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Em casa, Verstappen vive sua apoteose
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Desde que começou a correr de kart, aos 4 anos, Verstappen nunca viveu um dia como este. E talvez nunca tenha imaginado tanta coisa boa acontecendo ao mesmo tempo.
Foi um dia de sonhos para o holandês.
Correndo em casa pela primeira vez, conquistou a 17ª vitória da carreira, a sétima no ano.
Em casa, superou o heptacampeão Hamilton e reassumiu a liderança do Mundial de F-1.
Em casa, subiu no carro, cerrou os punhos, se enrolou na bandeira holandesa, gritou, vibrou. Viveu sua apoteose diante de 70 mil torcedores vestindo laranja.
Em casa, viu o Mundial retomar o rumo que havia construído antes dos problemas nas últimas corridas. Passou a fazer jus, novamente, à condição de favorito ao título.
Cruzou a linha de chegada com 20s9 de vantagem sobre Hamilton, o segundo. Bottas foi o terceiro. Com o resultado, Verstappen tem agora 224,5 pontos no Mundial, contra 221,5 do inglês.
"Minhas expectativas eram muito altas para este fim de semana, mas nunca é fácil alcançar o objetivo. É um dia maravilhoso", disse o holandês, ao sair do carro. " A largada foi muito boa, a Mercedes tentou dificultar nossa vida, mas o trabalho foi muito bom."
"Eles estavam muito rápidos para nós neste final de semana", admitiu um conformado Hamilton.
Antes do agito na pista, a torcida promoveu um espetáculo nas arquibancadas de Zandvoort. Holandeses cantaram, dançaram, beberam, fizeram mosaico, soltaram fumaça... Uma festa linda para a volta da F-1 ao país após 36 anos.
Mas foi uma corrida morna.
Na largada, Verstappen correspondeu a todo esse apoio. Deu uma clássica estilingada. Não deu a menor chance para Hamilton e já chegou à primeira curva, a Tarzan, com uma vantagem confortável. Com pista limpa à frente, passou a aumentar sua folga volta após volta.
Na terceira volta, já tinha 2s3 sobre o inglês. Na quinta, 2s5. Na sexta, 2s7.
Bottas e Gasly, na segunda fila, mantiveram suas posições, assim como as duas Ferrari logo atrás. Um começo de prova comportado, como a categoria não assistia fazia algum tempo.
Sem condições de alcançar o rival na pista, Hamilton e a Mercedes logo começaram a falar sobre estratégia. "Neste ritmo vai ser difícil conservar os pneus", disse o inglês pelo rádio.
A Red Bull, atenta, respondeu. "Hamilton provavelmente vai para duas paradas", informou o engenheiro Gianpiero Lambiase para o holandês.
Apesar da preocupação de Hamilton, sua Mercedes começou a andar em ritmo melhor pela 15ª volta. Na 16ª, seu tempo ficou apenas 1 milésimo de segundo aquém da marca do holandês. Mas o estrago já estava feito: Verstappen tinha 3s5 de folga lá na frente.
Na 21ª, sem outra saída, Hamilton foi para os pits. A Red Bull não quis arriscar nada e chamou Verstappen para os boxes na volta seguinte. Ambos colocaram pneus médios e voltaram atrás de Bottas, que ainda não tinha parado.
Ou seja, a Mercedes mudou a estratégia de Hamilton para duas paradas, e a Red Bull respondeu fazendo o mesmo com seu primeiro piloto. Puro jogo de marcação.
A seu favor, a equipe alemã tinha um segundo piloto para ajudar. E manteve Bottas na pista mesmo com os pneus macios no bagaço, com a única missão de segurar Verstappen, de atormentar a vida do holandês, de ajudar Hamilton a se aproximar.
E Hamilton foi chegando...
Na 29ª volta, os três primeiros colocados formaram um trenzinho. Na 30ª, Verstappen não quis nem saber e passou o finlandês no fim da reta. Hamilton, claro, passou logo depois. Na volta seguinte, Bottas foi para o pit.
A estratégia da Mercedes deu algum resultado. Novamente líder, Verstappen viu sua folga para Hamilton cair para 1s6. Passou a trabalhar, então, para reconstruir a vantagem original.
Na 39ª, Hamilton fez sua segunda parada nos boxes e colocou um novo jogo de pneus médios. Na volta seguinte, adivinhem? Verstappen parou, mas desta vez colocou duros.
"Por que vocês colocaram esses pneus", perguntou o holandês pelo rádio. "A Ferrari está com um ritmo razoável com os duros", respondeu o engenheiro. Mas foi mais do que isso: ele não tinha nenhum jogo de médios à disposição.
Diferentemente da primeira janela de pits, Verstappen voltou à pista na liderança, sem ninguém para bloqueá-lo. A corrida ficou sob controle.
Na 45ª volta, sua folga para Hamilton era de 2s3. "Blefamos muito cedo. Não tivemos nenhuma vantagem", disse o inglês, com um quê de indignação.
Mas não, não ficou fácil para Verstappen. Nunca é fácil quando o segundo colocado é Hamilton. O inglês não desistiu, seguiu acelerando forte, e a diferença entre os dois chegou a cair para 1s1.
Mas o dia era de Verstappen. O holandês reagiu, fazendo uso de pneus mais consistentes na fase final do GP. Hamilton, por outro lado, perdeu ritmo. A cinco voltas do final, 4s1 separavam os duelistas.
No final da prova, a Mercedes chegou a chamar Hamilton para um pit stop para que, com pneus novos, ele assegurasse a volta mais rápida. Deu certo.
São 3 pontos de vantagem. Mas, mais do que números, Verstappen tem agora a moral da vitória em casa e a certeza de um equipamento impecável.
Em situações normais, sabe que pode viver no fim do ano uma apoteose ainda maior do que a deste domingo.
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