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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Teve de tudo no caos de Spa, até Verstappen na pole

A McLaren de Lando Norris após o forte acidente na classificação para o GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps - Reprodução/F1TV
A McLaren de Lando Norris após o forte acidente na classificação para o GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps Imagem: Reprodução/F1TV

Colunista do UOL

28/08/2021 12h00

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Difícil imaginar uma volta das férias mais agitada.

Teve chuva fraca. Teve chuva forte. Teve temporal. Teve acidente. Teve susto. Teve esperança. Teve tristeza. Teve indefinição até os últimos segundos.

E o retorno da F-1, após três semanas de pausa, teve uma pole position espetacular de Verstappen, conquistada num show de habilidade.

Na Bélgica, 12ª etapa do Mundial, o holandês largará na frente pela nona vez na carreira, pelo sexto GP no ano. Russell, outro que deu show, estará ao seu lado na primeira fila. A segunda fila terá Hamilton e Ricciardo. Fechando o top 10, Vettel, Gasly, Pérez, Bottas, Ocon e Norris.

maxspa1 - Red Bull - Red Bull
Max Verstappen na sessão classificatória em Spa
Imagem: Red Bull

O sábado em Spa foi molhado na pista e quente nos bastidores.

Em pleno terceiro treino livre, a FIA finalmente anunciou as aguardadas e inevitáveis mudanças no calendário da segunda etapa da temporada.

O Mundial perdeu uma etapa: foi de 23 para 22, já que não haverá substituição para Singapura. Os próximos três GPs, Holanda, Itália e Rússia, foram mantidos nas datas originais. Turquia, que seria em 3 de outubro, foi movida para o dia 10. A corrida dos EUA permanece em 24 de outubro, mas as etapas seguintes, México e Brasil, foram empurradas em uma semana. Há, ainda, uma data em aberto, 21 de novembro, que provavelmente será do Catar.

Assim, Interlagos segue na programação, mas mudou de 7 para 14 de novembro. Como haverá uma etapa no domingo seguinte, o fato de o Brasil seguir na "lista vermelha" para viajantes do Reino Unido não deve ser um problema: ao que tudo indica, o período de quarentena será cumprido na viagem para Doha _o Catar está fora da relação de países críticos.

Com muita água no asfalto, o início da sessão classificatória foi adiado em 12 minutos pela direção de prova.

Quando os boxes foram abertos, nossas expectativas foram cumpridas: pista mudando muito, posições alterando a todo instante, incerteza sobre uso dos pneus, definições apenas nas últimas voltas.

Já foi assim no Q1, com pilotos como Ocon, Alonso e Stroll se esgoelando para se salvar nos instantes finais. Os cortados foram Giovinazzi, Tsunoda, Schumacher, Raikkonen e Mazepin.

O destaque foi Norris, que encarou a pista molhada como um veterano, cravou todo mundo e ainda meteu 3s2 no companheiro, Ricciardo, um cara que já venceu corrida em Spa. São momentos assim, em palcos como o do GP da Bélgica, que mostram quem realmente é especial.

O tempo do inglês, 1min58s301, vantagem de 0s416 para Verstappen. Hamilton, Pérez e Russell vieram na sequência.

O Q2 teve menos água na pista, e todo mundo logo optou pelos pneus intermediários. Com a pista melhorando volta a volta, novamente a decisão só veio no fim.

Faltando dois minutos, as Mercedes estavam cortadas. Quando o cronômetro zerou, Hamilton estava em segundo, com Bottas em terceiro.

O mais veloz, novamente, foi Norris: 1min56s026, quase 2s3 melhor do que sua própria marca no Q1. Na McLaren, batia forte a esperança da primeira pole position em nove anos.

Avançaram, ainda, Gasly, Verstappen, Vettel, Pérez, Russell, Ricciardo e Ocon. Dançaram Leclerc, Latifi, Sainz, Alonso e Stroll.

Ficou feio para a Ferrari. Se faltava algo para convencer a equipe a estrear a evolução do motor em Monza, não falta mais.

Então veio o Q3. E veio a chuva forte. E veio a correria para tirar os intermediários e colocar os pneus para condições extremas.

Norris foi o primeiro a ir pra pista e, pelo rádio, reclamou de aquaplanagem. Instantes depois, perdeu o controle do McLaren em plena subida da Eau Rouge, bateu forte, deu adeus ao sonho da histórica pole e, provavelmente, terá de cumprir punição por trocar componentes para a corrida. A traseira do seu carro ficou esbagaçada.

norrisgp - Reprodução/F1TV - Reprodução/F1TV
Lando Norris sofre acidente forte na classificação para o GP da Bélgica
Imagem: Reprodução/F1TV

Mas houve algo bacana no episódio: Vettel parando o carro ao seu lado para checar se estava tudo ok. Pelo rádio, ele gritava: "O que eu falei? O que eu falei? Bandeira vermelha! Isso foi desnecessário!"

A direção de prova deveria ter esperado a chuva aliviar? Em entrevista à Mariana Becker, na Band, Alonso disse que não. Concordo com o espanhol. Para mim, a imprudência foi da McLaren em liberar seu piloto tão cedo.

A sessão foi interrompida para limpeza do circuito. Neste meio tempo, a chuva deu uma trégua, depois caiu um temporal, só faltou mesmo uma nevasca.

A classificação só foi retomada 42 minutos depois do acidente, com pouco menos de 9 minutos restando de bandeira verde. A maioria dos pilotos optou pelos pneus intermediários.

Na primeira série de voltas, Hamilton fez 2min01s552, 0s560 melhor do que Pérez, 0s973 à frente de Verstappen. Restava apenas uma chance para cada piloto. O inglês não melhorou. Foi quando Russell surgiu voando e tomou o primeiro tempo.

Uma pole inédita? Não desta vez. Verstappen colocou a faca nos dentes e cravou todo mundo, com 1min59s765.

Foi a pole de um piloto grande. De quem dá ombros para as adversidades em nome da velocidade pura.

"Estou super feliz. Spa é uma pista maravilhosa para correr, mas muito traiçoeira com chuva. Foi uma situação muito difícil. Foi complicado principalmente escolher o momento certo de fazer a volta", disse o holandês.

Líder do Mundial e terceiro colocado no grid, Hamilton assumiu um discurso positivo: "Parabéns pro Max e pro George. Se ficar assim amanhã, vai ser muito desafiador. Vamos aguardar para ver as condições da pista".

A meteorologia prevê 82% de chances de chuva para a hora da corrida.

A confusão está apenas começando...