Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Verstappen vence GP mais curto da história
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Não houve corrida. Mas o regulamento diz que sim.
O GP da Bélgica, 12ª etapa do Mundial de F-1, foi de um anticlímax histórico.
A região de Spa-Francorchamps foi atingida por uma chuva forte e intermitente neste domingo. Após sucessivos adiamentos, a direção de prova decidiu por um teatrinho: fez os 20 pilotos largarem atrás do safety car e, depois de quatro voltas, determinou bandeira vermelha.
Fim de prova, com metade dos pontos distribuídos para os pilotos. Foi o GP mais curto da história, superando o GP da Austrália de 1991, que teve 14 voltas.
Vitória (ou meia vitória) para Verstappen, seguido por Russell e Hamilton. Com o resultado, o inglês vai a 202,5 pontos, contra 199,5 do holandês. Sim, provavelmente vamos ter que nos acostumar com esses números quebrados até o fim do ano.
A bagunça deste domingo começou antes mesmo da largada: Pérez escorregou e bateu na Les Combes, a caminho do grid. Fico imaginando o bom humor de Marko ao ver a cena, dois dias após o anúncio da renovação de contrato do mexicano...
Com muita chuva às 15h locais, horário original da largada, o início da prova foi adiado quatro vezes: para 15h10, 15h15, 15h20 e 15h25, quando enfim veio a volta de apresentação.
Mas o cenário era crítico, como os pilotos fizeram questão de deixar claro.
"Está escorregando muito", logo disse Hamilton pelo rádio. "Mal posso ver o carro na minha frente. E está aquaplanando", relatou Norris. "Está impraticável", avisou Giovinazzi. "Não consigo ver absolutamente nada", reportou Russell.
É. Não tinha jeito. Bandeira vermelha, todos de volta para os boxes. E seguiu-se então uma longa espera, com muito disse-que-disse, muita polêmica sobre a possibilidade de Pérez participar da corrida, muita indefinição da direção de prova.
O único ponto que ficou claro é que, mesmo numa categoria tão antiga e de nível tão elevado como a F-1, o regulamento ainda é cheio de vácuos e brechas para interpretações.
Com a suspensão consertada, Pérez foi liberado a correr, saindo do pit lane. Às 17h locais, 12h no Brasil, o cronômetro da prova foi fixado em uma hora _a direção usou o "motivo de força maior" previsto no Código Esportivo Internacional da FIA para encurtar a corrida. Permanecia, porém, a incerteza sobre a retomada da prova.
Foram sucessivos adiamentos até que, às 13h07 de Brasília, a direção de prova anunciou a largada para dali a 10 minutos. Correria nos boxes, pilotos calçando as luvas, mecânicos tentando acertar tudo de novo outra vez.
Eis que finalmente, três horas e 17 minutos depois do horário original, a prova foi retomada, com os carros deixando o pit lane atrás do safey car.
A pista ainda estava bastante molhada, mas em condições de receber corrida. E, a cada passagem do pelotão de carros, a situação ia melhorando. Mas, após quatro voltas, veio nova indicação de bandeira vermelha.
Ficou clara a intenção da direção de prova. O artigo 3.2.4 do Regulamento Esportivo estipula que metade dos pontos devem ser distribuídos se "o líder completa mais de duas voltas ou menos de 75% da distância original".
Às 13h44 de Brasília, enfim, veio a confirmação de que não haveria um GP propriamente dito.
Foi um domingo de F-1 sem luzes apagadas, sem ultrapassagens, sem bandeirada.
Segurança é fundamental, isso é indiscutível. Mas tenho a impressão de que daria para fazer corrida naquela última tentativa. Daria, ao menos, para insistir mais.
O pódio foi das coisas mais sem graça que já vi nesses anos todos acompanhando a categoria. A exceção foi Russell, feliz da vida com seu primeiro pódio.
"Não é assim que eu gostaria de ter vencido. Acho que daria para ter largado mais cedo. O crédito vai para os fãs, que ficaram aqui o dia todo", disse Verstappen, que agora soma 16 vitórias na carreira e 6 nesta temporada.
A volta das férias da F-1 terá de esperar mais uma semana. Por mais que o regulamento diga o contrário, a prova de hoje não valeu.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.