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Fábio Seixas

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Verstappen encerra "maldição" e é líder da F-1 pela 1ª vez

Verstappen, da Red Bull, que pela primeira vez na carreira venceu o GP de Mônaco - Gonzalo Fuentes/Reuters
Verstappen, da Red Bull, que pela primeira vez na carreira venceu o GP de Mônaco Imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters

Colunista do UOL

23/05/2021 11h44

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Qualquer criança que começa a acelerar numa pista de kart sonha em um dia liderar o Mundial de Pilotos da F-1.

É para poucos.

Max Emilian Verstappen, 23 anos, há 8 temporadas e 144 GPs na categoria finalmente chegou lá. E com direito a vitória em Mônaco, um dos mais importantes palcos do esporte a motor.

O holandês pôs fim a uma espécie de "maldição" pessoal e conquistou sua primeira vitória no principado. Até hoje, em sete tentativas, não havia nem sequer chegado ao pódio.

Hamilton, seu grande adversário no campeonato, foi apenas o sétimo. Com isso, pela primeira vez na carreira Verstappen lidera o Mundial de Pilotos: foi a 105 pontos contra 101 do inglês.

Sem ultrapassagens, uma verdadeira procissão, o GP de Mônaco foi o mais enfadonho da temporada, como de hábito. Mas produziu boas histórias.

Foi um desastre para a Mercedes e um dia de glória para a Red Bull _a equipe austríaca agora lidera o Mundial de Construtores.

Foi o GP de afirmação da Ferrari como rival da McLaren na luta para ser a terceira força no campeonato. Em seu quinto GP pela escuderia italiana, Sainz foi o segundo colocado, com Norris logo atrás.

E foi uma corrida que, a rigor, proclamou seu vencedor antes da largada.

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Leclerc deixa o carro da Ferrari antes da largada para o GP de Mônaco
Imagem: Reprodução/TV

Pole position, Leclerc nem mesmo largou. A caminho do grid, sua caixa de câmbio não aguentou os efeitos da batida da véspera. "Ah, não! Ah, não!", repetiu o ferrarista algumas vezes pelo rádio, completamente desolado, sentimento que invadiu o principado. Era a primeira pole de um piloto monegasco em casa.

A primazia de largar na ponta coube a Verstappen, seguido por Bottas, com Sainz e Norris logo atrás. Hamilton estava em sexto.

Na largada, o holandês praticamente colocou o carro de lado para impedir um eventual ataque do finlandês. Bottas até tracionou bem, mas se viu bloqueado ainda nos primeiros metros, não teve o que fazer e recolheu.

As primeiras voltas foram limpas, sem incidentes.

Na décima volta, Verstappen tinha 1s4 sobre Bottas, com Sainz a 1s do finlandês.

Fechando o top 10, Norris, Gasly, Hamilton, Vettel, Pérez, Giovanizzi e Ocon. Nenhuma mudança em relação à largada.

Mônaco sendo Mônaco: o GP virou uma procissão chata de ver.

As coisas só começaram a se mexer com a janela de pit stops.

Hamilton parou na 30ª volta e colocou os pneus duros. Na volta seguinte, Bottas entrou nos boxes, mas a Mercedes simplesmente não conseguiu tirar sua roda dianteira direita _que certamente empenou com algum toque no muro. O finlandês abandonou o GP.

Líder, Verstappen parou na 35ª, com uma estratégia semelhante à de Hamilton: colocou pneus duros.

Ao fim da janela de pits, o holandês se manteve na ponta, mas agora seguido por Sainz e Norris. Quem se deu muito bem foi Pérez, que estava em oitavo, parou na 36ª volta, colocou pneus duros e pulou para quarto.

No segundo trecho da prova, a maior emoção foi acompanhar a aproximação de Pérez para cima de Norris, na luta pelo terceiro lugar. Mas não teve jeito.

Adoro o cenário de Mônaco, é um lugar histórico e que, por isso mesmo, merece estar no calendário da F-1. Mas os carros da categoria se tornaram muito grandes e muito rápidos para suas ruas estreitas.

Ninguém passa ninguém.

hamilton gp - Valery HACHE / AFP - Valery HACHE / AFP
Hamilton, da Mercedes, apenas o 7º no GP
Imagem: Valery HACHE / AFP

Sem ter muito o que fazer, Hamilton ainda passou nos boxes na 68ª das 78 voltas, colocou pneus macios e foi tentar o ponto extra. Não demorou para bater o recorde da pista e conseguir o bônus que, sabe-se lá, pode fazer diferença no final do campeonato.

Verstappen cruzou a linha de chegada com 8s9 de vantagem para Sainz, que teve 10s4 para Norris. Fechando o top 10, Pérez, Vettel, Gasly, Hamilton, Stroll, Ocon e Giovinazzi.

O Mundial sai de Mônaco diferente de como chegou.

Ver a Red Bull na frente, nos dois campeonatos, não vai ser fácil para a heptacampeã Mercedes, hegemônica nos últimos anos e que começa também a viver uma situação interna conturbada, com a Daimler revelando que quer deixar a categoria em breve.

Verstappen sai com aquela satisfação de ver um sonho de criança ser realizado. Mas ele quer mais, sabemos disso.