.
Começou tarde no automobilismo e viveu uma trajetória mágica, meteórica.
Foi correr na F-3 inglesa com 25 anos, estreou na Indy Lights com 28, chegou à Indy com 29, abandonou as corridas aos 32.
Venceu três provas na Indy, com o ponto alto, e inesquecível, na primeira corrida da categoria no Brasil, em Jacarepaguá. Em 1998 foi promovido para a Penske, disputou uma temporada por lá. No fim daquele ano, sem grandes resultados, anunciou que estava deixando as pistas.
Lembro com clareza do dia em que ele revelou a decisão de pendurar o capacete. Foi no "Café Journal", restaurante de Moema que então pertencia ao Reginaldo Leme. Todos ficaram surpresos.
Como assim, abandonar a carreira quando está no auge, correndo por uma das maiores equipes do automobilismo? Mas André estava calmo, sereno, determinado a seguir em frente na carreira de empresário, tocando uma rede de concessionárias.
Ficamos todos esses anos sem nos falar. Até que liguei pra ele na manhã do dia 16 de março. A ideia era convidá-lo para um live sobre Fórmula Indy, celebrando os 25 anos da sua vitória no Rio.
Foi um papo delicioso. André falou sobre as três filhas pequenas, riu da incredulidade delas ao ouvir suas histórias de quando acelerava feito um louco em superovais. "Parece que foi outra vida", disse.
Disse que parte dos carros de corrida dele estava na fazenda da família, no interior de São Paulo. Topou fazer a live no dia seguinte, e marcamos de uma hora dessas eu ir com meus filhos encontrá-lo, rever aqueles carros, conversar sobre os tempos de autódromo, tomar um café.
Ainda no mesmo dia, às 15h16, ele mandou uma mensagem cancelando a participação na live. "Estou indo acudir uma pessoa próxima", escreveu.
Em nenhum momento ele citou o câncer. E só agora entendo quem ele estava indo acudir.
Aos familiares do André, meu maior abraço, um grande beijo. Sintam-se orgulhosos. Vocês foram felizes de conviver tantos anos com um cara tão grande.
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