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Política e montadora podem colocar Qatar na F-1
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Um intrincado jogo de forças e o desejo antigo da F-1 de atrair a Volkswagen podem resultar na estreia de um novo país no calendário da categoria ainda nesta temporada: o Qatar.
O autódromo de Losail, em Doha, que recebe a MotoGP desde 2004, tornou-se uma opção bem cotada para substituir o GP da Austrália. A prova de Melbourne seria em 21 de novembro e foi cancelada no começo deste mês por causa da pandemia.
Há muita política por trás dessa decisão.
O começo da história remete a 2015, quando os qataris e o grupo americano RSE Ventures se juntaram para concorrer ao controle comercial da F-1. A Liberty Media levou, e a velha suspeita de um arranjo nos bastidores ganhou força em abril, com o anúncio de que Miami receberá uma etapa do Mundial a partir do ano que vem.
A prova de Miami será promovida por Stephen Ross, dono do Miami Dolphins. Ele é o controlador da RSE. Retribuição parecida poderia ser dada agora ao Qatar, saldando a "dívida".
Mas há outro ponto muito forte a favor de Losail, um namoro antigo.
O QIA, fundo soberano do Qatar, é o segundo maior proprietário de ações da Volkswagen, com direto a 17% dos votos no conselho. Entre outras marcas, o grupo controla Audi e Porsche, que sentaram com a cúpula da F-1 e outras montadoras no fim de semana do GP da Áustria para discutir planos de entrar na categoria a partir de 2023.
Domenicali, hoje chefe da Liberty, conhece bem a política interna do grupo. Por quatro anos, o italiano comandou outra marca da Volks, a Lamborghini. Estava por lá em 2014, quando a Audi ensaiou entrar na F-1, plano que acabou barrado exatamente no conselho do grupo.
A promessa de uma etapa da F-1 a partir deste ano pode conquistar os qataris e ser o fiel da balança para que a Volkswagen enfim lance uma equipe na categoria. O assunto é caro a eles por questões geopolíticas: os vizinhos Bahrein, Abu Dhabi e Arábia Saudita já estão no calendário.
A marca escolhida deve ser a Audi, que está de saída da Fórmula E. Não por coincidência, a Porsche estreou na temporada passada no Mundial de monopostos elétricos.
Há, ainda, uma questão prática, de logística. A etapa em aberto é a antepenúltima etapa do Mundial, e as duas últimas corridas serão exatamente no Oriente Médio: Arábia Saudita, no dia 5 de dezembro, e Abu Dhabi, no dia 12. Concentrar as últimas provas numa mesma parte do mundo é tudo o que as equipes querem ao final da temporada mais longa da história.
Losail traz, por fim, o atrativo de poder realizar uma prova noturna, marca do circuito na MotoGP _recebeu a primeira prova noturna da categoria, em 2008. O traçado tem 5.380 m, reta de 1.068m, 16 curvas, possui licença 1 da FIA _a mais alta concedida pela entidade_ e já recebeu duas vezes etapas do WTCC, o Mundial de Turismo.
E para quem acha que rivalidade regional é um detalhe, uma historinha: quando a F-1 estava sob o comando de Ecclestone, o Bahrein tinha o direito informal de vetar outras corridas na sua região. Quando a Liberty assumiu a categoria, essa deferência caiu.
Os qataris não vão querer deixar essa oportunidade. E a Audi viria no pacote.
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